História

Segundo Augusto César Esteves, os Frades Capuchos Franciscanos (da Província da Conceição) “estabeleceram a sua sede no Convento de Santo António, em Viana da Foz do Lima e daí se disseminaram pelo Alto Minho” (Esteves, 2003). A Melgaço chegaram em 1746 e dois anos depois resolveram fundar um hospício no sítio da Calçada, do qual era senhor o Capitão-Mor Manuel da Silva que veio a vender aos frades por 500.000 reis o terreno necessário à construção. Em 28 de Novembro daquele ano iniciaram-se as obras da Capela-mor e primeiro dormitório por pedreiros de Lanhelas pelas quais receberam no final 600.000 reis. Em 1750 os frades instalaram-se no novo convento embora a igreja só tivesse ficado concluída em 1752.

Com a extinção em 1834 das Congregações Religiosas, “a Quinta do Convento de Nossa Senhora da Conceição da vila de Melgaço, com a casa destinada à habitação dos frades foi posta a lanços e arrematada. Adquiriu-a assim em 1837 o P.e António Bernardo Gomes da Cunha, pela quantia de 2.001$000 reis” (idem, ibidem).

Passou entretanto a pertencer à Misericórdia de Melgaço e actualmente é propriedade da Igreja católica (Amaral/DGEMN, 2000).

Descrição

Enquadrado em meio urbano periférico, com adro murado acedido por escadaria, o templo segue o modelo de arquitectura conventual franciscana espalhado por várias vilas minhotas, em particular Arcos de Valdevez (S. Bento) e Ponte de Lima (Sto. António), sendo um dos elementos comuns o largo arco em ‘asa de cesto’ que dá acesso a uma galilé.

A planta desenvolve-se longitudinalmente e é composta por galilé, nave única e capela-mor (rectangulares), com coberturas diferenciadas a duas águas.

A frontaria, voltada a sudoeste, é rebocada e pintada a branco excepto embasamento, molduras, cunhais, cornijas e elementos decorativos. Desenvolve-se segundo composição axial formada pelo dito arco em ‘asa de cesto’ da galilé, pela janela gradeada rectangular com verga e peitoril encurvados e pelo janelão horizontal oval. Remate por cornija saliente, ‘de lanços’ contracurvados, encimada por cruz no vértice e pináculos nas extremidades, apresentando-se neste aspecto distinta do modelo preconizado.

Na galilé, com cobertura plana, em tabuado de madeira, e pavimento lajeado, abre-se porta central de acesso à nave, com verga encurvada, moldura recortada (decorada com enrolamentos e motivo geométrico, sobre o fecho do arco) e duas folhas de abrir almofadadas e pintadas. A enquadra-la painéis de azulejos pintados com imagens de Nossa Senhora da Misericórdia, à esquerda, e de Nossa Senhora da Pastoriza, à direita; a NO., nicho de vão rectangular, cerrado por porta gradeada, albergando a imagem, de grandes dimensões, do Senhor dos Passos, e, confrontante, porta de vão rectangular, de acesso ao Convento.

A torre, no prolongamento da fachada principal e de igual cércea, possui duas janelas rectangulares sobrepostas e campanário de uma sineira. É coroada por cornija recta sob pináculos.

As restantes fachadas, com estrutura e acabamentos semelhantes aos da fachada principal, são percorridas por cornija, pináculos sobre os cunhais e cruzes no vértice das empenas. Os alçados laterais são rasgados por janelas rectangulares, na nave e capela-mor. Alçado posterior com janelas rectangulares nas sacristias e anexo.

No interior releva-se o tecto pintado da capela-mor, a caixa do órgão, o cadeiral no coro. Dentro da obra em talha e da imaginária, destaca-se o altar de S. Roque (?) sob dossel coroado com resplendor e ladeado por anjos que seguram os panos da cortina; diversos ornatos e uma policromia exuberante tornam fascinante este pequeno conjunto retabular.