Estação Cardoso de Moraes (Viúva Garcia)

Estação Cardoso de Moraes (Viúva Garcia) é uma estação do sistema BRT (Bus Rapid Transit) Transcarioca, da Cidade do Rio de Janeiro.

Estação BRT Cardoso de Moraes (Viuva Garcia) em Ramos

A Estação editar

Cardoso de Morais
(Viuva Garcia)
Administração BRT Rio
Linha   BRT TransCarioca
Serviços Integração   Linha Saracuruna
Informações históricas
Inauguração 4 de outubro de 2014 (9 anos) [1]
Localização
 
 
Cardoso de Morais (Viúva Garcia)
Localização da estação Cardoso de Morais (Viúva Garcia)
22.857486° S 43.257851° O
Próxima estação
Sentido Alvorada
Sentido Galeão
Estação Cardoso de Moraes (Viúva Garcia)
Ficheiro:Estação Cardoso Morais (Viúva Garcia) - BRT Transcarioca.jpg
Estação Cardoso Morais (Viúva Garcia) - BRT Transcarioca

Construída em 2014 na esquina da Rua Cardoso de Morais e Travessa Viuva Garcia no bairro de Ramos para atender ao BRT Transcarioca, foi batizada com os nomes das ruas com que se conecta. Foi uma das ultimas do sistema a serem inauguradas,[2] pois o trecho em Ramos foi o ultimo da obra a ser concluído.

Não prevista no projeto original, sua construção foi resultado de uma complexa história envolvendo o trajeto e seus impactos.

História da Estação editar

Projeto Original do Transcarioca editar

Concebido originalmente como Corredor T5,[3] as Estações entre a Penha e o Aeroporto do Galeão não eram previstas originalmente, dentre as quais as que ficariam em Olaria, Ramos, Maré e Fundão. O motivo da extensão do Corredor T5 até o Aeroporto do Galeão, cruzando os bairros da Zona da Leopoldina, foi divulgado como a necessidade de ligação do mesmo à um transporte de massa da Cidade do Rio de Janeiro que estava sendo criado: o BRT Transcarioca.

1ª versão editar

Sem licenciamento ambiental prévio, o não previsto lote denominado 2 (Penha - Aeroporto do Galeão na Ilha do Governador) passou a ser tratado como subprojeto do corredor Transcarioca.[4] Minimamente o desenho do projeto do lote teve que ser definido para assegurar a emissão e aprovação de um Relatório Ambiental Simplificado em conformidade a  Lei Estadual n° 1.356, de 3 de outubro de 1988, e sem contar com o mesmo prazo para estudos do lote 1 (Barra da Tijuca - Penha) que começou a ser planejado na década de 80 do século passado,[5] este desenho do projeto foi elaborado rapidamente.

Em sua primeira proposta, a opção foi pelo trajeto praticamente em linha reta, com um viaduto próximo a Estação de trens Olaria e seguiria pela Estrada Engenho da Pedra até um viaduto que seria construído sobre a Av. Brasil em direção ao Aeroporto do Galeão, desapropriando cerca de 600 imóveis predominantemente residenciais, o que gerou uma onda de protestos dos moradores de Olaria [6] e uma decisão do INEA,[7][8][9] que acabou resultando na alteração do trajeto e um novo desenho.

2ª versão editar

O novo trajeto previa outras desapropriações, já que em opção a Estrada Engenho da Pedra, utilizaria-se a Rua Vassalo Caruso, Rua Uranos, ligada através de um viaduto com a Rua Emilio Zaluar e Av. dos Campeões até uma nova proposta de viaduto sobre a Av. Brasil, em direção ao Aeroporto do Galeão. Este novo trajeto atingiria com demolições uma área comercial do bairro de Ramos,  que além de ter imóveis tombados e uma tradicional instituição de ensino da região, o Colégio Pio XI , impactaria em pelo menos 1000 empregos diretos no bairro.[10] Uma outra onda de protestos foi gerada para que o trajeto voltasse a ser pela Estrada do Engenho da Pedra.

3ª versão editar

O projeto final que criou esta Estação do BRT foi definido considerando a paralelização ao Ramal Saracuruna da Supervia através da Rua Vassalo Caruso,[11] com um viaduto batizado como Renatinho Partideiro sobre a Estação de trens de Ramos e inevitáveis desapropriações [12] nas ruas que batizam a Estação, feita em uma curva na descida do viaduto para conexão posterior a Rua Emilio Zaluar, Av dos Campeões até o viaduto na Av. Brasil. Desta vez, com o prazo da Copa do Mundo 2014 eminente,[13][14] a divulgação do traçado definitivo não foi clara até a efetiva construção.

