Família Restúnio
Restúnio (em latim: Restunius; em armênio/arménio: Ռշտունի; romaniz.:Ṙštuni) foi uma família nobre (nacarar) de armênios.

Vida editar
Possuíam terras na província de Vaspuracânia. Uma delas era o cantão de Restúnia na costa sul do lago Vã, com a cidade capital de Vostano, a cidade fortaleza de Altamar e Tosbe, certa vez Tuspa, a capital do Reino de Urartu. A outra era Besnúnia, ao norte do lago, obtida dos arsácidas após o extermínio da família Besnúnio.[1] Moisés de Corene alude que os Restúnios eram ramo da família Siuni, mas Cyril Toumanoff não acha possível.[2] Os Restúnios tradicionalmente eram reconhecidos como relacionados ao divino Haico. Toumanoff pensa que a origem de seu patronímico tem relação ao nome real de Rusa (quatro reis urartianos) e por seu Estado ocupar o núcleo da antiga monarquia urartiana, acha que tem ligação com essa monarquia.[3] Eles podiam arregimentar 1 000 cavaleiros.[4]
Moisés de Corene afirmou que o general parta do século I a.C. Barzafarnes pertencia a essa família.[5] Segundo relato de Agatângelo, um príncipe Restúnio, listado em nono numa lista de precedência, participou no concílio convocado pelo rei Tirídates III (r. 287–330) no outono de 314.[6] Em 338, no tempo de Cosroes III (r. 330–339), Meendaces I, pai de Tatzates, ajudou Vache I a lidar com a invasão de Sanatruces, chefe de masságetas e alanos, e a revolta independentista de Bacúrio, vitaxa de Arzanena.[7] À época, seu irmão Manachir foi nomeado um dos 4 comandantes-em-chefe da Armênia e ficou respondeu pela zona sul.[8][9][10] Após sua morte, foi sucedido em sua posição por seu outro irmão Zora. Ele rebela-se contra Tigranes VII (r. 339–350) e causa o massacre de sua família, mas seu sobrinho Tatzates, o último membro de sua família, é salvo.[11]
Em 358, Meendaces II participa de uma embaixada a Constantinopla na qual são libertados Genelo e Tirites, primos do rei Ársaces II (r. 350–368).[12] Garegino II, filho de Tatzates, casou-se com Amazaspa, a irmã de Bassaces I, Vardanes I e Baanes, o Apóstata, que matou-a por se recusar a apostatar o cristianismo em favor do zoroastrismo.[13][14] Ele luta ao lado de Manuel Mamicônio contra o rei Varasdates (r. 374–378), mas é morto por certo Danunes.[15] No tempo que a Armênia esteve sob disputa entre o Império Bizantino e Império Sassânida, os Restúnios apoiaram mais o segundo.[16] Cerca de 449, é citado certo Artaces, convocado a corte de Ctesifonte pelo xá Isdigerdes II (r. 438–457).[17]
Em 505-506, no Primeiro Concílio de Dúbio, um príncipe Restúnio assinou as atas do concílio.[18] No século VII, Teodoro Restúnio serviu como mestre dos soldados no Império Bizantino e então governou a Armênia como patrício e príncipe (iscano) entre 643-645 em nome do imperador Constante II (r. 641–668). Em 653/654, negociou a paz com o Califado Ortodoxo e foi reconhecido como chefe da Armênia pelos árabes até sua queda em 655. Em seguida, sua família entra em declínio, Restúnia foi perdida à família Mamicônio e então à família Arzerúnio e então os Restúnios se extinguem sob domínio árabe.[3]
Referências
- ↑ Toumanoff 1963, p. 132; 213.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 204, nota 230.
- ↑ a b Toumanoff 1963, p. 213.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 240.
- ↑ Moisés de Corene 1978, p. 156-157.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 160-162.
- ↑ Fausto, o Bizantino século V, III.VII.
- ↑ Dodgeon 2002, p. 273-274.
- ↑ Syvanne 2015, p. 305.
- ↑ Moisés de Corene 1978, p. 237.
- ↑ Moisés de Corene 1978, p. 267; 269.
- ↑ Fausto, o Bizantino século V, IV.11.
- ↑ Toumanoff 1990, p. 329.
- ↑ Settipani 2006, p. 132.
- ↑ Fausto, o Bizantino século V, V.XXXVII.
- ↑ Grousset 1947, p. 292.
- ↑ Lázaro de Parpi século V, II.25-26.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 249-250.
Bibliografia editar
- Dodgeon, Michael H.; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part I, 226–363 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-00342-3
- Fausto, o Bizantino (século V). História da Armênia
- Grousset, René (1947). Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot
- Lázaro de Parpi (século V). História dos Armênios
- Moisés de Corene (1978). Thomson, Robert W., ed. History of the Armenians. Cambrígia, Massachusetts; Londres: Harvard University Press
- Settipani, Christian (2006). Continuidade das elites em Bizâncio durante a idade das trevas. Os príncipes caucasianos do império dos séculos VI ao IX. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8
- Syvanne, Ilkka (2015). Military History of Late Rome 284-361. Barnsley, Reino Unido: Pen and Sword. ISBN 1473871840
- Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press
- Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle: Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila