Euchroma gigantea é um coleóptero, comumente nomeado de besouro metálico devido à sua cor característica, no Brasil ainda chamado de mãe-do-sol, olho-de-sol ou vaca-loira,[2] que pertence à família Buprestidae e é a única espécie do gênero Euchroma.[3]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaEuchroma gigantea
"mãe-do-sol", "besouro metálico", "vaca-loira", "olho-de-sol"
Euchroma gigantea
Euchroma gigantea
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Coleoptera
Subordem: Polyphaga
Superfamília: Buprestoidea
Família: Buprestidae
Gênero: Euchroma
Dejean, 1833
Espécie: E. gigantea
Subespécie: (ver artigo)
Nome binomial
Euchroma gigantea
Linnaeus, 1758
Sinónimos
Buprestis gigantea Linnaeus, 1758[1]

Considerado uma praga que ataca as árvores, infesta-lhes as raízes e os troncos, o combate é difícil de ser feito pois não se conhecem inseticidas capazes de efetuar o controle.[4] Tendo por origem a amazônia, dali se espalhou para outras regiões, como por exemplo a infestação do besouro metálico ocorrida em Belo Horizonte com início em 2013 e auge em 2016 e que levou ao corte de mais de trezentas árvores na cidade; atacando o tronco na fase larval e as folhas na fase adulta, o inseto debilita o vegetal até que o mesmo ameace cair.[5]

Subespécies editar

Como tem várias formas diferentes descritas, estas constituem subespécies distintas.[6] Possui as seguintes subespécies catalogadas:[3][7][8]

Características editar

É um dos maiores besouros da família Buprestidae (de onde o nome latino gigantea para a espécie), atingindo um tamanho em torno de 50–80 milímetros (2,0–3,1 in).[6] Seus élitros possuem uma coloração bronze-esverdeada e razão do nome em latim que significa literalmente "gigante colorido", que quando é recém-emergido encontra-se disfarçada por uma camada de pó de cera amarelada que secreta apenas uma vez e se parece com o pólen.[9]

De compleição robusta e alongada, seus élitros são de textura enrugada e de formato cônico, as antenas são serrilhadas, e o protórax possui duas manchas escuras.[6]

Tem por principal característica alimentar a xilofagia no estado larval, quando as plantas atacadas apresentam por característica externa a presença de serragem e resina; sendo um bom voador, é atraído por árvores que foram recentemente cortadas.[9] Os adultos aparentemente se alimentam de folhas e pólen.[6]

Reprodução editar

Possui um ciclo de vida longo, de cerca de trezentos dias; as fêmeas realizam a oviposição no período de dezembro a março, fazendo-o nas rachaduras do tronco na altura do colo da árvore.[9] Entre as espécies vegetais mais afetadas estão as da família Bombacaceae, paineiras, etc.[9]

A reprodução foi registrada entre os meses de dezembro a março (alguns estudos registrando desde agosto), os machos atraindo as fêmeas produzindo um "clique" com os élitros, ocasião em que as fêmeas depositam seus ovos nos troncos lenhosos ou partes apodrecidas de uma árvore, em lotes que possuem até dez ovos, mas com uma média de quatro por planta atacada, em um total de 240 ovos que cada fêmea produz.[6]

Fase larval editar

 
Paineira (barriguda) mostrando os sinais característicos de ataque da fase larval da E. gigantea.

O E. gigantea possui uma diapausa obrigatória, razão pela qual possui um ciclo de vida univoltina, o que dificulta o estudo de sua evolução tanto no laboratório quanto em campo, sendo este limitado na maior parte a registros das árvores hospedeiras e descrição das galerias feitas pelas brocas e da sua morfologia.[9]

Após sair do ovo a broca (larva) passa a se alimentar da região subcortical da árvore e depois segue em direção às raízes, o que provoca a perda de sustentação da mesma e podendo levar à queda; no primeiro ínstar (estágio de desenvolvimento) mede cerca de 1 cm, e no último atingindo de 8 a 15 cm.[9]

