Florián de Ocampo

Florián de Ocampo (Zamora, c. 1499 -c. 1558), em Portugal também chamado Florião do Campo,[1] foi um historiador e escritor espanhol, cronista de Carlos V.[2]

Frontispício de Los cuatro libros primeros de la crónica general de España que recopila el maestro Florián de Ocampo..., Zamora, 1543.

Biografia editar

Não há certeza quanto ao seu nascimento (entre 1499 e 1513) na cidade de Zamora ou arredores.

Foi nomeado Carlos V em 1539. Em 1541 publica uma edição do que se considerava a Estoria de España de Afonso X, o Sábio, intitulada Las cuatro partes enteras de la crónica de España que mandó componer el serenísimo rey don Alonso llamado el Sabio. Esta Crónica geral de Afonso X de Ocampo reúne distintas crónicas afonsinas. As três primeiras partes, até à morte de Bermudo III de Leão, recorrem ao texto Crónica general vulgata; uma «quarta parte» (denominada especificamente por Diego Catalán Crónica ocampiana) que compreende a que então se considerava a História de Castela, desde Fernando I de Leão[3][4][5]

Em 1543 publica em Zamora a sua própria crónica, no âmbito do seu cargo de cronista real, nos seus quatro livros da Crónica general de Espanha, que compreende desde a Criação do Mundo até à morte dos Cipiões. Dez anos depois publicou um quinto livro en Medina del Campo. A obra foi continuada por Ambrosio de Morales. A finalidade desta obra inconclusa era mostrar a grande antiguidade da monarquia espanhola, e a isso sacrificou frequentemente a objectividade ou a verdade. Contém grande quantidade de elementos fictícios e lendários; recorre a invenções próprias (como o autor Julián Lucas) e aceita cronistas anteriores, espanhóis ou italianos, tendo difundido o polémico João Ânio de Viterbo.

Em 1984 foi criado em sua honra o Instituto de Estudios Zamoranos Florián de Ocampo.

Influência na Literatura Portuguesa editar

Florião do Campo influenciou bastantes escritores portugueses do Séc. XVI ao Séc. XVIII, que o citam frequentemente, muitas vezes para apresentar alternativas às suas interpretações[1]. Por exemplo, Bernardo de Brito, que apesar de o seguir em muitos mitos para a Monarquia Lusitana e Espanhola, não deixa de referir que Florião segue de perto a versão de João Ânio de Viterbo. Por exemplo, no episódio sobre Hércules Líbico e os Lominios, diz mesmo que "segue João Ânio em tudo":

(...) «Oro Lybico, e vindo a singular batalha, os matou a todos os três (como além de Garivay e Pineda, refere Florião do Campo, estribado em Beroso e João Annio, a quem vai seguindo em tudo)»[1]

Obra editar

Crónica general de Alfonso X:

Crónica general de España

Referências editar

  1. a b c «Monarchia Lusytana»  Bernardo de Brito (1597)
  2. Álvarez Martínez, Ursicino (1965). Historia General Civil y Eclesiástica de la Provincia de Zamora primera ed. Madrid: Editorial Revista de Derecho Privado 
  3. Mª del Mar Bustos, «Crónica ocampiana», en Carlos Alvar y José Manuel Lucía Megías (eds.), Diccionario filológico de literatura medieval española, Madrid, Castalia (Nueva Biblioteca de Erudición y Crítica, 21), 2002, págs. 351-357;
  4. Alberto Montaner Frutos, «La huida de Vellido, ¿por las puertas o el postigo? (o De la Chronica Naierensis y las fuentes alfonsíes)», Actas del X Congrès Internacional de l’Associació Hispànica de Literatura Medieval (Alicante, 16-20 de septiembre de 2003), Alicante, Institut Interuniversitari de Filologia Valenciana, 2005 (Symposia Philologica), vol. III, págs. 1179-1197 y
  5. Guerra en Šarq Alʼandalus: Las batallas cidianas de Morella (1084) y Cuarte (1094) (en ed. conjunta con A. Boix), Zaragoza, Instituto de Estudios Islámicos y del Oriente Próximo, 2005, esp. los apartados sobre caracterización, evaluación y evolución las fuentes alfonsíes (cap. II, § 2, págs. 102 y ss. y § 11, págs. 213 y ss.)