Estação Ferroviária de Sacavém

estação ferroviária em Sacavém, Portugal

A estação ferroviária de Sacavém (nome anteriormente grafado como "Sacavem")[4] é uma estação ferroviária da Linha do Norte, estando dividida entre a freguesia de Sacavém e Prior Velho (município de Loures) e a freguesia de Parque das Nações (município de Lisboa), Portugal. Situada perto da foz do rio Trancão, é utilizada pelos serviços de passageiros da CP Urbanos de Lisboa da Linha da Azambuja e da Linha de Sintra.

Sacavém
Estação Ferroviária de Sacavém
aspeto da gare em 2008, mostrando a integração do edifício antigo
Identificação: 31062 SAC (Sacavém)[1]
Denominação: Apeadeiro de Sacavém
Administração: Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3]
Classificação: A (apeadeiro)[1]
Tipologia: C [3]
Linha(s):
Altitude: 9 m (a.n.m)
Coordenadas: 38°47′44.41″N × 9°5′58.86″W

(=+38.79567;−9.09968)

Mapa

(mais mapas: 38° 47′ 44,41″ N, 9° 05′ 58,86″ O; IGeoE)
Concelho:
Serviços:
Estação anterior Comboios de Portugal Comboios de Portugal Estação seguinte
Moscavide
Lis-Apolónia
  R   Bobadela
Entroncam.to
P-Campanhã
Moscavide
Sintra
  S   Bobadela
Alverca
Moscavide
Lis-Apolónia
  AZ   Bobadela
Azambuja
Moscavide
Alcântara-T.
   
    Bobadela
Cast.Ribat.

Coroa: Coroa 1 Navegante
Conexões:
Ligação a autocarros
Ligação a autocarros
708 2025 2031 2032 2539 2726 2727 2731 2734
Equipamentos: Bilheteiras ou máquina de venda de bilhetes Elevadores Parque de estacionamento Acesso para pessoas de mobilidade reduzida
Inauguração: 28 de outubro de 1856 (há 167 anos)
Website:

Descrição editar

 
Plataforma do lado poente, em 2008, com vedação protegendo secção menos elevada, fronteira ao edifício original.

Localização e acessos editar

Esta estação está situada na margem sul (direita) da foz do rio Trancão, no extremo oriental da malha urbana de Sacavém, a leste do Monte Sintra e da antiga fábrica de louça, distando menos de um quilómetro do centro da localidade (Largo 5 de Outubro), tendo acesso, desde 1998,[5] pela Rua Domingos José de Morais junto ao local onde nesta entronca a Rua Roald Amundsen,[6] anteriormente designada Rua da Estação.[7]

Infraestrutura editar

O edifício de passageiros situa-se do lado poente da via (lado esquerdo do sentido ascendente, para Campanhã).[8][9] A construção, inicialmente em estilo neomanuelino, foi depois[quando?] reconstruída em materiais mais modernos.[carece de fontes?] O painel de azulejos azul e branco, que identifica a estação ainda com a grafia oitocentista ("Sacavem"), é dos elementos mais antigos da estação, e que subsiste desde os tempos originais.[carece de fontes?] Em dados de 2007, o edifício de passageiros, com sala de espera e bilheteira, encontra-se encerrado e sem outro uso.[5]

Como apeadeiro de uma linha em via quádrupla, esta interface apresenta-se nas quatro vias de circulação (I, II, III, e IV) cada uma acessível por plataforma — todas com de 220 m de comprimento e 90 cm de altura.[3]

Serviços editar

Em dados de 2023, esta estação é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo urbano dos serviços chamados “Linha de Sintra” e “Linha da Azambuja”, que circulam entre Santa Apolónia, Alcântara-Terra, ou Sintra e Azambuja, Castanheira do Ribatejo, ou Alverca, com 75 circulações diárias em cada sentido aos dias úteis e 19 aos fins de semana.[10]

História editar

 Ver artigo principal: História da Linha do Norte
 
Anúncio de 1874 , onde a estação surge com o nome original, Sacavem.

O troço entre Lisboa e o Carregado da Linha do Norte, do qual esta estação se encontra, foi inaugurado no dia 28 de Outubro de 1856.[11] O comboio inaugural passou por aqui sem incidentes, na direcção do Carregado, mas, na viagem em sentido contrário, realizada no dia seguinte, uma das duas locomotivas teve uma avaria a chegar a Sacavém.[12] Assim, algumas das carruagens tiveram de ser deixadas ao longo do caminho, incluindo nesta estação, uma vez que a locomotiva restante não possuía potência suficiente para rebocar sozinha a composição inteira.[12] Esta locomotiva continuou, então, com parte do comboio até Lisboa, regressando posteriormente para recolher as carruagens que tinham ficado imobilizadas.[13][12]

Nos horários de 1857, a estação de Sacavém fazia serviço de passageiros e bagagens, nas três classes.[14]

No orçamento da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses para 1902, estava prevista a instalação de uma via transversal em Sacavém;[15] esta foi construída[quando?] antes de 1937.[7]

 
Antigo edifício da estação de Sacavém, em 2007.

