Estação Ferroviária de Belém

estação ferroviária em Lisboa, Portugal

A estação ferroviária de Belém (nome anteriormente grafado como "Belem") é uma estação da Linha de Cascais, que serve a freguesia de Santa Maria de Belém, no concelho de Lisboa, em Portugal. É utilizada pela rede de comboios suburbanos de Lisboa.

Belém
Estação Ferroviária de Belém
pormenor do dístico da plataforma, em 2018
Identificação: 69054 BEL (Belém)[1]
Denominação: Apeadeiro de Belém
Administração: Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3]
Classificação: A (apeadeiro)[1]
Tipologia: B [3]
Linha(s): Linha de Cascais (PK 4+861)
Altitude: 9 m (a.n.m)
Coordenadas: 38°41′46.13″N × 9°11′52.93″W

(=+38.69615;−9.19804)

Mapa

(mais mapas: 38° 41′ 46,13″ N, 9° 11′ 52,93″ O; IGeoE)
Concelho: border link=LisboaLisboa
Serviços:
Estação anterior Comboios de Portugal Comboios de Portugal Estação seguinte
Algés
Oeiras
Cascais
  C   Alcânt-Mar
Cais Sodré

Coroa: Coroa L Navegante
Conexões:
Ligação a elétricos
Ligação a elétricos
15E
Ligação a autocarros
Ligação a autocarros
201 714 727 728 729 751 1714 1715 1718 1999 3701
Ligação a barcos
Ligação a barcos
~T~
Serviço de táxis
Serviço de táxis
LSB
Equipamentos: Parque de estacionamento Sala de espera Bilheteira e/ou máquina de venda de bilhetes
Inauguração: [quando?]
Website:
 Nota: Não confundir com a Estação Belém, na cidade de São Paulo, no Brasil, nem com a estação terminal da Estrada de Ferro de Bragança, em Belém do Pará, Brasil.
Vista da passagem superior para a plataforma, em 2017.

Descrição editar

Localização e acessos editar

Esta interface situa-se na Avenida da Índia, em Lisboa, a curta distância do terminal fluvial homónimo.[4]

Infraestrutura editar

Como apeadeiro numa linha de via dupla, esta interface apresenta-se nas duas vias de circulação[5] (I e II) cada uma acessível por plataforma — uma de 260 m de comprimento e a outra com 203 m, e ambas com 110 cm de altura.[3] Situa-se junto a esta estação a substação de tração de Belém, de serviço simples e contratada à C.P., que contribui aqui para a eletrificação da Linha de Cascais.[3]

 
Estação de Belém, em 2012.

Serviços editar

Em dados de 2023, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo urbano no serviço “Linha de Cascaistipicamente com 69 circulações diárias em cada sentido entre Cais do Sodré e Cascais ou Oeiras; passam sem paragem nesta interface 33 circulações do mesmo tipo, entre Cais do Sodré e Cascais.[6]

 
Estação de Belém, em 2012.

História editar

 Ver artigo principal: Linha de Cascais § História

Antecedentes e planeamento editar

Em 1854, o conde Claranges Lucotte assinou um contrato para uma linha férrea entre Lisboa e Sintra, que deveria começar nas proximidades do Forte de São Paulo e seguir pela marginal até Belém, indo depois para Sintra.[7] O contrato incluía desde logo a construção dos aterros e dos muros de cais entre São Paulo e Belém.[7] No entanto, este projecto foi abandonado, e a ideia de construir um caminho de ferro ao longo da orla costeira só ressurgiu em 1870, quando o engenheiro M. A. Thomé de Gamond propôs a construção de um grande porto marítimo em Lisboa, e de uma linha até Colares, que deveria passar por Belém.[7] Este projecto também não avançou, mas reapareceu em 1874 no âmbito do Plano Geral das Obras, que também preconizava a instalação de uma via férrea entre o Beato e a Torre de Belém.[7] Em 16 de Março de 1883, foi nomeada uma comissão para estudar o Plano, que incluía a linha férrea e duas estações principais em Lisboa.[7] Posteriormente, o projecto foi modificado, formando a génese para uma linha até Cascais, que seguia ao longo da marginal.[7] Entretanto, em 29 de Agosto de 1871, o Duque de Saldanha foi autorizado a construir uma linha no sistema Larmanjat, de Belém a Cascais,[8] projecto que não chegou a ser concretizado.[9]

