Estação Ferroviária de Ovar

estação ferroviária em Portugal

A Estação Ferroviária de Ovar é uma interface da Linha do Norte, que serve o concelho de Ovar, no Distrito de Aveiro, em Portugal.

Ovar
Estação Ferroviária de Ovar
a estação de Ovar, em 2023
Identificação: 38299 OVA (Ovar)[1]
Denominação: Estação de Ovar
Administração: Infraestruturas de Portugal (norte)[2]
Classificação: E (estação)[1]
Tipologia: B [2]
Linha(s): Linha do Norte (PK 300+776)
Altitude: 17 m (a.n.m)
Coordenadas: 40°51′50.52″N × 8°37′0.06″W

(=+40.86403;−8.61668)

Mapa

(mais mapas: 40° 51′ 50,52″ N, 8° 37′ 00,06″ O; IGeoE)
Concelho: border link=OvarOvar
Serviços:
Estação anterior Comboios de Portugal Comboios de Portugal Estação seguinte
Aveiro
Lis-Apolónia
  IC   Espinho
P-Campanhã
Guimarães
Braga
Valença
Estarreja
Figueira Foz
  IR   Espinho
Valença
Avanca
Coimbra
Lis-Apolónia
  R   Esmoriz
P-Campanhã
Estarreja
Entroncam.to
    Espinho
P-Campanhã
Terminal   AV   Carv-Maceda
P-São Bento
Válega
Aveiro
    Carv-Maceda
P-Campanhã
P-São Bento
    Cortegaça
P-São Bento
Avanca
Aveiro
    Esmoriz
P-Campanhã

Conexões:
Ligação a autocarros
Ligação a autocarros
DVO[3]
Serviço de táxis
Serviço de táxis
OVR
Equipamentos: Bilheteiras e/ou máquinas de venda de bilhetes Informações - Gabinete de Apoio ao Cliente Sala de espera Telefones públicos Lavabos adaptados Lavabos Acesso para pessoas de mobilidade reduzida Parque de estacionamento
Endereço: Largo Serpa Pinto, s/n
PT-3880-137 Ovar
Inauguração: 8 de julho de 1863 (há 160 anos)
Website:
Um dos painéis de azulejo da estação de Ovar (década de 1980, substituindo os anteriores).

Descrição editar

 
Aspeto das plataformas, em 2014.

Localização e acessos editar

A estação está situada junto ao Largo Serpa Pinto, no quadrante nordeste da cidade de Ovar, distando menos de um quilómetro do centro da localidade (tribunal).[4]

Infraestrutura editar

O edifício de passageiros situa-se do lado nascente da via (lado esquedo do sentido ascendente, para Campanhã).[5][6] Esta interface apresenta três vias de circulação, identificadas de I a III, com 467, 353, e 262 m de extensão, respetivamente, e acessíveis por plataformas de 290 e 220 m de comprimento e com altura mormente de 90 cm, havento um segmento de 70 m com altura de 35 cm na plataforma da via I; existem ainda quatro vias secundárias, identificadas como IV, V, VIII, e X, com comprimentos de 150 a 180 m; todas estas vias estão eletrificadas em toda a sua extensão.[2] Parte desta configuração, centrada ao PK 300+78, é gerida pela I.P. na tipologia «Linhas de Carga/Desc. DPF» (n.º 83).[2]

 
Comboio na estação de Ovar, em 2008.

No local desta interface há um limiar de tipologia ferroviária no que respeita aos «patamares de velocidade mais elevados» (sic), que é de 120-160 km/h no troço Ovar-Campanhã e 160-220 km/h no troço Pampilhosa-Ovar.[2]

Serviços editar

A estação de Ovar é utilizada por serviços Intercidades, Regionais, InterRegionais e Urbanos da operadora Comboios de Portugal.[7]

História editar

 Ver artigo principal: História da Linha do Norte
 
A estação de Ovar em gravura de 1864.

Século XIX editar

A Estação encontra-se no troço entre Vila Nova de Gaia e Estarreja da Linha do Norte, que foi inaugurado pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses em 8 de Julho de 1863.[8] A estação foi uma das abrangidas pelos serviços mistos que foram criados após a inauguração do troço entre Estarreja e Taveiro, em 10 de Abril de 1864.[9]

Em 1888, a estação de Ovar estava ligada à Praia do Furadouro por um serviço de diligências, cuja viagem durava cerca de uma hora.[10]

O jornal Povo de Ovar de 19 de Abril de 1891 relatou que quando o Regimento de Caçadores 5 passou por Ovar, no regresso do Porto, foi festivamente recebido na estação por um grupo de simpatizantes de republicanos e pela população.[11] Um dos fundadores do Partido Republicano em Ovar foi António Gaioso de Penha Garcia, subdirector das oficinas dos Caminhos de Ferro; com efeito, em Ovar, os únicos proletários do partido eram os funcionários das oficinas.[12]

 
Comboio de mercadorias a passar pela Estação de Ovar, em 2008.