Em 16 de Janeiro de 1914, tropas de artilharia prenderam vários grevistas que estavam a retirar os carris na zona de Sacavém, durante uma grande greve dos trabalhadores da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[16] Três dias depois, a greve voltou a reacender-se, tendo sido descarrilado um comboio entre Sacavém e Santa Iria.[17]

Em 1929, a Companhia dos Caminhos de Ferro tinha preparado um grande plano de investimentos, que incluía o desenvolvimento e electrificação da rede urbana de Lisboa, e a criação de uma gare em Sacavém para triagem de comboios de mercadorias.[18]

A Linha da Matinha resulta do encurtamento de uma ferrovia mais longa, que se prolongava para Norte até entroncar com a Linha do Norte junto à estação de Sacavém.[8][9] A supressão deste segmento e a actual designação da linha datam do final dos anos noventa e advêm da implantação da Expo’98.[carece de fontes?]

Com a reestruturação das linhas suburbanas de Lisboa,[quando?] a estação de Sacavém ficou integrada no troço comum às “linhas” de Sintra e da Azambuja.[carece de fontes?]

No Directório da Rede 2012, publicado pela Rede Ferroviária Nacional em Janeiro de 2011, a estação possuía quatro vias de circulação, com 641, 712 e 747 m de comprimento; as respectivas plataformas tinham 220 e 221 m de comprimento, e 90 cm de altura[19] — valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[3]

Em 2012, com a criação da freguesia do Parque das Nações, passou a fronteira municipal entre Lisboa, a poente, e Loures, a nascente, a ser constituída pelo eixo da via férrea, ficando a estação virtualmente partilhada pelos dois concelhos, com repercussões também tarifárias.[20]

Em setembro de 2022, foi alargado o parque de estacionamento anexo à estação em obra da responsibilidade da I.P., tendo sido demolido o armazém e respetiva plataforma — estrutura que especialistas em património ferroviário reputam como «provavelmente a edificação mais antiga do conjunto da estação».[5]

 
Acesso à via pública (lado poente).

Referências literárias editar

O escritor Eça de Queirós mencionou esta estação ferroviária no livro A Correspondência de Fradique Mendes, escrito na década de 1890:

Chegáramos a uma estação que chamam de Sacavém — e tudo o que os meus olhos arregalados viram do meu país, através dos vidros húmidos do vagão, foi uma densa treva, donde mortiçamente surgiam aqui e além luzinhas remotas e vagas. Eram lanternas de faluas dormindo no rio
— QUEIRÓS, Eça de, A Correspondência de Fradique Mendes, p. 154
 
Pontes ferroviárias de Sacavém, contíguas à estação, para norte, com duas vias cada, sobre o rio Trancão.

No Guia de Portugal de 1924, é descrita a estação de Sacavém e a via férrea em redor:

Antes de chegar à est. imediata, vê-se à esq. a grande fábrica de louça de -14 km. Sacavém (E.), pov. industrial já fora do circuito da cidade. »…« Logo em seguida à est., passa-se sobre um viaduto a ribeira de Sacavém, junto da sua confluência com o Tejo. »…« À esq. vê-se o enorme sifão com que a Companhia das Águas salva o rio.
— PROENÇA, Raúl e DIONÍSIO, Santana, Guia de Portugal, p. 590
CP-USGL + CP-Reg + Soflusa + Fertagus
 
             
 
(n) Azambuja 
               
 Praias do Sado-A (u)
(n) Espadanal da Azambuja 
               
 Praça do Quebedo (u)
(n) Vila Nova da Rainha 
             
 Setúbal (u)
**(n) Carregado 
     
 
 
     
 Palmela (u)
(n) Castanheira do Ribatejo 
             
 Venda do Alcaide (u)
(n) Vila Franca de Xira 
       
 
 
 Pinhal Novo (u)(a)
(n) Alhandra 
             
 Penteado (a)
(n) Alverca   Moita (a)
(n) Póvoa   Alhos Vedros (a)
(n) Santa Iria   Baixa da Banheira (a)
(n) Bobadela   Lavradio (a)
(n) Sacavém   Barreiro-A (a)
(n) Moscavide   Barreiro (a)
(n) Oriente   (Soflusa)
(n)(z) Braço de Prata 
         
 
 
 Terreiro do Paço (a)
 
 
 
 
 
 
 
 
 Penalva (u)
(n)(ẍ) Santa Apolónia 
 
 
 
 
 