Resultados editar

Com dois projetos rejeitados pela população, o terceiro trajeto acabou criando esta estação desconexa a estrutura da Supervia, mesmo com um pleito feito pela população de conexão entre os modais.[15]

Como este projeto final também não foi previamente analisado, seus impactos[16][17] acabaram se tornando um caso de estudo para a ONG ITDP Brasil, que identificou a necessidade de várias correções e melhorias do entorno da estação. [18]

Outra consequência que ganhou destaque na mídia sobre esta Estação foi a perda de área pública de lazer no local onde foi colocada a estação,[19] em consonância ao que a obra fez em todo o trajeto no bairro de Ramos,[20] o que contradisse o Relatório Ambiental Simplificado do Trecho 2 do BRT Transcarioca, onde a Secretaria Municipal de Obras afirma que no bairro de implantação desta Estação o número de praças e parques era insuficientes para a população local.[21]

Através de denúncia, tanto o Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro quanto o ex-Secretario Municipal de Obras da gestão Eduardo Paes foram implicados em escândalos[22][23] envolvendo a construção do Lote 2 deste corredor de ônibus. O Lote 2 foi exatamente este que ganhou várias versões que não zelaram pelo disposto no Relatório Ambiental e na Lei Orgânica Do Município.


Referências

  1. «A partir do próximo sábado, BRT TransCarioca passa a operar com todas as estações». O Globo.com. 30 de setembro de 2014. Consultado em 5 de outubro de 2014 
  2. «No 1º dia útil, estações novas do BRT Transcarioca têm pouco movimento». 6 de outubro de 2014. Consultado em 14 de julho de 2016 
  3. «Portal da Transparência - Copa 2014». www.portaltransparencia.gov.br. Consultado em 24 de junho de 2016 
  4. [1] TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 015.235/2011-4 16 ACÓRDÃO Nº 575/2013 – TCU – Plenário
  5. «Paes inicia trabalhos para ônibus articulados entre Barra e Penha». Consultado em 24 de junho de 2016 
  6. «Prefeitura altera rota da Transcarioca». Consultado em 24 de junho de 2016 
  7. «Mudanças em traçados de BRTs reduzem número de desapropriações». Consultado em 24 de junho de 2016 
  8. «Menos 400 imóveis removidos para construção de Transcarioca - O Dia». Consultado em 24 de junho de 2016 
  9. «Inea pede à prefeitura mudanças no traçado da Transcarioca». 5 de outubro de 2011. Consultado em 24 de junho de 2016 
  10. «'Não deixe o nosso bairro morrer', apelam moradores de Ramos». Consultado em 24 de junho de 2016 
  11. «Moradores reclamam de obras inacabadas em passarelas no Rio - Rio de Janeiro - R7 Balanço Geral RJ». noticias.r7.com. Consultado em 19 de setembro de 2016 
  12. «Decreto nº. 36930 de 21 de março de 2013». www.ademi.org.br. Consultado em 24 de junho de 2016 
  13. «Transcarioca atrasa e só será entregue às vésperas da Copa - Rio - O Dia». Consultado em 24 de junho de 2016 
  14. «Prefeitura abre BRT em cima do laço - O Dia 24 Horas - O Dia». Consultado em 24 de junho de 2016 
  15. «Estação da Transcarioca em Ramos coligada a Estação da super via». Consultado em 24 de junho de 2016 
  16. «Entorno da Transcarioca tem falhas urbanísticas e gambiarras». Consultado em 9 de setembro de 2016 
  17. «SBT Rio». SBT - Sistema Brasileiro de Televisão. Consultado em 19 de setembro de 2016 
  18. «Ruas completas ao longo do Transcarioca: oficina de desenho e segurança viária». itdpbrasil.org.br. Consultado em 24 de junho de 2016 
  19. «Moradores de Ramos, na Zona Norte do Rio, ficam sem área de lazer após obras do BRT». Consultado em 24 de junho de 2016 
  20. «Com praças inutilizadas, moradores de Ramos ficam sem opções de lazer». Consultado em 24 de junho de 2016 
  21. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (2011). RAS TRANSCARIOCA Etapa 2. Rio de Janeiro: Pois é Editora 
  22. «Obra investigada na Operação Rio 40 graus custou R$ 700 milhões a mais que previsto». G1 
  23. Dia, O (3 de agosto de 2017). «Ex-secretário de obras recebia propina perto de canteiro de obras, diz MPF». O Dia - Rio De Janeiro