Um alvará de 9 de Abril de 1887 autorizou a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses a construir uma rede ferroviária ligando Lisboa a Torres Vedras, Sintra e Cascais, esta última passando desde logo por Belém.[10]

Inauguração e primeiros anos editar

Em 30 de Setembro de 1889, foi inaugurado o primeiro lanço da Linha de Cascais, de Pedrouços a Cascais, e em 6 de Dezembro de 1890 entrou ao serviço o troço entre Pedrouços e Alcântara-Mar, pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses.[11] Em Junho de 1896, estava a ser instalada a via definitiva neste troço, que passaria a ser em linha dupla, e estava em construção uma estação nova para Belém, que ficaria noutro local, mas com o mesmo alinhamento em relação à praça.[12] A via férrea foi duplicada entre Pedrouços e Belém em 25 de Junho de 1896, e em 28 de Julho desse ano entre Belém e Alcântara-Terra.[10][13] Nesse ano, também estava prevista a instalação de iluminação por bicos de incandescência em várias estações da Linha de Cascais, incluindo a de Belém.[14]

Século XX editar

 Ver artigo principal: História da Linha de Cascais

Em 1918, a exploração da Linha de Cascais foi subarrendada à Sociedade Estoril, com a condição de instalar a tracção eléctrica na linha.[15] O contrato de arrendamento terminaria em 1976.[16]

 
Estação de Belém, junto à Central Tejo.

Em 1932, a Sociedade Estoril inaugurou um novo edifício de passageiros, para substituir um barracão temporário que tinha sido construído para esse fim,[17] e, no ano seguinte, foi construído um abrigo.[18] Em 1934, foi realizado o calcetamento das plataformas.[19]

Em 16 de Dezembro de 1939, foram concluídos os trabalhos de deslocação para Norte do traçado da Linha de Cascais entre Belém e Bom Sucesso, de forma a permitir a construção da estrada marginal entre Lisboa e Cascais.[20] O novo troço entre Belém e o Bom Sucesso entrou ao serviço em 24 de Dezembro.[21] Previa-se então que o tramo seguinte a ser modificado seria o de Belém a Alcântara Mar.[20] O programa de alteração da Linha de Cascais foi definitivamente concluído em 1940, e incluiu a construção de uma nova gare ferroviária em Belém.[22]

CP-USGL + CP-Reg + Soflusa + Fertagus
 
             
 
(n) Azambuja 
               
 Praias do Sado-A (u)
(n) Espadanal da Azambuja 
               
 Praça do Quebedo (u)
(n) Vila Nova da Rainha 
             
 Setúbal (u)
**(n) Carregado 
     
 
 
     
 Palmela (u)
(n) Castanheira do Ribatejo 
             
 Venda do Alcaide (u)
(n) Vila Franca de Xira 
       
 
 
 Pinhal Novo (u)(a)
(n) Alhandra 
             
 Penteado (a)
(n) Alverca   Moita (a)
(n) Póvoa   Alhos Vedros (a)
(n) Santa Iria   Baixa da Banheira (a)
(n) Bobadela   Lavradio (a)
(n) Sacavém   Barreiro-A (a)
(n) Moscavide   Barreiro (a)
(n) Oriente   (Soflusa)
(n)(z) Braço de Prata 
         
 
 
 Terreiro do Paço (a)
 
 
 
 
 
 
 
 
 Penalva (u)
(n)(ẍ) Santa Apolónia 
 
 
 
 
 
       
 Coina (u)
(z) Marvila 
 
         
 Fogueteiro (u)
(z) Roma-Areeiro 
           
 Foros de Amora (u)
(z) Entrecampos 
           
 Corroios (u)
(z)(7) Sete Rios 
           
 Pragal (u)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Campolide (z)(s)(u)*
(s) Benfica   Rossio (s)
(s) Santa Cruz-Damaia   Cais do Sodré (c)
(s) Reboleira   Santos (c)
(z) Alcântara-Terra 
 
 
 
 
   
 Alcântara-Mar (c)
(s) Amadora   Belém (c)
(s) Queluz-Belas   Algés (c)
(s) Monte Abraão   Cruz Quebrada (c)
(s) Massamá-Barcarena   Caxias (c)
(s)(o) Agualva-Cacém   Paço de Arcos (c)
 
 
 
