Eudóxio de Antioquia

Eudóxio de Antioquia (m. 370) foi um Arcebispo de Constantinopla, de 27 de janeiro de 360 até sua morte, em 370, tendo sido anteriormente Bispo de Germanícia e Bispo de Antioquia entre 350 e 357[1] ou entre 358 e 359[2], dependendo da fonte. Foi um dos mais influentes arianos.

História editar

 Mais informações em: Controvérsia ariana

Santo Eustácio foi bispo de Antioquia entre 324 e 331 e considerava a doutrina de Eudóxio frágil e, por isso, recusou-se a ordená-lo. Ainda assim, logo que Eustácio foi deposto, os arianos - ou eusebianos, por causa de Eusébio de Nicomédia - consagraram Eudóxio como bispo de Germanícia, nos confins da Cilícia. Ele manteve esta posição por pelo menos 17 anos, em boa medida durante o período principal de intrigas contra Atanásio e dos reinados dos filhos de Constantino.

Concílio de Antioquia editar

 Ver artigo principal: Concílio de Antioquia

Em 341, o Concílio da Dedicação (ou Encaenia) foi realizado sob a liderança de Placêncio em Antioquia e Eudóxio esteve lá. Ele era um ariano pura e simplesmente, um discípulo de Aécio e amigo de Eunômio de Cízico. O concílio resultou em quatro credos, nos quais os eusebianos conseguiram tornar a sua doutrina tão plausível quanto poderiam, sendo que o segundo destes acabou conhecido como o "Credo da Dedicação".

Atanásio conta que Eudóxio foi enviado com Martírio e Macedônio para levar o novo credo de Antioquia para Itália. Porém, este novo credo pode ter sido o Macrostich (ou "Longa Fórmula"), concebido em um outro Concílio de Antioquia, posterior[3].

Concílios em Sárdica e Filipópolis editar

Em 343 ou 347, os concílios rivais de Sárdica e Filipópolis foram realizados. Neste último foi concebido um credo ainda mais ariano que os de Antioquia e ele foi novamente assinado por Eudóxio. Entre 355 e 359, Eudóxio estava em companhia do imperador romano do ocidente, quando chegaram notícias da morte de Leôncio de Antioquia[4]. Sob a falsa alegação de que teria de se retirar para resolver problemas em Germanícia, Eudóxio correu até Antioquia e, apresentando-se como enviado do imperador, conseguiu se fazer bispo, imediatamente enviando Ásfalus, um presbítero de Antioquia, para tentar o melhor na corte em Constantinopla. O imperador Constâncio II escreveu assim para a igreja de Antioquia[5]: "Eudóxio foi procurá-los sem que eu o tenha enviado... À que restrições serão os homens disciplinados, is que desavergonhadamente pulam de cidade em cidade, procurando com um desejo dos mais ímpios todas as circunstâncias possíveis para se enriquecerem?"[carece de fontes?].

Concílio de Sirmio editar

 Ver artigo principal: Concílio de Sirmio

No primeiro ano de seu episcopado em Antioquia, Eudóxio realizou um Concílio de Sirmio, que produziu um credo semi-ariano. Podemos ter uma ideia da recepção entre os homoousianos de seu sermão a partir de três diferentes fontes. Hilário de Poitiers[6], então no oriente, ouviu Eudóxio em sua catedral e desejou ser surdo por causa da linguagem, que considerou horrivelmente blasfema. Teodoreto e Epifânio de Salamina[7] o relatam como alguém que alegava ter o mesmo conhecido sobre Deus como Ele de Si próprio.

Concílio de Selêucia e consagração em Constantinopla editar

 Ver artigo principal: Concílio de Selêucia

Em 359, um concílio foi realizado em Selêucia Isaura, com os ortodoxos consistindo de uma pequena parte dos atendentes e onde a maioria assinou novamente o "Credo da Dedicação". Eudóxio, novamente presente, foi deposto pelos partidários de Basílio de Ancira e parece ter procurado refúgio no abrigo da corte em Constantinopla. Lá, com a ajuda dos acacianos (semi-arianos também), ele assegurou para si a posição de bispo quando Macedônio foi deposto, tomando posse do trono em 27 de janeiro de 360 na presença de 72 bispos[8]. Em 15 de fevereiro, a grande igreja de Constantinopla, Basílica de Santa Sofia, iniciada em 342 por Constâncio II, foi dedicada.

Eudóxio, já no trono episcopal e perante uma multidão de espectadores formada por cortesãos, clérigos e cidadãos, iniciou seu discurso com as seguintes palavras: "O Pai é asebes [impio], o Filho é eusebes [pio].". Um grande tumulto de pessoas indignadas se iniciou por todos os lados da igreja. O orador, inalterado, explicou: "O Pai é asebes pois Ele não venera ninguém; o Filho é eusebes pois ele venera o Pai." A nova catedral novamente ecoou com gargalhadas incontroladas. Assim conta Sócrates Escolástico (em sua História Eclesiástica[9]).

Eudóxio consagrou ainda seu amigo Eunômio para a de Cízico, mas logo o imperador Constâncio II ordenou que ele o depusesse tamanhas foram as reclamações que recebeu. Eudóxio cedeu ao comando do imperador e silenciosamente persuadiu Eunômio a se aposentar[10].

Anos finais editar

Em 365, um ataque foi feito contra Eudóxio pelos semi-arianos hoje conhecidos como macedonianos. Reunidos num Concílio em Lâmpsaco, eles assinaram o "Credo da Dedicação", citaram Eudóxio e seu partido e, como eles não apareceram, sentenciaram-no à perda do cargo. Porém, o imperador romano do Oriente Valente negou-se a confirmar os trabalhos.

Em 367, Valente, na época em que estava saindo para a guerra contra os godos, foi induzido pela esposa ariana, Albia Dominica, a receber o batismo de Eudóxio. No mesmo ano ele publicou, provavelmente sob a influência de Eudóxio, uma ordem para que os bispos que tinham sido banidos por Constâncio e reconvocados por Juliano, o Apóstata, fossem novamente banidos.

Eudóxio morreu em 370.

Ver também editar

Eudóxio
(360 - 370)
Precedido por:  

Patriarcas ecumênicos de Constantinopla

Sucedido por:
Macedônio I 31.º Demófilo

Precedido por
Leôncio de Antioquia
Patriarcas de Antioquia
350 ou 358 - 357 ou 359
Sucedido por
Euzoio de Antioquia

Referências

  1. «Primates of the Apostolic See of Antioch» (em inglês). St. John of Damascus Faculty of Theology, University of Balamand. Consultado em 24 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 31 de julho de 2011 
  2. «Patriarchs of Antioch: Chronological List» (em inglês). Syriac Orthodox Resources. Consultado em 24 de dezembro de 2011 
  3. Atanásio de Alexandria. ad Solit. em Patr. Gr. xxvi. 572, 219, 589, 274, 580, 713, 601
  4. «37». História Eclesiástica. Of the Synod at Ariminum, and the Creed there published. (em inglês). II. [S.l.: s.n.]  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  5. «20». História Eclesiástica. Concerning the innovations of Eudoxius, of Germanicia, and the zeal of Basilius of Ancyra, and of Eustathius of Sebasteia against him. (em inglês). II. [S.l.: s.n.]  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  6. Hilário de Poitiers, de Synod., Patr. Lat. x. 471
  7. Epifânio de Salamis (Epif). Panarion, lxxiii. 2
  8. «26». História Eclesiástica. Death of Macedonius, Bishop of Constantinople. What Eudoxius said in his Teaching. Eudoxius and Acacius strenuously sought the Abolition of the Formularies of Faith set forth at Nicæa and at Ariminum; Troubles which thence arose in the Churches. (em inglês). IV. [S.l.: s.n.]  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  9. «43». História Eclesiástica. Of Eustathius Bishop of Sebastia. (em inglês). II. [S.l.: s.n.]  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  10. «25». História Eclesiástica. Of the causes which separated the Eunomians from the Arians. (em inglês). II. [S.l.: s.n.]  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)

Bibliografia editar