Ethel Higgins Byrne (1883-1955) foi uma feminista radical estadunidense. Ela era a irmã mais nova da ativista Margaret Sanger. As duas irmãs eram filhas de Michael Hennessey Higgins e Anne Higgins.[1] A filha de Ethel Byrne, Olive Byrne, foi uma importante musa para o criador da Mulher Maravilha, William Moulton Marston.[1] Ethel Byrne e Margaret Sanger tiveram um relacionamento conturbado, de acordo com Jill Lepore em A História Secreta da Mulher-Maravilha. Também foi notado que Anne Higgins deu tratamento preferencial a Ethel Byrne, para o desespero de sua irmã Margaret Sanger, o que causou um mal-estar no relacionamento.[2] Ethel Byrne teve um curto e infeliz casamento com Jack Byrne, um vidraceiro.[2]

Ethel Byrne
Ethel Byrne
Nascimento 1883
Corning
Morte 1955
Cidadania Estados Unidos
Filho(a)(s) Olive Byrne
Irmão(ã)(s) Margaret Sanger
Ocupação enfermeira

Carreira de enfermeira editar

A carreira de Ethel Byrne em enfermagem foi fundamental para seu ativismo e contribuiu diretamente para o seu desejo de fazer a contracepção acessível para mulheres de diferentes contextos sócio-económicos. Byrne foi uma enfermeira profissional, que ajudou mulheres imigrantes que precisavam de cuidados médicos na área de Brownsville, no Brooklyn, em Nova York, em 1916.[3]

Ativismo pró-escolha editar

Ethel Byrne defendia que as mulheres tivessem acesso ao controle de natalidade. Byrne abriu uma clínica de controle de natalidade com sua irmã, Margaret Sanger, e ativista feminista Fania Mindell , no Brooklyn, em outubro de 1916.[4] As três mulheres anunciavam os serviços oferecidos pela clínica, distribuindo folhetos em diferentes idiomas, incluindo inglês, Iídiche e italiano.[5] Apesar de Byrne não ser muito conhecida hoje, o início de seu ativismo teve impacto duradouro na sensibilização para a importância do acesso a informações sobre o controle da natalidade. A prisão de Ethel Byrne compeliu um grupo politicamente ativo de mulheres de Nova York a pedir uma reunião com o presidente Woodrow Wilson para pedir que ele contribuísse para derrubar leis que criminalizavam a distribuição de contraceptivos.[6]

Prisão e greve de fome editar

A clínica tornou-se altamente controversa, devido à imposição da Lei de Comstock. Byrne e Sanger distribuíam métodos de contracepção na rua e queriam ensinar como usá-los, em direta violação dessa lei.[2] Depois de ser presa pela distribuição de informações sobre o controle da natalidade Byrne foi condenada a 30 dias de prisão na Ilha Blackwell.[7] Ela chegou à prisão em 22 de janeiro de 1917 por seu ativismo em defesa da legalização do controle de natalidade e, posteriormente, entrou em greve de fome.[8] Sanger estava preocupada que sua irmão fosse perder a vida como resultado da greve de fome e Byrne foi alimentada à força na prisão após 185 horas sem comida ou água.[9] Como observou a historiadora Jill Lepore, Ethel Byrne foi a primeira mulher presa política nos Estados Unidos a ser submetida à alimentação forçada.[10]

Sanger apoiou o ativismo de Byrne e disse, sobre isso: "eu não a aconselhei a realizar essa greve de fome, mas eu certamente não lhe diria para acabar com ela agora."[1] A prisão contribuiu para trazer atenção nacional para sua causa e finalmente à legalização do controle de natalidade.[11]

Últimos anos editar

Apesar de sua irmã se tornar mundialmente famosa por sua defesa do controle da natalidade, Ethel Byrne não é especialmente conhecida.

Ethel Byrne teve um acidente vascular e morreu em 1955. Ela não viveu para ver a legalização da pílula, aprovado cinco anos mais tarde pela FDA.[1]

Referências editar

  1. a b c d Lepore, Jill (2014). The Secret History of Wonder Woman. New York: Alfred A. Knopf. p. 81. ISBN 978-0-385-35404-2.
  2. a b c Baker, Jean H. (2011). Margaret Sanger: A life of Passion. New York: Hill and Wang. p. 27. ISBN 978-0-80-90-9498-1.
  3. Asbell, Bernard (1995). The Pill: A Biography of the Drug That Changed the World. New York: Random House. p. 43. ISBN 0-679-41100-3.
  4. «Margaret Sanger is Dead at 82». On This Day 
  5. «Sanger, Margaret - Social Welfare History Project». Social Welfare History Project (em inglês). 21 de janeiro de 2011 
  6. MRS. BYRNE WEAKER, STILL FASTS IN CELL New York Times (1857-1922); Jan 26, 1917; ProQuest Historical Newspapers: The New York Times pg. 1.
  7. «Margaret Sanger Papers Project» 
  8. «Today in Herstory: Ethel Byrne Sentenced for Working at a Birth Control Clinic». Feminist Majority Foundation Blog 
  9. «About Sanger». Margaret Sanger Papers Project 
  10. "MRS. SANGER'S AID IS FOUND GUILTY." 1917.New York Times (1857-1922), Jan 09, 11. http://search.proquest.com/docview/98070877
  11. «Margaret Sanger». Center for Disease Control