Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

unidade da Universidade de São Paulo

A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH - USP) é uma unidade de ensino, pesquisa e extensão universitária sediada na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, responsável pelas áreas de Filosofia, História, Geografia, Letras e Ciências Sociais. É a unidade com maior número de estudantes da Universidade de São Paulo a qual oferece cursos nas áreas descritas em graduação e pós-graduação.

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
Logo da Faculdade desde 2018
FFLCH-USP
Nomes anteriores FFCL (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras)
Fundação 1934 (90 anos)
Tipo de instituição Unidade integrante da USP de ensino, pesquisa e extensão.
Localização São Paulo, SP,  Brasil
Docentes 433
Total de estudantes Mais de 17 mil
Graduação 9.239
Pós-graduação 2.906
Campus Campus USP da Capital
Página oficial www.fflch.usp.br

História editar

Originou-se a partir da extinta Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL). Foi fundada em 1934 com a finalidade de ser o pólo centralizador das atividades da recém-criada Universidade de São Paulo e de formação de um núcleo de pesquisadores brasileiros em diversas áreas do conhecimento. Seus primeiros anos foram marcados pela multidisciplinaridade (oferecia cursos de ciências exatas, humanas e biológicas) e pela atuação da missão de professores europeus, em boa parte franceses (pois não havia no Brasil docentes formados em cursos desses tipos), entre os quais se encontravam o cientista Prof. Dr. Antônio Ferreira de Almeida Júnior, o antropólogo Claude Lévi-Strauss, o historiador da Escola dos Annales Fernand Braudel, o sociólogo Roger Bastide, o politólogo Paul Arbousse Bastide, o filósofo Jean Maugüé, entre outros. O objetivo prático de sua criação foi o de preparar professores especializados para o ensino secundário e superior. À medida que a universidade se expandia, muitos departamentos ligados principalmente às ciências exatas e biológicas da FFCL ganharam autonomia, formando institutos ou escolas próprias, como o Instituto de Física ou o Instituto de Matemática e Estatística.

Na década de 1960, a FFCL esteve localizada na Rua Maria Antônia, em São Paulo, e foi foco de um intenso movimento estudantil, político e intelectual de oposição ao regime militar instalado no Brasil em 1964. Muitos de seus professores como Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Octavio Ianni e José Arthur Giannotti foram aposentados compulsoriamente e foram obrigados a se exilar ou a continuar suas atividades intelectuais fora da Universidade.

Na época, a proximidade entre a FFCL e a Universidade Mackenzie foi motivo para um confronto aberto entre correntes políticas distintas em plena rua Maria Antônia. A FFCL reunia grande parte de estudantes de esquerda de São Paulo, em oposição à Universidade Mackenzie, que possuía, à época, um grupo de estudantes de direita que pertencia ao CCC (Comando de Caça aos Comunistas). A proximidade entre os dois grupos estudantis criou uma tensão que culminou em um sangrento confronto o qual matou o estudante secundarista José Carlos Guimarães, do Colégio Marina Cintra, da Rua da Consolação, de 20 anos, que fora apenas ver o que estava ocorrendo, sendo atingido e morto por uma bala perdida.[1] O conflito acelerou o processo de transferência, já previsto, realizado pelo regime militar, da Faculdade para a atual Cidade Universitária, no bairro do Butantã.

Em 2002, houve uma grande greve promovida pelos estudantes pela contratação de professores (a falta de professores é um problema crônico da Faculdade - e também da USP - até hoje) que durou quase quatro meses e que acabou resultando na contratação de 92 novos docentes - menos que o esperado e desejado pelos estudantes.

A Faculdade possui uma tradição de formação intelectual importante dentro do Brasil, e seus frutos podem ser conferidos pelo conjunto importante de contribuições para o pensamento político, social e artístico brasileiros de seus alunos e professores. Atualmente, o resultado de tais contribuições intelectuais torna a Faculdade de Filosofia uma presença constante em premiações brasileiras importantes como os prêmios Jabuti e Juca Pato. Entre os antigos e atuais professores e alunos da Faculdade de Filosofia da USP, destacam-se grandes figuras como: Alfredo Bosi, Antonio Candido, Arnaldo Antunes, Aziz Ab'Saber, Bento Prado Júnior, Boris Schnaiderman, Daniel Joca de Oliveira, Décio de Almeida Prado, Dino Preti, Egon Schaden, Eurípedes Simões de Paula, Fernando de Azevedo, Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, Francisco de Oliveira, Francisco Weffort, Franklin Leopoldo e Silva, Gilda de Mello e Souza, Hudinilson Urbano, István Jancsó, João Adolfo Hansen, João Cruz Costa, José Arthur Giannotti, José de Souza Martins, José Luiz Fiorin, José Miguel Wisnik, Juarez Brandão Lopes, Leonor Lopes Fávero, Lívio Teixeira, Lourival Gomes Machado, Luiz Tatit, Maria Isaura Pereira de Queiroz, Marialice Forrachi, Maria Regina da Cunha Rodrigues Simões de Paula, Marilena Chaui, Milton Santos, Newton da Costa, Octavio Ianni, Olgária Matos, Oswaldo Porchat Pereira, Paulo Arantes, Renato Janine Ribeiro, Roberto Cardoso de Oliveira, Roberto Schwarz, Roger Bastide, Ruth Cardoso, Ruy Fausto, Ruy Mesquita, Sérgio Buarque de Holanda, entre outros nomes ilustres.

Durante o período de redemocratização do país, alguns professores ganharam papel destacado dentro da esfera governamental. Os professores Fernando Henrique Cardoso e Florestan Fernandes foram deputados constituintes no período 1987-1988, sendo que o primeiro também ocupou os postos de Ministro de Estado da Fazenda e das Relações Exteriores no governo Itamar Franco e de Presidente da República entre 1994 e 2002. No campo da cultura, a professora Marilena Chauí foi secretária de Cultura da Prefeitura de São Paulo durante a gestão de Luísa Erundina e o professor Francisco Weffort foi Ministro de Estado da Cultura na gestão de Fernando Henrique. No atual governo federal, destaca-se a presença de professores e alunos desta instituição, como o Ministro da Educação Prof. Dr. Fernando Haddad, o Ministro dos Esportes Orlando Silva, o secretário especial do Direitos Humanos Paulo de Tarso Vannuchi, o ex-porta-voz da Presidência da República André Singer e o ex-presidente do IPEA Prof. Dr. Glauco Arbix responsável pela "Carta Ao Povo Brasileiro" de 2002, marco do início da campanha do Partido dos Trabalhadores à presidência da República.

Diretores[2] editar

Primeiros Diretores (FFCL/FFLCH)

O primeiro Diretor da Faculdade foi o Prof. Theodoro Augusto Ramos, matemático da Escola Politécnica encarregado de viajar para a Europa e trazer para a USP os professores estrangeiros nas chamadas Missões Francesas e Italiana. O Prof. Theodoro, no entanto, permaneceu pouco tempo no cargo, sendo então substituído pelo Prof. Antonio de Almeida Prado, da Faculdade de Medicina, ainda no ano de 1934.

No período de 1934 até 1969, ano da Reforma Universitária que dividiu a FFCL em FFLCH e outros institutos (IME, IP, IF, IQ, IG, FE), os Diretores estiveram assim divididos: cinco deles eram professores de outras unidades (Theodoro Augusto Ramos e Luiz R. Anhaia Mello, da Escola Politécnica; Antonio de Almeida Prado e Ernesto de Souza Campos, da Faculdade de Medicina; e Alexandre Correa, da Faculdade de Direito) e sete da própria FFCL. Desses, três eram do curso de História (Alfredo Ellis Junior, Astrogildo R. Mello e Eurípedes Simões de Paula), um da Sociologia (o prof. Fernando Azevedo) e três da Biologia (Paulo Sawaya, André Dreyfuss e Mário Guimarães Ferri). O Prof. Eurípedes, que era Diretor quando a FFCL foi dividida, continuou como Diretor da nova unidade, a FFLCH, até 1972.

Relação de Diretores e Vices:

1934 – Theodoro Augusto Ramos (Diretor)

1934 a 1937 – Antonio de Almeida Prado (Diretor)

1937 a 1938 – Ernesto de Souza Campos (Diretor)

1938 a 1939 - Alexandre Corrêa (Diretor)

1939 a 1941 – Alfredo Ellis Junior (Diretor)

1941 – E. R. Anhaia Mello (Diretor)

1941 a 1943 – Fernando de Azevedo (Diretor)

1943 a 1947 - André Dreyfus (Diretor)

1947 a 1950 – Astrogildo R. Mello (Diretor)

1950 a 1958 – Eurípedes Simões de Paula (Diretor)

1959 a 1960 – Paulo Sawaya (Diretor)

1961 a 1968 – Mário Guimarães Ferri (Diretor)

1968 a 1972 - Eurípedes Simões de Paula (Diretor)

1972 a 1974 – Eduardo D'Oliveira França (Diretor)

1974 a 1977 – Eurípedes Simões de Paula (Diretor)

1977 a 1981 – Erwin Theodor Rosenthal (Diretor)

1982 a 1984 – Ruy Galvão de Andrada Coelho (Diretor)

16.05.1985 a 21.05.1989 – João Baptista Borges Pereira (Diretor)

21.06.1985 a 20.06.1989 – João Paulo Gomes Monteiro (Vice)

22.05.1989 a 26.04.1990 – João Alexandre Costa Barbosa (Diretor)

07.08.1989 a 17.06.1990 – Adilson Avansi de Abreu (Vice)

18.06.1990 a 17.06.1994 – Adilson Avansi de Abreu (Diretor)

25.06.1990 a 24.06.1994 – Izidoro Blikstein (Vice)

27.06.1994 a 26.06.1998 – João Baptista Borges Pereira (Diretor)

22.08.1994 a 23.07.1998 – Francis Henrik Aubert (Vice)

24.07.1998 a 23.07.2002 – Francis Henrik Aubert (Diretor)

25.08.1998 a 24.08.2002 – Renato da Silva Queiroz (Vice)

24.07.2002 a 20.12.2005 – Sedi Hirano (Diretor)

25.08.2002 a 24.08.2003 – Eni de Mesquita Samara (Vice)

24.03.2006 a 25.09.2008 – Gabriel Cohn (Diretor)

22.03.2004 a 21.03.2008 – Sandra Margarida Nitrini (Vice)

26.09.2008 a 25.09.2012 – Sandra Margarida Nitrini (Diretora)

18.12.2008 a 17.12.2012 – Modesto Florenzano (Vice)

26.09.2012 a 25.09.2016 – Sergio França Adorno de Abreu (Diretor)

04.02.2013 a 25.09.2016 – João Roberto Gomes de Faria (Vice)

26.09.2016 a 25.09.2020 – Maria Arminda do Nascimento Arruda (Diretora)

26.09.2016 a 25.09.2020 – Paulo Martins (Vice)

26.09.2020 a 25.09.2024 – Paulo Martins (Diretor)

26.09.2020 a 25.09.2024 – Ana Paula Megiani (Vice-Diretora)

Professores eméritos editar

O título de Professor Emérito é dado a professores aposentados com destacados serviços prestados à Faculdade e com elevada qualidade acadêmica. A proposta de concessão do título parte do Conselho Departamental onde o professor estava lotado, deve ser apreciada pela Congregação, e depois aprovada por dois terços de seus membros.[3][4]

Títulos em ordem cronológica editar

Greve estudantil de 2002 editar

Em 29 de abril de 2002, uma assembleia de alunos do curso de Letras aprovou a decretação de uma greve por tempo indeterminado. Eles reivindicaram a contratação de professores para minimizar a superlotação de salas de aulas, alguns docentes chegavam a trabalhar com turmas de 200 alunos.[6]

Depois de 104 dias, em 15 de agosto, a greve terminou após votação feita pelos estudantes, que pediam a contratação de 259 professores, enquanto a reitoria propôs contratar 92, proposta aceita por alguns professores.[7][8]

Periódicos editar

A Faculdade publica mais de quarenta periódicos. Cada um está associado a um dos doze departamentos da unidade.