Século XX editar

Em 1903, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses ordenou que fossem instalados, nesta estação, novos semáforos, do sistema Nunes Barbosa.[13]

Em 6 de Outubro de 1910, realizou-se um cortejo em Ovar, para celebrar a Implantação da República; o cortejo saiu da estação de Ovar, para homenagear os operários republicanos das oficinas.[14] Estes operários estiveram sempre intimamente ligados a todas as acções de dinamização do Partido Republicano de Ovar, tendo constituído uma das influências mais dinâmicas e eficazes junto das massas populares.[15] Durante as incursões da Monarquia do Norte, os ferroviários de Ovar fizeram, em 21 e 22 de Janeiro de 1919, o levantamento e abatimento de pontões, para retardar o avanço das tropas monárquicas.[15] Também participaram directamente nos combates, devendo-se a António Gaioso de Penha Garcia, e a cerca de 400 operários das oficinas de Ovar, o facto dos revoltosos não terem avançado muito além do Rio Vouga; com efeito, a sua resistência deu tempo a que o povo, exército e marinha republicanos se concentrassem e se entrincheirassem nos arredores da cidade de Aveiro, considerando-se a actuação dos ferroviários de Ovar como o principal ponto de viragem no conflito.[15]

Em 1933, as oficinas da estação foram ampliadas pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[16] Em 1934, foi ampliada a oficina de obras metálicas[17][18], tendo as modificações continuado no ano seguinte.[19] Estas obras inseriram-se num programa de desenvolvimento do complexo oficinal de Ovar, levado a cabo nesta década, e que tinha como objectivo melhorar a economia nos processos que aí se realizavam; este projecto contemplou, igualmente, a construção de duas oficinas, uma para elementos metálicos como porcas, parafusos e rebites, e outra para instalações eléctricas.[17]

Segundo o Directório da Rede 2012, publicado pela Rede Ferroviária Nacional em 6 de Janeiro de 2011, a estação ferroviária de Ovar possuía três vias de circulação, com 880, 610 e 310 m de comprimento; as plataformas apresentavam 332 e 286 m de extensão e 70 cm de altura,[20] configuração assaz reduzida em comparação com a de décadas anteriores[21] e mais tarde[quando?] alterada para os valores atuais.[2] Ovar é um dos interfaces da Linha do Norte a equipar com vias de resguardo para estacionamento / ultrapassagem no âmbito da iniciativa Ferrovia 2020.[22]

Movimento de mercadorias editar

Esta estação recebeu cal de Oliveira do Bairro.[23]

CP Urbanos do Porto

(Serv. ferr. suburb. de passageiros no Grande Porto)
Serviços:   Aveiro  Braga
  Marco de Canaveses  Guimarães


(b) Ferreiros 
     
 Braga (b)
(b) Mazagão 
     
 Guimarães (g)
(b) Aveleda 
     
 Covas (g)
(b) Tadim 
     
 Nespereira (g)
(b) Ruilhe 
     
 Vizela
(b) Arentim 
     
 Pereirinhas (g)
(b) Cou.Cambeses 
     
 Cuca (g)
(m)(b) Nine 
     
 Lordelo (g)
(m) Louro 
     
 Giesteira (g)
(m) Mouquim 
     
 Vila das Aves (g)
(m) Famalicão 
     
 Caniços (g)
(m) Barrimau 
         
 Santo Tirso (g)
(m) Esmeriz 
 
 
 
   
 Cabeda (d)
(m)(g) Lousado   Suzão (d)
(m) Trofa   Valongo (d)
(m) Portela   S. Mart. Campo (d)
(m) São Romão   Terronhas (d)
(m) São Frutuoso   Trancoso (d)
(m) Leandro   Rec.-Sobreira (d)
(m) Travagem   Parada (d)
(m)(d) Ermesinde   Cête (d)
(m) Palmilheira 
 
 
 
     
 Irivo (d)
(m) Águas Santas 
 
 
 
     
 Oleiros (d)
(m) Rio Tinto   Paredes (d)
(m) Contumil   Penafiel (d)
(d)(n) P.-Campanhã   Bustelo (d)
 
       
 
 
 Meinedo (d)
(m) P.-São Bento 
     
 
       
 
(n) General Torres 
     
 
 
 Caíde (d)
(n) Gaia 
 
 
     
 Oliveira (d)
(n) Coimbrões 
         
 Vila Meã (d)
(n) Madalena 
         
 Recesinhos (d)
(n) Valadares 
         
 Livração (d)
(n) Francelos 
         
 M.Canaveses (d)
(n) Miramar 
         
 Aveiro (d)
(n) Aguda 
         
 Cacia (d)
(n) Granja 
         
 Canelas (n)
(n) Espinho 
         
 Salreu (n)
(n) Silvalde 
         
 Estarreja (n)
(n) Paramos 
         
 Avanca (n)
(n) Esmoriz 
         
 Válega (n)
(n) Cortegaça 
         
 Ovar (n)
 
         
 Carv.-Maceda (n)

Referências literárias editar

O enredo principal do romance A Capital, escrito em 1877 por Eça de Queirós, inicia-se na estação de Ovar:

A estação de Ovar, no caminho-de-ferro do Norte, estava muito silenciosa, pelas seis horas da tarde, antes da chegada do comboio do Porto. A uma extremidade da plataforma, um rapaz magro »« examinava o céu. »« Na estação, havia apenas um passageiro esperando o comboio. »« Ao lado sentadas sobre uma arca nova de pinho, estavam duas mulheres, uma velha e uma rapariga grossa e sardenta. »« O chefe da estação, gordo, com o queixo amarrado num lenço de seda preta, o boné de galão sujo posto muito ao lado, apareceu à porta da sala de bagagens, de charuto nos dentes. »« Mas um silvo penetrante de locomotiva cortou o ar calado e imediatamente o comboio apareceu, deslizando sobre os rails, dardejando ao alto jactos direitos de fumo branco.
— Eça de Queirós, A Capital, p. 5-8

Ver também editar

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. a b c d e Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
  3. Dolce Vita ⇆ Ovar
  4. «Cálculo de distância pedonal (40,86389; −8,61699 → 40,85955; −8,62440)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 20 de novembro de 2023 : 870 m: desnível acumulado de +15−18 m
  5. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  6. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  7. «Estação de Ovar». Comboios de Portugal. Consultado em 24 de Novembro de 2014 
  8. TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 14 de Abril de 2014 
  9. «Escada Rolante: Há 104 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 81 (1931). 16 de Novembro de 1968. p. 152. Consultado em 14 de Abril de 2014 
  10. «Guia annunciador do viajante luso-brasileiro: indicador official dos caminhos de ferro e da navegação». Biblioteca Nacional Digital. Ano 10 (37). Lisboa: Empreza do Guia Annunciador. 1888. p. 70. Consultado em 25 de Setembro de 2018 
  11. SARDO e BRANDÃO, 2010:90
  12. SARDO e BRANDÃO, 2010:91
  13. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (363). 1 de Fevereiro de 1903. p. 43-44. Consultado em 14 de Abril de 2014 
  14. SARDO e BRANDÃO, 2010: 97
  15. a b c SARDO e BRANDÃO, 2010:99
  16. «O que se fez nos Caminhos de Ferro em Portugal no Ano de 1933» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1106). 16 de Janeiro de 1934. p. 49-52. Consultado em 14 de Abril de 2014 
  17. a b CORRÊA, António de Vasconcelos (16 de Fevereiro de 1939). «A vida da C. P. desde o convénio de 1894» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1228). p. 126-131. Consultado em 14 de Abril de 2014 
  18. «O que se fez nos Caminhos de Ferro Portugueses, durante o ano de 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1130). 16 de Janeiro de 1935. p. 50-51. Consultado em 14 de Abril de 2014 
  19. «Os Nossos Caminhos de Ferro em 1935» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 48 (1154). 16 de Janeiro de 1936. p. 52-55. Consultado em 14 de Abril de 2014 
  20. «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85 
  21. Sinalização da estação de Ovar” (diagrama anexo à I.T. n.º 28), 1969
  22. 1ª Adenda do Diretório da Rede 2020 | Anexo 3.8: p.101.138
  23. MOTA, 2002:309
 
A estação de Ovar, em 2012.

Bibliografia editar

  • MOTA, Armor (2002). Oliveira do Bairro: Alma e Memória. Oliveira do Bairro: Câmara Municipal. 372 páginas 
  • QUEIRÓS, Eça de (1993) [1925]. A Capital. Col: Romances completos de Eça de Queirós. [S.l.]: Círculo de Leitores. 396 páginas. ISBN 972-42-0673-4 
  • SARDO, Flávio; BRANDÃO, António (2010). Aveiro: Roteiros Republicanos 1.ª ed. Matosinhos: Quidnovi, Edição e Conteúdos, Lda., e Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. 126 páginas. ISBN 978-989-554-719-7 
 
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Ligações externas editar

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