Estação Ferroviária de Braço de Prata
A Estação Ferroviária de Braço de Prata situa-se na parte nordeste da cidade de Lisboa, Portugal, integrando as linhas de Cintura e Norte da IP, e servida pela CP Urbanos de Lisboa (“linhas” da Azambuja e Sintra).
Braço de Prata | |||||||||||||||||||
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Identificação:[1] | 31005 BPR (Braço Prata) | ||||||||||||||||||
Denominação: | Estação Satélite de Braço de Prata | ||||||||||||||||||
Classificação: | ES (estação satélite)[2] | ||||||||||||||||||
Coordenadas: | |||||||||||||||||||
38° 44′ 47,95″ N, 9° 06′ 10,95″ O | |||||||||||||||||||
Concelho: | ![]() | ||||||||||||||||||
Linha(s): |
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Coroa: | ![]() ![]() | ||||||||||||||||||
Serviços: | |||||||||||||||||||
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Conexões: | 718 755 782 | ||||||||||||||||||
Equipamentos: | ![]() ![]() ![]() | ||||||||||||||||||
Website: |
DescriçãoEditar
Localização e acessosEditar
A estação situa-se junto à Rua Fernando Maurício, pela qual se faz a sua entrada principal.
Vias e plataformasEditar
Em janeiro de 2011, possuía quatro vias de circulação.
HistóriaEditar
Século XIXEditar
Esta interface insere-se no troço entre Lisboa e o Carregado da Linha do Norte, que foi inaugurado em 28 de Outubro de 1856, pela Companhia Central Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal.[3]
Durante a construção das oficinas dos caminhos de ferro em Santa Apolónia, foram empregados como operários os habitantes de várias povoações ao longo do Tejo, e durante algum tempo tornou-se habitual a deslocação diária de dezenas de pessoas desde as suas habitações até às estações, onde apanhavam os primeiros comboios até Braço de Prata e depois o "comboio operário" até Santa Apolónia, fazendo depois o percurso inverso no final do dia.[4]
Em 16 de Fevereiro de 1891, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que a linha de concordância entre Braço de Prata e Chelas (hoje considerada como o troço final da Linha de Cintura) estava quase concluída,[5] tendo sido inaugurada em 5 de Setembro de 1891, pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses.[6]
Século XXEditar
Em 16 de Agosto de 1902, a Gazeta dos Caminhos de Ferro reportou que já tinha entrado em funcionamento um sistema de sinalização baseado nos discos eléctricos Barbosa em várias estações nacionais, incluindo Braço de Prata.[7]
Em 30 de Janeiro de 1908, José Relvas tomou um comboio em Braço de Prata quando estava a ser perseguido pela polícia, tendo seguido escondido a bordo até Santarém de onde fugiu para Alpiarça.[8]
Em 1 de Novembro de 1916, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que a estação de Braço de Prata já tinha sido equipada com um sistema de iluminação eléctrica.[9] Em 1 de Julho de 1926, a Gazeta referiu que já tinha sido aberto o concurso para a electrificação entre Braço de Prata e o Rossio; esta obra, cuja duração se previa em 4 ou 5 anos, visava reduzir o incómodo proveniente da passagem de locomotivas a vapor pelo Túnel do Rossio.[10] No mesmo número, também informou que a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses tinha deixado de fazer a recepção de remessas de peixe em grande velocidade em Santa Apolónia, de forma a descongestionar aquela estação, tendo esse serviço passado a ser feito em Alcântara-Terra.[11] Como os apeadeiros ao longo da Linha de Cintura não aceitavam expedições ordinárias, o peixe para ser expedido a partir dessa zona devia passar a ser apresentado na estação de Braço de Prata.[11] A estação do Braço de Prata deveria continuar o seu serviço normal de recepção de remessas de peixe em grande velocidade, mas que podiam ser expedidos apenas para as estações e apeadeiros no lanço entre Olivais e Entroncamento.[11]
Em 16 de Novembro de 1927, a Gazeta noticiou que um novo sistema de sinalização, que tinha sido recentemente instalado na estação de Braço de Prata, iria ser aplicado pela C. P. noutras estações de grande movimento.[12]
Em 1939, a C. P. fez grandes obras de reparação no caminho de acesso à estação de Braço de Prata.[13]
Por ocasião do Exposição do Mundo Português, em 1940, a C. P. criou vários comboios especiais desde Sacavém até Belém, que também serviam Braço de Prata.[14] Em 16 de Setembro daquele ano, a Gazeta relatou que a C. P. estava a preparar a criação de corpos de bombeiros em várias estações, incluindo Braço de Prata.[15]
Na Década de 1950, a C. P. iniciou um programa de modernização da Linha do Norte e das redes suburbanas de Lisboa e do Porto, que englobava a electrificação e duplicação de via, e a instalação de novos equipamentos de sinalização.[16] Em 1 de Maio de 1952, a Gazeta informou que estava a ser estudada a electrificação da Linha do Norte entre Santa Apolónia e o Entroncamento.[17] Este lanço fazia parte da primeira fase do programa de modernização, em conjunto com a totalidade da Linha de Cintura e a concordância de Xabregas.[16] Em 1 de Fevereiro de 1955, a Gazeta dos Caminhos de Ferro relatou que já se tinham iniciado as obras de duplicação entre Santa Apolónia e Braço de Prata, prevendo-se que estariam concluídas dentro de algumas semanas.[18]