Antropologia[9]

  • Cadernos de Campo
  • GIS – Gesto, Imagem e Som – Revista de Antropologia
  • Revista de Antropologia
  • Revista Ponto.Urbe

Ciência Política[10]

  • Leviathan

Filosofia[11]

  • Discurso
  • Journal of Ancient Philosophy
  • Cadernos Espinosanos
  • Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade
  • Cadernos de Ética e Filosofia Política
  • Primeiros escritos

Geografia[12]

  • Revista do Departamento de Geografia
  • Geousp – Espaço e Tempo
  • Confins
  • Revista Paisagens

História[13]

  • Revista de História
  • Revista Angelus Novus
  • Revista Epígrafe
  • Intelligere - Revista de História Intelectual
  • Revista Mare Nostrum
  • Revista Ingesta

Letras Clássicas e Vernáculas[14]

  • Filologia e Linguística Portuguesa
  • Linha D'Água
  • Teresa – Revista de Literatura Brasileira
  • Via Atlântica
  • Revista Desassossego
  • Machado de Assis em linha
  • PAPIA - Revista Brasileira de Estudos do Contato Linguístico
  • Literartes
  • Revista Crioula
  • Revista Opiniães

Letras Modernas[15]

  • Pandaemonium Germanicum
  • Caracol
  • Criação e Crítica
  • ABEI Journal
  • Revista de Italianística
  • Non Plus

Letras Orientais[16]

  • Revista Estudos Orientais
  • RUS - Revista de Literatura e Cultura Russa
  • Cadernos de Língua e Literatura Hebraica
  • Estudos Japoneses
  • Revista Vértices
  • 子曰 Zi Yue: Revista de Sinologia da Universidade de São Paulo

Linguística[17]

  • Estudos Semióticos
  • Cadernos de Historiografia Linguística do CEDOCH

Sociologia[18]

  • Tempo Social
  • Plural - Revista de Ciências Sociais

Teoria Literária e Literatura Comparada[19]

  • Literatura e Sociedade
  • Magma

Notas e referências

Notas

  1. Sociólogo e antropólogo, único docente externo à FFLCH que recebeu título de professor emérito.

Referências

  1. «Revista Veja: Destruição e morte por quê?». Consultado em 15 de junho de 2013. Arquivado do original em 8 de setembro de 2013 
  2. «Histórico de Diretores». www.fflch.usp.br. Consultado em 13 de dezembro de 2020 
  3. «Professores Eméritos | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas». fflch.usp.br. Consultado em 26 de junho de 2017. Arquivado do original em 14 de maio de 2017 
  4. «Professores Eméritos». Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Consultado em 22 de dezembro de 2019 
  5. «Marilena Chauí recebe título de Professora Emérita» 
  6. «Greve contra a crise na FFLCH começou em abril». Folha.com. 26 de junho de 2002. Consultado em 6 de dezembro de 2013 
  7. «Depois de 104 dias, termina greve na FFLCH». Estadão.com. 15 de Agosto de 2002. Consultado em 6 de dezembro de 2013 
  8. «Fim de greve ganha força na FFLCH». Folha.com. 6 de agosto de 2002. Consultado em 6 de dezembro de 2013 
  9. «Departamento de Antropologia». Consultado em 28 de janeiro de 2022 
  10. «Leviathan». Portal de Revistas da USP. 29 de junho de 2017. Consultado em 28 de janeiro de 2022 
  11. «Publicações». Departamento de Filosofia. Consultado em 28 de janeiro de 2022 
  12. «Publicações». Departamento de Geografia. Consultado em 28 de janeiro de 2022 
  13. «Departamento de História». Consultado em 28 de janeiro de 2022 
  14. «Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas». Consultado em 28 de janeiro de 2022 
  15. «Publicações do DLM». Departamento de Letras Modernas. Consultado em 28 de janeiro de 2022 
  16. «Revistas». Departamento de Letras Orientais. Consultado em 28 de janeiro de 2022 
  17. «Periódicos». Departamento de Linguística. Consultado em 28 de janeiro de 2022 
  18. «Departamento de Sociologia». Consultado em 28 de janeiro de 2022 
  19. «Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada». Consultado em 28 de janeiro de 2022 

Ligações externas editar