Zequinha Marinho

político brasileiro

José da Cruz Marinho, também conhecido como Zequinha Marinho (Araguacema, Tocantins, 18 de setembro de 1959), é um pedagogo, técnico em contabilidade e político brasileiro, filiado ao Podemos (PODE). É atualmente senador da República pelo Pará,[1] estado do qual foi vice-governador entre 2015 e 2019.

Zequinha Marinho
Zequinha Marinho
Foto oficial do Senador Zequinha Marinho
Senador pelo Pará
Período 1º de fevereiro de 2019
até a atualidade
16º Vice-governador do Pará
Período 1º de janeiro de 2015
a 1º de janeiro de 2019
Governador Simão Jatene
Antecessor(a) Helenilson Pontes
Sucessor(a) Lúcio Vale
Deputado Federal pelo Pará
Período 1º de janeiro de 2003
até 31 de dezembro de 2014
Deputado Estadual do Pará
Período 1º de janeiro de 1997
até 1º de janeiro de 2003
Dados pessoais
Nascimento 18 de setembro de 1959 (64 anos)
Araguacema, TO
Alma mater Universidade do Estado do Pará
Cônjuge Júlia Marinho
Partido PDT (1992-2003)
PTB (2003)
PSC (2003-2005)
PMDB (2005)
PSC (2006)
PMDB (2006-2009)
PSC (2009-2021)
PL (2021-2023)
PODE (2023-presente)
Religião Evangélico (Assembleia de Deus)
Profissão pedagogo, técnico em Contabilidade e político

Biografia editar

Nascido no interior de Araguacema, filho de Eduardo Marinho e Carolina Marinho. Se casou com a pedagoga e política Júlia Godinho Marinho, e iniciou sua carreira no município de Conceição do Araguaia, onde trabalhou como comerciário, técnico em contabilidade, servidor público municipal e funcionário do Banco da Amazônia. É formado em Pedagogia pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), Bacharel em Teologia pela Faculdade João Calvino (DF), técnico em contabilidade e pós-graduando em Administração Pública na Faculdade Internacional (PR). Também é Evangelista da Assembleia de Deus, pertencendo à Convenção de Ministros e Igrejas Assembleia de Deus do Estado do Pará – COMIEADEPA.[2][3][4]

Trajetória e Atuação Política editar

Deputado Estadual editar

Iniciou sua vida política em 1994 se candidatando ao cargo de Deputado Estadual pelo PDT, partido que estava filiado desde 1992, recebendo 7.965 votos. Na suplência, posteriormente foi efetivado ao cargo parlamentar em 1997. Em 1998, se reelege ao cargo com 16.060 votos.[3][4]

Deputado Federal editar

Em 2002, Marinho se candidatou ao cargo de Deputado Federal, se elegendo com 76.177 votos[5], alcançando a 10ª colocação entre os demais concorrentes. Ao longo de seu primeiro mandato em Brasília, fez parte de diversos partidos políticos: ao assumir o mandato em 2003, ingressou no PTB, sendo que no mesmo ano, foi para o PSC, onde permaneceu até 2005, quando se filiou ao PMDB; no mesmo ano, chegou a ficar por certo período sem filiação até retornar ao PSC, onde disputou a reeleição em 2006, se elegendo com 91.577 votos[6], como o 12º mais votado do estado. Após o pleito, retirou-se novamente do PSC, e retornou ao PMDB, onde permaneceu até 2009, quando retornou ao seu partido anterior, estando filiado até hoje. Em 2010, foi novamente candidato à Câmara Federal, sendo eleito pela terceira vez consecutiva com 147.615 votos[7], o 7º mais votado.[3][8]

Governo do Estado como Vice editar

Em 2014, se candidatou ao cargo de vice-governador do Pará na chapa do então governador e postulante a reeleição Simão Jatene do PSDB, sendo eleito no segundo turno. Tornou-se o primeiro vice-governador da Região Sul do Estado.[4] Sua esposa foi eleita deputada federal na mesma eleição.

Senado editar

É membro da bancada evangélica.[9][10] Foi eleito em 2018 para o Senado Federal.[1]

Em 2021 deixa o PSC e se filia ao PL, onde saiu candidato ao governo do Pará em 2022, em uma coligação encabeçada pelo seu antigo partido, o PSC, e o Patriota, intitulada União do Bem Pelo Pará, sendo um dos candidatos ligados ao Presidente da República e candidato a reeleição, Jair Bolsonaro (PL). Fechou em 2º lugar com 1.201.079 votos, equivalente a 27,13% dos votos válidos, sendo derrotado pelo seu ex-aliado, Helder Barbalho (MDB), num pleito decidido no primeiro turno.[11]

Controvérsias editar

Escândalo dos sanguessugas editar

Em maio de 2006, uma matéria publicada pela Folha de S. Paulo destacou que Zequinha Marinho foi apontado pela ex-assessora do Ministério da Saúde, Maria da Penha Lino, como um dos deputados federais envolvidos no episódio que ficou conhecido como "Escândalo dos sanguessugas", esquema de desvio de dinheiro público destinado à compra de ambulâncias superfaturadas.[12] Seu nome não constava, no entanto, nas listas posteriormente divulgadas de parlamentares sob investigação.[13]

Deputado da 'caixinha' editar

Em 2011, uma reportagem do portal Congresso em Foco apurou a demissão de um assessor do então deputado Zequinha Marinho e denunciou um suposto esquema de cobrança de 5% sobre os ganhos de funcionários dos gabinetes parlamentares, cujos recursos seriam destinados ao Partido Social Cristão (PSC).[13] Além de apresentar documentos que comprovavam a prática, o site afirmou que o pagamento era compulsório, sendo o funcionário filiado ou não à legenda.[14] Uma semana após a divulgação da matéria, Zequinha Marinho admitiu a existência da prática conhecida como 'caixinha' e afirmou que a cobrança foi uma decisão da Executiva do PSC no Pará, que também determinou a demissão de quem não aceitasse a resolução.[15] Em 2012, a Procuradoria da República do Distrito Federal abriu inquérito civil para avaliar “possível afronta ao princípio da moralidade administrativa” e, em 2013, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu inquérito para investigar Zequinha Marinho pelos crimes de peculato e concussão, além de determinar a oitiva de 23 servidores e ex-servidores do então deputado pela Polícia Federal.[16] Em 2016, já vice-governador do Pará, Zequinha Marinho virou réu na Justiça com a abertura de ação penal pela 2ª Seção do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região após denúncia do Ministério Público Federal (MPF), que pediu a perda do mandato do político e a sua condenação.[17]

Pedido de cassação por caixa 2 editar

Em janeiro de 2021, o Ministério Público (MP) pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a cassação do mandato do senador Zequinha Marinho por irregularidades na captação de recursos e gastos na campanha de 2018.[18] ​O MP acusou Marinho de não declarar despesas com a realização de comícios, montagem e iluminação de palco, sonorização, produção de jingle, filmagem e fotografia de eventos, utilização de carros e trio elétrico. Além disso, o MP também pediu a cassação do diploma de Júlia Marinho, esposa de Zequinha, que é suplente na Câmara dos Deputados, acusada de desvirtuar o uso de ao menos R$ 2,3 milhões da cota de gênero do fundo eleitoral para a campanha do marido, segundo a Procuradoria Eleitoral do Pará.[19]

Esquema de extração de madeira ilegal editar

Em abril de 2021, em entrevista à Rádio CBN, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusou o senador Zequinha Marinho de ter pedido a liberação de mais de 226 mil metros cúbicos de madeira em tora apreendidos pela Polícia Federal,[20] durante a Operação Handroanthus GLO, na divisa dos estados do Pará e do Amazonas.[21][22] Em resposta à acusação, a assessoria de imprensa de Zequinha Marinho confirmou a reunião com Salles sobre a apreensão de madeira e afirmou em nota que "o senador buscou as autoridades federais como forma de entender o ocorrido na Amazônia" e que o político considera que "a apreensão foi feita de forma arbitrária, desarrazoada e inapropriada, não seguindo o rito estabelecido em um processo legal".[23]

Referências

  1. a b «Senador Zequinha Marinho - Senado Federal». www25.senado.leg.br. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  2. «Biografia de Zequinha Marinho». Governo do Pará. Consultado em 18 de junho de 2016. Arquivado do original em 9 de agosto de 2016 
  3. a b c «Biografia do Deputado Zequinha Marinho». Câmara dos Deputados. Consultado em 18 de junho de 2016 
  4. a b c «Perfil». Zequinha Marinho. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  5. «UOL Eleições 2002». eleicoes.uol.com.br. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  6. «Folha Online - Especial - 2006 - Eleições - Apuração - Pará - Deputado Federal». eleicoes.folha.uol.com.br. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  7. «Apuração de votos e candidatos eleitos (1º turno) - UOL Eleições 2010». placar.eleicoes.uol.com.br. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  8. «Biografia do(a) Deputado(a) Federal ZEQUINHA MARINHO». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  9. «Folha Online - Brasil - Bancada evangélica no Congresso encolhe, aponta Diap - 11/10/2006». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  10. «A dívida milionária das igrejas evangélicas com a Receita Federal». VEJA. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  11. «Helder Barbalho é reeleito governador do Pará». GZH. 3 de outubro de 2022. Consultado em 5 de outubro de 2022 
  12. «Metade dos sanguessugas trocou de legenda». Congresso em Foco. 2006. Consultado em 8 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2021 
  13. a b «Verbete - MARINHO, Zequinha». FGV. 2014. Consultado em 8 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2021 
  14. «Funcionários do PSC são obrigados a pagar 'caixinha'». O Globo. 2011. Consultado em 8 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2021 
  15. «Zequinha Marinho dá sua versão sobre caixinha». Congresso em Foco. 2011. Consultado em 8 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2021 
  16. «STF abre inquérito contra deputado da 'caixinha'». Congresso em Foco. 2013. Consultado em 8 de setembro de 2021 
  17. «Cobrança de 'caixinha' transforma vice-governador em réu». Correio Braziliense. 2016. Consultado em 8 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2021 
  18. «MP Eleitoral pede cassação de responsáveis pelo desvio de R$ 2,3 milhões da cota de gênero em campanha no Pará». MPF/PA. 2021. Consultado em 8 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2021 
  19. «MP pede ao TSE para cassar mandato do senador Zequinha Marinho por caixa 2». O Antagonista. 2021. Consultado em 8 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2021 
  20. «Salles diz que deputados e senadores pediram para liberar madeira ilegal». Gazeta do Povo. 2021. Consultado em 8 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2021 
  21. «Ricardo Salles, o 'ministro do Desmatamento'». O Antagonista. 2021. Consultado em 8 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2021 
  22. «Com Salles, governo assinou em um ano 721 medidas que impactam o meio ambiente». Carta Capital. 2021. Consultado em 8 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2021 
  23. «Parlamentares citados confirmam reunião com Salles sobre apreensão de madeira». O Antagonista. 2021. Consultado em 8 de setembro de 2021. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2021 

Ligações externas editar