Eunice de Paula Cunha (Cajuru, 1915São Paulo, 2014) foi uma professora, jornalista, ativista do movimento negro e precursora do feminismo contemporâneo brasileira.[1][2][3]

Eunice Cunha
Nome completo Eunice de Paula Cunha
Nascimento 1915
Cajuru
Morte 2014 (99 anos)
São Paulo
Nacionalidade brasileira
Ocupação professora, jornalista e ativista
Panfleto da Frente Negra Brasileira, do qual Eunice Cunha foi cofundadora.
Panfleto da Frente Negra Brasileira, do qual Eunice Cunha foi cofundadora.

Biografia editar

Foi uma das fundadoras da Frente Negra Brasileira.[1][2][4][5]

Colaborou com a criação do jornal batizado de O Clarim, posteriormente denominado O Clarim da Alvorada (ou Clarim d’Alvorada). Lá, ela foi redatora, entre 1924 e 1932, e sobressaiu como jornalista na imprensa negra brasileira, sendo uma de suas principais lideranças intelectuais.[6][7][8][1][2][9][10]

Utilizava o pseudônimo "Nice" e era vista como representante de todas as mulheres negras brasileiras.[7]

Segundo o jornal Jornegro, Eunice Cunha deveria ser tomada como exemplo e importante símbolo da mulher negra, que colaborava na desconstrução dos estereótipos (como os de funcionárias domésticas ou de objetos sexuais).[11][6]

Embora ainda não se denominasse feminista, ficou conhecida por sua luta pela igualdade de gênero e racial. Denunciou o racismo e ainda o destrato contra jovens negras trabalhadoras domésticas.[7][6]

Num momento em que a mulher, no Brasil, ainda não tinha direito de voto e ainda lutava por mínimos direitos sociais, Eunice antecipava visões do feminismo contemporâneo e incitava que mulheres negras buscassem espaços na educação moderna. Via a luta por ascensão social, como forma de romper com o sistema escravista.[3][8][9][10][7]

Seu chamado à educação das mulheres negras constituiu determinante abertura de canais seguros para as militantes que vieram depois.[6]

Foi casada com Henrique Antunes Cunha e mãe de Henrique Antunes Cunha Júnior.[4]

Prêmio editar

  • Tributo aos Lutadores (in memorian).[12]

Obras selecionadas editar

  • Apelo às Mulheres Negras, O Clarim. São Paulo, abril de 1935.[9]
  • A mulher moderna e a sua educação, O Clarim. São Paulo, maio de 1935.[7]

Ver também editar

Referências

  1. a b c 1609946. «VOZES INSURGENTES DE MULHERES NEGRAS - do século XVIII à primeira década do século XXI». Issuu (em inglês). Consultado em 10 de setembro de 2021 
  2. a b c Brito, Bianca M S de (2020). A escrita de si de mulheres negras: memória e resistência ao racismo (PDF) (Tese de doutorado). São Paulo: USP. pp. 88, 190, 237, 247 
  3. a b Pereira, Amauri Mendes (2016). «Nem "raio em céu azul", nem "diálogo de surdos": Uma proposta para além do racismo e do anti-racismo». Revista Aú (01). ISSN 2238-8494. Consultado em 10 de setembro de 2021 
  4. a b História da educação do negro e outras histórias (PDF). Brasília: MEC/BID/UNESCO. 2005. p. 132. ISBN 852960038X 
  5. «Relembrando Palmares: Do Quilombo Histórico à Memória do Povo Negro - Geledés Instituto da Mulher Negra | Rede de Historiadores Negros | Acervo Cultne». Google Arts & Culture. Consultado em 10 de setembro de 2021 
  6. a b c d Alves, Priscila T (2020). A IDIOSSINCRASIA DA COR: NARRATIVAS DE INTELECTUAIS NEGRAS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO. (PDF). Campinas: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. pp. 25, 112, 115, 159 
  7. a b c d e Silva, Maria Saraiva da (2017). A invisibilidade da mulher negra na imprensa negra do Brasil: uma questão de gênero. [S.l.]: UFC. ISBN 9788542011487 
  8. a b Oliveira, Laila T B de (2016). A MULHER NEGRA NA PRIMEIRA PESSOA: UMA CONSTRUÇÃO DE RAÇA E GÊNERO NAS NOVELAS PROTAGONIZADAS POR TAÍS ARAÚJO (PDF). São Cristóvão: [s.n.] p. 30 
  9. a b c Xavier, Giovana (2013). Segredos de penteadeira: conversas transnacionais sobre raça, beleza e cidadania na imprensa negra pós-abolição do Brasil e dos EUA. Rio de Janeiro: [s.n.] doi:10.1590/S0103-21862013000200009 
  10. a b Ribeiro, Jessika (12 de dezembro de 2018). «Mulheres negras contra o racismo, a violência e pelo bem viver | Geyse Silva, Ana Carolina Dartora, Moara Saboia, Márcia Fernandes e e Dandara Tonantzin». Democracia Socialista. Consultado em 10 de setembro de 2021 
  11. LOPES, MARIA A de O (2007). História e memória do negro em São Paulo: efemérides, símbolos e identidade (1945-1978) (PDF) (Tese de doutorado). Assis: UNESP. p. 189 
  12. «No Jornal da Advocacia, o reconhecimento à luta contra o racismo». OAB SP. Consultado em 10 de setembro de 2021 


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