Estação Ferroviária do Estoril
A Estação Ferroviária do Estoril é uma estação da Linha de Cascais, que serve a localidade de Estoril, no Concelho de Cascais, em Portugal.
Estoril | |||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Coordenadas: | |||||||||||
38° 42′ 11,83″ N, 9° 23′ 55,5″ O | |||||||||||
Concelho: | ![]() | ||||||||||
Linha(s): | Linha de Cascais (PK 23,668) | ||||||||||
Serviços: | |||||||||||
| |||||||||||
Conexões: | 406 407 411 412 413 418 419 423 456 | ||||||||||
Equipamentos: | ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() | ||||||||||
Website: |

DescriçãoEditar
Localização e acessosEditar
Esta interface situa-se junto à Avenida Marginal, na localidade do Estoril.[1]
Vias de circulação e plataformasEditar
Em Janeiro de 2011, a estação ferroviária do Estoril contava com três vias de circulação, que tinham 244 a 219 m de comprimento; as plataformas tinham ambas 200 m de extensão, e 110 cm de altura.[2]
HistóriaEditar
AntecedentesEditar
Em meados do século XIX, a região costeira a Oeste de Lisboa, incluindo o Estoril, era uma zona subdesenvolvida, ponteada apenas por pequenas povoações de pescadores e algumas mansões senhoriais.[3] A rede de estradas era muito fraca, sendo as comunicações até Cascais feitas principalmente através da navegação costeira.[4] Esta situação começou a mudar a partir das décadas de 1850 e 1860, devido à instalação da família real e da nobreza na região até Cascais, e à progressiva introdução do turismo balnear, que aumentaram a procura das famílias mais abastadas de Lisboa.[5] Por exemplo, o Estoril tornou-se uma dos locais preferidos para a construção de casas de campo.[6] Assim, também se começaram a desenvolver as comunicações na zona costeira, com a construção de novas estradas, e surgiu a ideia de trazer o comboio até Cascais.[7] O primeiro projecto foi apresentado pelo engenheiro M. A. Thomé de Gamond, em 1870 que propunha a construção de uma linha férrea de Lisboa até Colares, servindo Cascais e Sintra.[8] Esta linha seguiria toda a zona marginal desde Lisboa até Cascais, passando pelo Estoril.[8]
Planeamento e inauguraçãoEditar
Aquele projecto não teve resultados, mas a ideia de construir uma via férrea ao longo da orla marítima foi várias vezes retomada durante o século XIX, tendo a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses sido autorizada a construir uma linha de Lisboa até Cascais por um alvará de 9 de Abril de 1887.[8] No ano seguinte, esta linha já estava em obras.[8]
Construção e inauguraçãoEditar
Esta interface insere-se no troço entre Pedrouços e Cascais, que foi aberto ao serviço pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses no dia 30 de Setembro de 1889.[9]
Século XXEditar
A estação de Estoril foi por várias vezes servida pelo comboio Sud Expresso, ao longo do século XX, serviço que foi interrompido devido à Segunda Guerra Mundial e à Guerra Civil Espanhola.[10] Esta ligação era feita através de uma carruagem directa, que era atrelada ou desatrelada ao comboio principal na Estação de Campolide.[11]
Década de 1910Editar
Nos princípios do século XX começou-se a pensar em transformar a região do Estoril, até então utilizada principalmente pelos habitantes da capital e por estrangeiros em curtas estadias de Inverno, num grande centro internacional de turismo.[12] Considerava-se que o sistema de tracção da Linha de Cascais, utilizando locomotivas a vapor, não era adequado para as características da linha, que cada vez se afirmava mais como um importante eixo de transporte turístico e suburbano, pelo que se iniciou o processo de planeamento para a sua adaptação à energia eléctrica.[12]
Em 7 de agosto de 1918 a Linha de Cascais foi subarrendada à Sociedade Estoril, com a obrigação de a electrificar.[12] A Sociedade Estoril tinha sido formada por Fausto de Figueiredo para aumentar o potencial turístico da região através da construção de grandes empreendimentos e outras iniciativas, estando por isso directamente interessada no desenvolvimento dos caminhos de ferro.[12] O principal componente do projecto seria um grande complexo hoteleiro no Estoril, que ficaria quase em frente da gare ferroviária.[13] Nessa altura, a estação do Estoril já servia uma unidade hoteleira situada nas proximidades, conhecida como Hotel Paris.[14]