       
 Coina (u)
(z) Marvila 
 
         
 Fogueteiro (u)
(z) Roma-Areeiro 
           
 Foros de Amora (u)
(z) Entrecampos 
           
 Corroios (u)
(z)(7) Sete Rios 
           
 Pragal (u)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Campolide (z)(s)(u)*
(s) Benfica   Rossio (s)
(s) Santa Cruz-Damaia   Cais do Sodré (c)
(s) Reboleira   Santos (c)
(z) Alcântara-Terra 
 
 
 
 
   
 Alcântara-Mar (c)
(s) Amadora   Belém (c)
(s) Queluz-Belas   Algés (c)
(s) Monte Abraão   Cruz Quebrada (c)
(s) Massamá-Barcarena   Caxias (c)
(s)(o) Agualva-Cacém   Paço de Arcos (c)
 
 
 
         
 Santo Amaro (c)
(o) Mira Sintra-Meleças   Rio de Mouro (s)
(s) Mercês   Oeiras (c)
(s) Algueirão - Mem Martins   Carcavelos (c)
(s) Portela de Sintra   Parede (c)
(s) Sintra   São Pedro Estoril (c)
(o) Sabugo 
           
 São João Estoril (c)
(o) Pedra Furada 
           
 Estoril (c)
(o) Mafra 
           
 Monte Estoril (c)
(o) Malveira 
           
 Cascais (c)
**(o) Jerumelo 
 
 
     
 

2019-2021 []

Linhas: a L.ª Alentejoc L.ª Cascaiss L.ª Sintra C.ª X.
n L.ª Norteo L.ª Oestez L.ª Cinturau L.ª Sul7 C.ª 7 R.
(*) vd. Campolide-A   (**)   continua além z. tarif. Lisboa

(***) Na Linha do Norte (n): há diariamente dois comboios regionais nocturnos que param excepcionalmente em todas as estações e apeadeiros.
Fonte: Página oficial, 2020.06

Ver também editar

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
  3. a b c Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
  4. Mendonça e Costa; Amaral: “Louzã - Coimbra a Louzã e vice versaGuia Official dos Caminhos de Ferro de Portugal 168 (1913.10). Pessoa & C.ª / Typ. Horas Romanticas: Lisboa: p.82-83
  5. a b c Paula Figueiredo: “Estação Ferroviária de SacavémSIPA, Sacavém: 2007 et ss.
  6. «Cálculo de distância pedonal (38,79441; −9,10012 → 38,79234; −9,10856)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 27 de julho de 2023 : 915 m: desnível acumulado de +31−7 m
  7. a b Diagrama da estação ferroviária de Sacavém em 1937
  8. a b (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  9. a b Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  10. Horários Sintra | Lisboa | Azambuja («Em vigor desde 11 de dezembro de 2022»)
  11. TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 4 de Junho de 2016 
  12. a b c «A Inauguração do Caminho de Ferro em Portugal - Revista de Imprensa» (PDF). O Comboio em Portugal - Departamento de Informática da Universidade do Minho. Consultado em 4 de Fevereiro de 2014 
  13. ANDRADE, Carlos (17 de Julho de 2006). «Aqui (não) houve Portugal e os passageiros foram largados no caminho». Diário de Notícias. Consultado em 4 de Junho de 2016 
  14. SABEL (16 de Fevereiro de 1936). «Ecos & Comentários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 48 (1156). p. 117. Consultado em 27 de Setembro de 2016 
  15. «Orçamento da Companhia Real» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (340). 16 de Fevereiro de 1902. p. 51. Consultado em 4 de Fevereiro de 2014 
  16. MARQUES, 2014:122
  17. MARQUES, 2014:124
  18. BARRETO e MÓNICA, 1999:226
  19. «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85 
  20. Comboios Urbanos de Lisboa Lisboa: C.P., 2020.01

Bibliografia editar

  • BARRETO, António; MÓNICA, Maria Filomena (1999). Dicionário de História de Portugal. Suplemento A/E. Volume 7 1.ª ed. Lisboa: Livraria Figueirinhas. 714 páginas. ISBN 972-661-159-8 
  • MARQUES, Ricardo (2014). 1914: Portugal no ano da Grande Guerra 1.ª ed. Alfragide: Oficina do Livro - Sociedade Editora, Lda. 302 páginas. ISBN 978-989-741-128-1 
  • PROENÇA, Raúl; DIONÍSIO, Santana (1991) [1924]. Guia de Portugal: Generalidades, Lisboa e arredores. Col: Guia de Portugal. Volume 1 de 5 3.ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 696 páginas. ISBN 972-31-0544-6 
  • QUEIRÓS, Eça de. A Correspondência de Fradique Mendes. Lisboa: Livros do Brasil. 237 páginas 

Ligações externas editar

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