         
 Santo Amaro (c)
(o) Mira Sintra-Meleças   Rio de Mouro (s)
(s) Mercês   Oeiras (c)
(s) Algueirão - Mem Martins   Carcavelos (c)
(s) Portela de Sintra   Parede (c)
(s) Sintra   São Pedro Estoril (c)
(o) Sabugo 
           
 São João Estoril (c)
(o) Pedra Furada 
           
 Estoril (c)
(o) Mafra 
           
 Monte Estoril (c)
(o) Malveira 
           
 Cascais (c)
**(o) Jerumelo 
 
 
     
 

2019-2021 []

Linhas: a L.ª Alentejoc L.ª Cascaiss L.ª Sintra C.ª X.
n L.ª Norteo L.ª Oestez L.ª Cinturau L.ª Sul7 C.ª 7 R.
(*) vd. Campolide-A   (**)   continua além z. tarif. Lisboa

(***) Na Linha do Norte (n): há diariamente dois comboios regionais nocturnos que param excepcionalmente em todas as estações e apeadeiros.
Fonte: Página oficial, 2020.06

Em Janeiro de 1977, expirou o contracto com a Sociedade Estoril, pelo que a Linha de Cascais voltou a ser explorada pela empresa Caminhos de Ferro Portugueses.[23]

Na década de 1990, o Gabinete do Nó Ferroviário de Lisboa iniciou um projecto para a expansão e modernização da rede suburbana da capital, incluindo a Linha de Cascais, onde deveriam ser construídas novas subestações de tracção eléctrica, uma delas em Belém.[24]

Ver também editar

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
  3. a b c Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
  4. «Cálculo de distância pedonal (38,69623; −9,19746 → 38,69504; −9,19857)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 23 de novembro de 2023 : 366 m: desnível acumulado de +4−4 m
  5. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  6. Comboios Urbanos : Lisboa : Cais do Sodré ⇄ Cascais («horário em vigor desde 2 de maio 2023»). Esta informação refere-se aos dias úteis.
  7. a b c d e f MARTINS et al, 1996:29-31
  8. MARTINS et al, 1996:245
  9. COLAÇO et al, 1999:21
  10. a b SOUSA, José Fernando de (1 de Julho de 1941). «A Sociedade Estoril» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 53 (1285). p. 323-324. Consultado em 29 de Dezembro de 2023 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  11. TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1682). p. 61-64. Consultado em 4 de Julho de 2015 
  12. «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 48 (1163). 1 de Junho de 1936. p. 313. Consultado em 5 de Julho de 2015 
  13. «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 48 (1163). 1 de Junho de 1936. p. 313. Consultado em 5 de Julho de 2015 
  14. NONO, Carlos (1 de Julho de 1950). «Efemérides ferroviárias» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 63 (1501). p. 186-187. Consultado em 5 de Julho de 2015 
  15. REIS et al, 2006:63
  16. REIS et al, 2006:117
  17. «O que se fez nos Caminhos de Ferro em Portugal no Ano de 1932» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1081). 1 de Janeiro de 1933. p. 10-14. Consultado em 8 de Junho de 2012 
  18. «O que se fez nos Caminhos de Ferro em Portugal no Ano de 1933» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1106). 16 de Janeiro de 1934. p. 49-52. Consultado em 8 de Junho de 2012 
  19. «O que se fez nos caminhos de ferro em Portugal, em 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1129). 1 de Janeiro de 1935. p. 27-29. Consultado em 1 de Fevereiro de 2013 
  20. a b SABEL (16 de Dezembro de 1939). «Ecos & Comentários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1248). p. 544. Consultado em 5 de Julho de 2015 
  21. «Imprensa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 52 (1250). 16 de Janeiro de 1940. p. 55. Consultado em 5 de Julho de 2015 
  22. «O que se fez em Caminhos de Ferro no ano de 1940» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 53 (1274). 16 de Janeiro de 1941. p. 83. Consultado em 29 de Dezembro de 2023 
  23. MARTINS et al, 1996:64
  24. MARTINS et al, 1996:218

Bibliografia editar

  • COLAÇO, Branca; ARCHER, Maria (1999). Memórias da Linha de Cascais. Cascais: Câmaras Municipais de Cascais e Oeiras. 370 páginas. ISBN 972-637-066-3 
  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel de; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
 
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Ligações externas editar

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