Eugenes (ave)

género de aves
Eugenes (ave)
E. fulgens na Serra de Santa Rita, nos Estados Unidos
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Subfamília:
Tribo:
Gênero:
Eugenes

Gould, 1856
Espécie-tipo
Eugenes fulgens
Swainson, 1827
Espécies

2, ver texto

Eugenes é um gênero de aves apodiformes pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores.[1] Este gênero possui um total de duas espécies, mesmo que muito comumente, este seja considerado um gênero monotípico, a incluir apenas a espécie anteriormente conhecida como beija-flor-magnífico, que, após o desmembramento da última, originaria outra espécie, o beija-flor-de-talamanca, e alteraria o nome da primeira espécie para beija-flor-de-rívoli.[2] Inicialmente consideradas coespecíficas, estas aves se distribuem desde o sudoeste dos Estados Unidos, seguindo por quase a totalidade do território mexicano ocidental, Guatemala, El Salvador, Nicarágua, finalizando perto da Costa Rica e a norte do Panamá, habitando as bordas, clareiras e, por vezes, no interior das florestas nubladas, florestas de pinheiros e também na linha de árvores de áreas montanhosas, visitando regularmente os bebedouros para pássaros. Como muitas das espécies de lampornitíneos e beija-flores em geral, se alimentam de néctar e ocasionalmente incrementam sua dieta com insetos e outros artrópodes.

As duas espécies reconhecidas dentro deste gênero se encontram classificadas dentre as "espécies pouco preocupantes" conforme a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, com ambas as espécies apresentando estabilidade em suas populações. Estas aves estão entre uma minoria que abrange os troquilídeos de distribuição pelo hemisfério norte, acima da linha do equador.[3]

Descrição editar

Os beija-flores-magníficos apresentam em média de comprimento, entre 11 a 14 centímetros, tornando-os ligeiramente maiores do que a média geral, de 7.5 até 13.5 centímetros, mas ainda dentro da média da tribo dos Lampornithini, grupo a qual pertence. Sua massa corporal apresenta uma variação mais significativa, principalmente devido ao dimorfismo sexual, entre 6 a 10 gramas, com os machos sendo maiores do que as fêmeas. O beija-flor-de-rívoli está entre as maiores espécies que estão distribuídas nos Estados Unidos, rivalizando em tamanho com o beija-flor-de-garganta-anil (Lampornis clemenciae). Entre as características marcantes, estão seu bico preto longo e retilíneo ou ligeiramente curvado. Caso haja pouca incidência de luz solar, sua plumagem aparenta totalmente escura ou negra; com as cores vibrantes sendo mais visíveis com a iridescência. Durante o período que não está reproduzindo, a plumagem é mais opaca. Os machos adulto são verde-bronzeado na região dorsal, tornando-se mais bronzeado na cauda com ponta preta. A coroa é violeta, a garganta azul-esverdeada brilhante e, o resto da cabeça, preto, exceto por uma mancha branca atrás do olho. O peito é verde-bronzeado e o ventre acinzentado. A fêmea é verde-bronze no dorso e tem uma coloração ventral cinza opaca. Há uma faixa branca atrás de seu olho. As aves imaturas são como a fêmea, mas mais escuras e marrons.[4][5]

Distribuição e habitat editar

Os representantes do gênero são encontrados dentro de uma ampla área de distribuição, que abrange dois dos subcontinentes americanos, sendo estes o norte e central. O beija-flor-de-rívoli, apresenta uma área de distribuição mais próxima do neoártico, que inicia-se no sudoeste dos Estados Unidos, sendo encontrado principalmente pelo estado do Arizona, na Serra de Santa Rita; seguindo por quase toda a região central do México, passando por Oaxaca e Chiapas. Depois, agora em território centro-americano, se distribui em Guatemala, ao sul de Honduras e extremo norte de El Salvador, seguindo pela Nicarágua e, terminando sua distribuição na região central deste país. Enquanto a sua outra espécie, o beija-flor-de-talamanca, distribui-se exclusivamente na região entre a Costa Rica e ao norte do Panamá, na província de Chiriquí. Habita as as florestas de carvalho, encontrado parcialmente em clareiras e bordas de florestas, porém ainda, nas florestas secundárias próximas; ao que o beija-flor-de-rívoli habita as florestas de pinheiros, as florestas nubladas, assim como os interiores da floresta. Em relação à altitude, esta varia entre os 1500 aos 2500 metros acima do nível do mar, dependendo da área a qual se encontra. São frequentemente encontrados nas linhas de árvores.[5][4]