Em 1955, as estações de Vila Nova de Gaia e Braço de Prata eram as que tinham mais ramais particulares, contando cada uma com oito ramais.[19] Um diploma do Ministério das Comunicações, emitido em 28 de Dezembro desse ano e publicado no Diário do Governo n.º 3, II Série, de 4 de Janeiro de 1956, aprovou o projecto da C. P. para a ampliação e modificação da estação de Braço de Prata, o que incluiu a expropriação de duas parcelas de terreno no lado esquerdo da Linha do Norte, entre os pontos quilométricos 4,075 e 4,374.[20]
Em 28 de Outubro de 1956, foi inaugurada a tracção eléctrica no lanço entre Santa Apolónia e o Carregado.[21] Para a cerimónia, foi organizado um comboio especial de Santa Apolónia ao Carregado, e um desfile de material circulante entre as duas estações.[21]
Referências literáriasEditar
No Guia de Portugal de 1924, é descrita a estação de Braço de Prata e a paisagem em redor:
- 11 km. Braço de Prata (D.), entr. da linha de Santa Apolónia. À dir. da linha as fábricas e armazéns deste bairro industrial da cid.— PROENÇA, Raúl e DIONÍSIO, Santana, Guia de Portugal, p. 588
Ver tambémEditar
- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ Instrução de exploração técnica nº 2 : Índice dos textos regulamentares em vigor. IMTT, 2012.11.06
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 20 de Julho de 2015
- ↑ LOURENÇO, 1995:49
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1225). 1 de Janeiro de 1939. p. 43-48. Consultado em 20 de Julho de 2015
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682). p. 61-64. Consultado em 20 de Julho de 2015
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (352). 16 de Agosto de 1902. p. 251. Consultado em 31 de Maio de 2010
- ↑ CUSTÓDIO e MATA, 2010:80
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1231). 1 de Abril de 1939. p. 202-204. Consultado em 20 de Julho de 2015
- ↑ «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (925). 1 de Julho de 1926. p. 208. Consultado em 31 de Maio de 2010
- ↑ a b c «Viagens e Transportes» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (925). 1 de Julho de 1926. p. 206. Consultado em 31 de Maio de 2010
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1235). 1 de Junho de 1939. p. 281-284. Consultado em 20 de Julho de 2015
- ↑ «O que se fez em Caminhos de Ferro em 1938-39» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 52 (1266). 16 de Setembro de 1940. p. 638-639. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ «Horário dos combóios especiais para a Exposição» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 52 (1266). 16 de Setembro de 1940. p. 623. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ «Vida Ferroviária» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 52 (1266). 16 de Setembro de 1940. p. 644. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ a b «Electrificação de algumas linhas da rede da C. P.» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 67 (1610). 16 de Janeiro de 1955. p. 427-428. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ «Electrificação da via férrea em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 65 (1545). 1 de Maio de 1952. p. 84. Consultado em 20 de Julho de 2015
- ↑ «O tráfego de longo curso vai passar a fazer-se, dentro de algumas semanas, da estação de Santa Apolónia» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 67 (1611). 1 de Fevereiro de 1955. p. 442. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ VALENTE, Rogério Torroais (1 de Outubro de 1955). «Os ramais particulares da rede ferroviária portuguesa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 68 (1627). p. 341-344. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 68 (1636). 16 de Fevereiro de 1956. p. 111. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018
- ↑ a b REIS et al, p. 125
BibliografiaEditar
- CUSTÓDIO, Jorge; MATA, Luís (2010). Santarém: Roteiros Republicanos. Col: Roteiros Republicanos. Matosinhos: Quidnovi, Edição e Conteúdos, S. A. e Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. 128 páginas. ISBN 978-989-554-734-0
- LOURENÇO, António Dias (1995). Vila Franca de Xira: Um concelho do país. Vila Franca de Xira: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. 284 páginas
- PROENÇA, Raúl; DIONÍSIO, Santana (1991) [1924]. Guia de Portugal: Generalidades, Lisboa e arredores. Col: Guia de Portugal. Volume 1 de 5 3.ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 696 páginas. ISBN 972-31-0544-6
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Ligações externasEditar
- «Página com fotografias da Estação de Braço de Prata, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Págins sobre a Estação de Braço de Prata, no sítio electrónico da operadora Comboios de Portugal»
- «Página sobre a Estação de Braço de Prata, no sítio electrónico da empresa Refer»
- «Página sobre a Estação de Braço de Prata, no sítio electrónico Wikimapia»
- Estação Ferroviária de Braço de Prata na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural