Estação Ferroviária de Guimarães

estação ferroviária em Guimarães, Portugal
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A Estação Ferroviária de Guimarães é uma interface da Linha de Guimarães, que serve a localidade de Guimarães, no distrito de Braga, em Portugal. Entrou ao serviço no dia 14 de abril de 1884.[2]

Guimarães
Estação de Guimarães, em 2016
Estação de Guimarães, em 2016
Identificação: 24000 GUS (Guimarães)[1]
Denominação: Estação Satélite de Guimarães
Classificação: ES (estação satélite)[1]
Linha(s): Linha de Guimarães (PK 55,693)
Coordenadas:
Mapa
41° 26′ 07,05″ N, 8° 17′ 42,21″ O
Município: border link=GuimarãesGuimarães
Serviços:
Estação anterior Comboios de Portugal Comboios de Portugal Estação seguinte
Vizela
Lis-Apolónia
  IC   Terminal
Covas
P-São Bento
  G   Terminal
Vizela
P-São Bento
    Terminal

Conexões:
Ligação a autocarros
Ligação a autocarros
003 004 011 012 014 022 180 181 182 188 189 N11
Serviço de táxis
Serviço de táxis
GMR
Equipamentos: Bilheteira ou máquina de venda de bilhetes Informações - Gabinete de Apoio ao Cliente Telefones públicos Sala de espera Caixas Multibanco Lavabos Acesso para pessoas de mobilidade reduzida Parque de estacionamento Lavabos adaptados
Inauguração: 14 de abril de 1884 (há 140 anos)
Diagrama:
Guimarães
Covas (Sentido Lousado)
Website:
Exterior da estação, em 2016

Descrição editar

Localização e acessos editar

A estação tem acesso rodoviário pela Avenida D. João IV, na cidade de Guimarães[3][4]

 
Antiga Estação de Guimarães, em 1990

Infraestrutra editar

No Directório da Rede de 2012, publicado pela Rede Ferroviária Nacional em 6 de janeiro de 2011, a estação ferroviária de Guimarães surgia com quatro vias de circulação, que tinham 205 a 292 m de comprimento, enquanto que todas as plataformas tinham 220 m de extensão e 90 cm de altura.[5]

História editar

 Ver artigo principal: Linha de Guimarães § História

Antecedentes e planeamento editar

Em meados do Século XIX, a região do Minho sofria de grandes problemas nas suas comunicações, devido principalmente ao mau estado dos seus eixos rodoviários; a situação começou a mudar após a Regeneração de Fontes Pereira de Melo, quando foram criadas várias carreiras de diligências, incluindo do Porto a Braga e Guimarães.[6]

Um dos primeiros projectos para trazer o caminho de ferro até Guimarães foi o da Minho District Railway Company Limited, que pretendia construir uma linha a partir de Santo Tirso; no entanto, esta empresa entrou em falência em janeiro de 1879.[7] Nesse ano, foi aberta uma nova concessão para uma linha até Guimarães.[8]

Construção e inauguração editar

Assim, a Companhia do Caminho de Ferro de Guimarães iniciou as obras, tendo a primeira secção da linha, de Trofa a Vizela, sido inaugurada em 31 de dezembro de 1883.[9] O troço seguinte, até Guimarães, entrou ao serviço em 14 de abril de 1884.[9]

Em 16 de setembro de 1895, a Gazeta dos Caminhos de Ferro reportou que tinham sido dadas ordens para se iniciar a construção de uma avenida entre o Toural e a Estação de Guimarães.[10]

 
Estação de Guimarães, em 1990

Século XX editar

Em 21 de julho de 1907, entrou ao serviço o troço desde esta estação até Fafe.[11] Em 1913, existiam carreiras de diligências desde a estação de Guimarães até às Caldas das Taipas e Braga.[12]

Em 1927, as companhias de Guimarães e da Póvoa, que geria a Linha do Porto à Póvoa e Famalicão, fundiram-se numa só empresa, denominada de Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Portugal.[13] Em 14 de março de 1932, foi inaugurado o troço da Linha de Guimarães entre a Senhora da Hora a Trofa, tendo parte da cerimónia ocorrido na estação de Guimarães, que foi engalanada para aquele evento.[14] Por volta das 19 horas, o comboio inaugural chegou à estação de Guimarães, onde foi realizada uma recepção ao presidente da república, Óscar Carmona.[14] Em 1937, realizou-se um comboio especial até Guimarães, para o transporte dos veteranos do Batalhão de Sapadores de Caminho de Ferro, tendo uma cerimónia sido realizada no largo em frente à estação.[15]

Em 1947, a Companhia do Norte foi integrada na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que passou a explorar as antigas linhas daquela empresa, incluindo a Linha de Guimarães.[16] No XI Concurso das Estações Floridas, organizado em 1952 pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses e pela Repartição de Turismo do Secretariado Nacional de Informação, o chefe da estação de Guimarães, António Alves de Oliveira Dias, foi premiado com uma menção honrosa.[17][18]

O troço até Fafe foi encerrado em 1986.[19]

 
Estação de Guimarães, em 1996

Século XXI editar

Na década de 1990, o Gabinete do Nó Ferroviário do Porto iniciou um programa de requalificação dos eixos ferroviários em redor da cidade do Porto,[20] que nessa altura eram considerados bastante deficientes em relação às necessidades, incluindo a Linha de Guimarães.[21] Este programa tinha como objectivo melhorar as condições de serviço das linhas, através de várias intervenções nas infra-estruturas, aquisição de novo material circulante e a introdução de novas técnicas de exploração.[22] No caso da Linha de Guimarães, este projecto englobou a eletrificação e a alteração da bitola da via, a remodelação de todas as estações,[23] e a instalação de sistemas de sinalização eletrónica.[24] A linha voltou a entrar ao serviço em 2004.[25] Após a reabertura, a operadora Caminhos de Ferro Portugueses iniciou a circulação dos comboios Intercidades até Guimarães.[23]

Em agosto de 2007, ocorreu um acidente nesta estação, quando um passageiro foi electrocutado, tal como dois bombeiros que o foram socorrer, numa carruagem de uma composição do serviço InterCidades; foram transportados para o Hospital da Senhora da Oliveira, onde tiveram alta no dia seguinte.[26]

 
Estação de Guimarães, em 1996

Ligações planeadas a outras linhas editar

Em 16 de agosto de 1895, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que se estava a planear a construção de uma linha entre Guimarães e Famalicão,[10] e em 1 de setembro de 1899, reportou que se estava a fazer uma tentativa para construir aquele troço.[27] Em 16 de fevereiro de 1901, noticiou que tinha sido pedida a construção da linha, utilizando o sistema americano, com tracção a vapor.[27] Em 16 de abril desse ano, foi noticiado que a Companhia da Póvoa tinha pedido autorização para construir este troço, mas em vez do sistema americano requerido pela Câmara de Guimarães, esta empresa queria fazer a linha para o caminho de ferro pesado.[28]

Na edição da Gazeta de 1 de dezembro de 1899, foi anunciado que o engenheiro italiano Cachapuz tinha pedido licença para construir várias linhas de caminhos de ferro na região Norte do país, incluindo uma de Guimarães a Braga.[29] Um decreto de 27 de abril de 1903 ordenou a abertura do concurso público para esta linha, com conjunto com as do Vale do Lima e Alto Minho.[30]

CP Urbanos do Porto

(Serv. ferr. suburb. de passageiros no Grande Porto)
Serviços:   Aveiro  Braga
  Marco de Canaveses  Guimarães


(b) Ferreiros 
     
 Braga (b)
(b) Mazagão 
     
 Guimarães (g)
(b) Aveleda 
     
 Covas (g)
(b) Tadim 
     
 Nespereira (g)
(b) Ruilhe 
     
 Vizela
(b) Arentim 
     
 Pereirinhas (g)
(b) Cou.Cambeses 
     
 Cuca (g)
(m)(b) Nine 
     
 Lordelo (g)
(m) Louro 
     
 Giesteira (g)
(m) Mouquim 
     
 Vila das Aves (g)
(m) Famalicão 
     
 Caniços (g)
(m) Barrimau 
         
 Santo Tirso (g)
(m) Esmeriz 
 
 
 
   
 Cabeda (d)
(m)(g) Lousado   Suzão (d)
(m) Trofa   Valongo (d)
(m) Portela   S. Mart. Campo (d)
(m) São Romão   Terronhas (d)
(m) São Frutuoso   Trancoso (d)
(m) Leandro   Rec.-Sobreira (d)
(m) Travagem   Parada (d)
(m)(d) Ermesinde   Cête (d)
(m) Palmilheira 
 
 
 
     
 Irivo (d)
(m) Águas Santas 
 
 
 
     
 Oleiros (d)
(m) Rio Tinto   Paredes (d)
(m) Contumil   Penafiel (d)
(d)(n) P.-Campanhã   Bustelo (d)
 
       
 
 
 Meinedo (d)
(m) P.-São Bento 
     
 
       
 
(n) General Torres 
     
 
 
 Caíde (d)
(n) Gaia 
 
 
     
 Oliveira (d)
(n) Coimbrões 
         
 Vila Meã (d)
(n) Madalena 
         
 Recesinhos (d)
(n) Valadares 
         
 Livração (d)
(n) Francelos 
         
 M.Canaveses (d)
(n) Miramar 
         
 Aveiro (d)
(n) Aguda 
         
 Cacia (d)
(n) Granja 
         
 Canelas (n)
(n) Espinho 
         
 Salreu (n)
(n) Silvalde 
         
 Estarreja (n)
(n) Paramos 
         
 Avanca (n)
(n) Esmoriz 
         
 Válega (n)
(n) Cortegaça 
         
 Ovar (n)
 
         
 Carv.-Maceda (n)

Ver também editar

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. AGUILAR, Busquets de (1 de Junho de 1949). «A Evolução História dos Transportes Terrestres em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 62 (1475). p. 383-393. Consultado em 19 de Janeiro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  3. «Guimarães - Linha de Guimarães». Infraestruturas de Portugal. Consultado em 19 de Janeiro de 2017 
  4. «Guimarães». Comboios de Portugal. Consultado em 20 de Novembro de 2014 
  5. «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85 
  6. GONÇALVES et al, 1993:280
  7. MARTINS et al, 2006:248
  8. SOUSA, José Fernando de (1 de Março de 1937). «Eduardo Plácido, ferroviário: justa homenagem» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1181). p. 128-132. Consultado em 17 de Agosto de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  9. a b TORRES, Carlos Manitto (16 de Março de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 71 (1686). p. 133-140. Consultado em 17 de Agosto de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  10. a b «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1226). 16 de Janeiro de 1939. p. 81-85. Consultado em 19 de Janeiro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  11. «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 17 de Agosto de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  12. «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 25 de Fevereiro de 2018 – via Biblioteca Nacional Digital 
  13. BARRETO e MÓNICA, 1999:223
  14. a b «A Visita do Chefe de Estado ao Norte e a Inauguração do Túnel da Trindade e Linha da Senhora da Hora à Trofa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 45 (1062). 16 de Março de 1932. p. 135-143. Consultado em 17 de Agosto de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  15. SOUSA, José Fernando de (16 de Maio de 1937). «Os antigos combatentes na Flandres» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1186). p. 254-259. Consultado em 17 de Agosto de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  16. REIS et al, 2006:83
  17. «Ao XI Concurso das Estações Floridas apresentaram-se 78 estações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 65 (1558). 16 de Novembro de 1952. p. 338. Consultado em 19 de Janeiro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  18. «XI Concurso das Estações Floridas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 66 (1570). 16 de Maio de 1953. p. 112. Consultado em 19 de Janeiro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  19. REIS et al, 2006:34
  20. MARTINS et al, 1996:222
  21. REIS e AMARAL, 1991:133
  22. REIS et al, 2006:203
  23. a b REIS et al, 2006:217
  24. MARTINS et al, 1996:159
  25. REIS et al, 2006:202
  26. RODRIGUES, Aníbal; CIPRIANO, Carlos (14 de Agosto de 2007). «Três vítimas de choque eléctrico no comboio Intercidades na estação de Guimarães». Público 
  27. a b «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1227). 1 de Fevereiro de 1939. p. 111-114. Consultado em 19 de Janeiro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  28. «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 64 (1520). 16 de Abril de 1951. p. 76. Consultado em 19 de Janeiro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  29. «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1247). 1 de Dezembro de 1939. p. 520. Consultado em 19 de Janeiro de 2017 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  30. FERNANDES, 1995:99
 
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Bibliografia editar

  • BARRETO, António; MÓNICA, Maria Filomena (1999). Dicionário de História de Portugal: Suplemento A/E. Volume 7 de 9 1.ª ed. Lisboa: Livraria Figueirinhas. 714 páginas. ISBN 972-661-159-8 
  • FERNANDES, Mário (1995). Viana do Castelo: A Consolidação de uma Cidade (1855-1926). Lisboa: Edições Colibri. 185 páginas. ISBN 972-8288-06-9 
  • GONÇALVES, Eunice; et al. (1993). Terra de Águas: Caldas da Rainha, História e Cultura 1.ª ed. Caldas da Rainha: Câmara Municipal de Caldas da Rainha. 527 páginas 
  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; Gomes, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
  • REIS, Sérgio; AMARAL, João, Lda. (1991). Portugal Moderno: Economia. Col: Enciclopédia Temática Portugal Moderno 1.ª ed. Lisboa: Pomo - Edições Portugal Moderno. 211 páginas 

Leitura recomendada editar

  • FERNANDES, Isabel Maria; CORREIA, Jorge (2012). Guimarães moderna. Col: Histórias de cidades. 3. Braga: Universidade do Minho. 77 páginas. ISBN 978-972-8533-26-7 
  • FERNANDES, Isabel Maria; MEIRELES, Maria José Queirós; PEDRO, Alexandre (2012). Guimarães: guia de viagem. Guimarães: Despertar Memórias. 130 páginas. ISBN 978-989-97745-1-3 *KINNON, Anthony (2006). Guimarães. Século XIX: de vila a cidade. Guimarães: A. F. Kinnon. 167 páginas. ISBN 978-989-20-0429-7 
  • SILVA, Casimiro; SILVA, Samuel, D. L.; et al. (2004). Memórias do comboio de Guimarães: a história, o património e a linha. Guimarães: Ideal. 211 páginas. ISBN 972-97267-5-2 

Ligações externas editar