Décadas de 1920 e 1930Editar
Porém, as consequências económicas da Primeira Guerra Mundial atrasaram o projecto de modernização da Linha de Cascais, cujas obras só se puderam iniciar na Década de 1920.[12] Além da electrificação da via férrea e da introdução de material circulante eléctrico, a Sociedade Estoril planeava reconstruir totalmente as principais estações da linha, incluindo a do Estoril.[12] Em 1 de Agosto de 1926, a Gazeta dos Caminhos de Ferro reportou que já tinha sido construído o novo edifício da estação do Estoril, que utilizava um estilo arquitectónico semelhante ao dos edifícios em redor do parque.[15] Em 15 de Agosto desse ano, foi realizada a cerimónia de inauguração da tracção eléctrica da Linha de Cascais,[16] tendo o comboio inaugural parado na estação do Estoril, para os convidados procederem a um almoço no Casino Estoril.[17]
Em 14 de fevereiro de 1937, foi organizado um comboio especial do Cais do Sodré até Cascais, para a inauguração de quatro novas carruagens para a Linha de Cascais, e na viagem de regresso, o comboio parou no Estoril, para os convidados participarem numa festa no Tamariz.[18]
Década de 1970Editar
Em 1976, terminou o contrato com a Sociedade Estoril, tendo a Linha de Cascais voltado a ser explorada directamente pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[19]
Ver tambémEditar
Referências
- ↑ «Estoril». Comboios de Portugal. Consultado em 7 de Julho de 2016
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. pp. 71–85
- ↑ Colaço e Archer, 1999:16
- ↑ Colaço e Archer, 1999:17
- ↑ Colaço e Archer, 1999:18
- ↑ Colaço e Archer, 1999:22
- ↑ Colaço e Archer, 1999:21
- ↑ a b c d MARTINS et al, 1996:29-30
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682). p. 61-64. Consultado em 17 de Março de 2017
- ↑ REIS et al, p. 36
- ↑ «"Sud-Express"» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1240). 16 de Agosto de 1939. p. 393. Consultado em 17 de Março de 2017
- ↑ a b c d e f «Sociedade "Estoril"» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1476). 16 de Junho de 1949. p. 423-425. Consultado em 17 de Março de 2017
- ↑ HENRIQUES, 2001:83-84
- ↑ HENRIQUES, 2001:82
- ↑ «A Electrificação da Linha de Cascais» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (927). 1 de Agosto de 1926. p. 228. Consultado em 17 de Março de 2017
- ↑ MARTINS et al, 1996:99
- ↑ «A Electrificação da Linha de Cascais» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (928). 16 de Agosto de 1926. p. 245. Consultado em 17 de Março de 2017
- ↑ «Sociedade Estoril: Inauguração de Carruagens» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 49 (1182). 16 de Março de 1937. p. 151-153. Consultado em 17 de Março de 2017
- ↑ REIS et al, 2006:117
BibliografiaEditar
- COLAÇO, Branca; ARCHER, Maria (1999). Memórias da Linha de Cascais. Cascais: Câmaras Municipais de Cascais e Oeiras. 370 páginas. ISBN 972-637-066-3
- HENRIQUES, João (2001). Cascais: Do Final da Monarquia ao alvorecer da República (1908-1914). Cascais: Edições Colibri e Câmara Municipal de Cascais. 214 páginas. ISBN 972-772-268-7
- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Leitura recomendadaEditar
- CARVALHO, António Carvalho, HENRIQUES, João Miguel; et al. (2011). O Estoril e as origens do turismo em Portugal, 1911-1931. Cascais: Câmara Municipal de Cascais. 112 páginas. ISBN 978-972-637-242-4
- CERVEIRA, Augusto; CASTRO, Francisco Almeida e (2006). Material e tracção: os caminhos de ferro portugueses nos anos 1940-70. Col: Para a História do Caminho de Ferro em Portugal. 5. Lisboa: CP-Comboios de Portugal. 270 páginas. ISBN 989-95182-0-4
- SALGUEIRO, Ângela (2008). A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses: 1859-1891. Lisboa: Univ. Nova de Lisboa. 145 páginas
Ligações externasEditar
- «Página da Estação de Estoril, no sítio electrónico da operadora Comboios de Portugal»
- «Página sobre a Estação de Estoril, no sítio electrónico da Infraestruturas de Portugal»
- «Página sobre a Estação de Estoril, no sítio electrónico Wikimapia»
- «Página com fotografias das Estações de Estoril e Monte Estoril, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)