Sistemática e taxonomia editar

Esse gênero foi introduzido primeiramente no ano de 56,3, por um importante pesquisador e ornitólogo do Reino Unido durante o século XIX, John Gould, este o responsável pela nomeação e introdução deste novo gênero monotípico, Eugenes, originalmente visava a classificação dentro dos parâmetros em vigência na época o Trochilus fulgens, que depois passaria a ser conhecido como beija-flor-magnífico, descoberto por William John Swainson, um dos mais importantes e conhecidos ornitólogos e observadores de aves em atuação entre as décadas de 1800 a 1850, que seria o primeiro descritor desta espécie, em junho de 1827, com o seu tipo nomenclatural sendo encontrado em Temascaltepec, no México.[6][7] Originalmente, beija-flor-magnífico abrangia uma única espécie, que tinha duas subespécies, sendo as: Eugenes fulgens fulgens e Eugenes fulgens spectabilis, respectivamente, beija-flor-magnífico e beija-flor-de-talamanca.[1][8] Em 2017, entretanto, a taxonomia de Clements, publicado pelo Cornell Lab of Ornithology e pelo eBird, em conjunto com o North American Classification Committee e o International Ornithologists' Union, desmembraram a espécie, tornando-se em duas.[9][10][11][12] Por ser uma espécie prioritária, o beija-flor-de-rívoli detém o nome binomial original. Na proposta, também era proposto a separação de E. fulgens viridiceps, que não ocorreu, pelo caso da mesma não ser ao menos reconhecida. Ainda, Handbook of the Birds of the World, publicado pela BirdLife International, a mais conservadora das instituições ornitológicas, reconhece a classificação com as duas subespécies e uma única espécie.[13] O North American Classification Committee considera as duas espécies como monotípicas.[14][15]

Espécies[1][2] editar

Referências

  1. a b c Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». International Ornithologists' Union. IOC World Bird List Version 12.2. Consultado em 12 de janeiro de 2023 
  2. a b Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. pp. 111—116. ISSN 1830-7809. Consultado em 31 de dezembro de 2022 
  3. BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Magnificent Hummingbird (Eugenes fulgens. The IUCN Red List of Threatened Species. 2016: e.T22687746A168972435 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2021-3.RLTS.T22687746A168972435.en . Consultado em 12 de janeiro de 2023 
  4. a b Powers, Donald R.; Partida-Lara, Ruth; Enríquez, Paula L. (2020). «Rivoli's Hummingbird (Eugenes fulgens), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.maghum1.01. Consultado em 13 de janeiro de 2023 
  5. a b Partida-Lara, Ruth; Enríquez, Paula L. (2020). «Talamanca Hummingbird (Eugenes spectabilis), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.maghum2.01. Consultado em 13 de janeiro de 2023 
  6. Gould, John; Sharpe, R. Bowdler (1852–1854). «Eugenes fulgens». Londres: Taylor and Francis. A monograph of the Trochilidæ, or family of humming-birds (em inglês). 2: 59. OCLC 9648140. doi:10.5962/bhl.title.51056 . Consultado em 8 de dezembro de 2022 
  7. Swainson, William John (junho de 1827). «A Synopsis of the Birds discovered in Mexico by W. Bullock, F.L.S. and H.S., and Mr. William Bullock, jun». Londres: Taylor & Francis. The Philosophical Magazine or Annals of Chemistry, Mathematics, Astronomy, Natural History, and General Science. 1 (VI): 433–442. Consultado em 13 de janeiro de 2023 
  8. Schuchmann, Karl-L. (janeiro de 1999). «Family Trochilidae (Hummingbirds)». Barcelona: Lynx Edicions. Handbook of the Birds of the World. 5: 468–680. ISBN 84-87334-25-3. Consultado em 27 de agosto de 2022 
  9. Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, S. M. Billerman, T. A. Fredericks, J. A. Gerbracht, D. Lepage, B. L. Sullivan, and C. L. Wood. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  10. Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela C., eds. (3 de setembro de 2015). «Hummingbirds». International Ornithologists' Union. IOC World Bird List Version (5.3). Consultado em 13 de janeiro de 2023 
  11. McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Dudley, R.; Altshuler, Douglas L. (janeiro de 2009). «A higher-level taxonomy for hummingbirds». Journal of Ornithology (em inglês) (1): 155–165. ISSN 2193-7192. doi:10.1007/s10336-008-0330-x. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  12. van Remsen, James, Jr. (8 de dezembro de 2016). «Treat the subspecies (A) spectabilis and (B) viridiceps as separate species from Eugenes fulgens (Magnificent Hummingbird)» (PDF). American Ornithological Society. North and Middle America Proposal Set (2017-B): 17–25. Consultado em 13 de janeiro de 2023 
  13. BirdLife International (2020). «Handbook of the Birds of the World and BirdLife International digital checklist of the birds of the world». Datazone BirdLife International. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  14. Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  15. Chesser, R.T.; Billerman, S.M.; Burns, K.J.; Cicero, C.; Dunn, J.L.; Hernández-Baños, B.E.; Jiménez, R.A.; Kratter, A.W.; Mason, N.A.; Rasmussen, P.C.; Remsen, Jr., J.V.; Stotz, D.F.; Winker, K. (2022). «Check-list of North American Birds». American Ornithologists' Society. Consultado em 13 de dezembro de 2022 

Ligações externas editar

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