A forma da larva é alongada, mas com o tórax achatado, distintamente em forma de disco, com a cabeça amarelada; como broca da madeira, a digestão desta se faz por meio de bactérias presentes em seu intestino.[6]

Podem permanecer no interior da planta por até dois anos quando então entram no estágio de pupa, com duração de cerca de trinta dias, quando então emerge na sua forma adulta.[6]

Habitat e árvores de predileção editar

É considerada espécie neotropical, e sua ocorrência vai desde o sul dos Estados Unidos até o sul da América do Sul.[9]

O besouro gigante ocorre em regiões quentes, com elevação até aproximadamente 1200 m de altitude, sendo bastante abundante na amazônia sul-americana.[6]

Tem predileção pela madeira macia das árvores da família Bombacaceae e, além destas, atacam a Ceiba pentandra, a balsa (Ochroma), bem como as Bombacopsis, Pseudobombax, a araucária paranaense (Araucaria angustifolia) e ainda as espécies de figueiras (Ficus).[6]

Impacto ambiental editar

 
Extermínio do besouro adulto.

No Brasil, sobretudo nas cidades de São Paulo, Goiânia e Brasília, o inseto representa um importante problema de infestação, atacando sobretudo a espécie vegetal conhecida como "falso-cacau" (Pachira aquatica), utilizada para a arborização urbana, e sem a existência de defensivos de uso liberado que lhes permita o controle.[9] Em Brasília o ataque atingiu os jardins e estacionamentos do Palácio do Planalto em 2007, infestando árvores plantadas há vinte anos e levando à recomendação de que tais plantas não fossem mais usadas na arborização da capital brasileira.[9]

Na Costa Rica o inseto foi considerado uma praga que ameaça as árvores de Bombacopsis quinata utilizadas em reflorestamento naquele país, e na Argentina foi considerada uma praga que leva a quarentena, devido ao desequilíbrio ambiental.[9]

Assim, é uma espécie que não encontra ameaça registrada; entretanto o desmatamento da Mata Atlântica brasileira provoca uma perda extensiva de habitat dessa espécie, representando uma ameaça potencial.[6]

Usos e costumes editar

No México suas asas externas (élitros) iridescentes são utilizadas como bijuteria, e o próprio inseto é parte da culinária local, onde é consumido no estado de Chiapas pelos Tzeltal (descendentes dos maias).[9]

Referências

  1. Zoobank
  2. Michaelis. «Mãe-do-sol (verbete)». Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Consultado em 18 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 18 de janeiro de 2018 
  3. a b Bellamy, C. L. (2010). «Euchroma». A Checklist of World Buprestoidea. Consultado em 21 de junho de 2011. Cópia arquivada em 23 de janeiro de 2013 
  4. Matheus Parreiras; Junia Oliveira (8 de fevereiro de 2017). «Conheça o besouro que ameaça 1,8 mil árvores de Belo Horizonte». Estado de Minas. Consultado em 16 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 16 de janeiro de 2018 
  5. Institucional G1 (20 de março de 2017). «Quase 80 árvores são cortadas por causa da infestação de besouro metálico em BH». G1. Consultado em 16 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 16 de janeiro de 2018 
  6. a b c d e f g h i j «Giant metallic ceiba borer». Arkive.org. Consultado em 17 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 14 de abril de 2013 
  7. Institucional. «Taxon profile». BioLib. Consultado em 17 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 17 de janeiro de 2018 
  8. Moura, R.C., Melo, N.F. and Souza, M.J. (2008) High levels of chromosomal differentiation in Euchroma gigantea L. 1735 (Coleoptera, Buprestidae). Genetics and Molecular Biology, 31(2): 431-437
  9. a b c d e f g h i j k Ana Paula Pereira da Fonseca (22 de fevereiro de 2010). «Aspectos biológicos de Euchroma gigantea (Linnaeus, 1758)» (PDF). Universidade Federal de Alagoas. Consultado em 18 de janeiro de 2018. Cópia arquivada (PDF) em 18 de janeiro de 2018 

Ligações externas editar

 
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