Forte de São Cristóvão

Forte de São Cristóvão
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Mapa

O Forte de São Cristóvão localizava-se na margem direita da foz do rio Irapiranga (atual rio Sergipe), no litoral do estado de Sergipe, no Brasil.

História editar

SOUZA (1885) refere que nenhuma obra de defesa existia na Província de Sergipe à época (1885), nem mesmo as ruínas de um forte erguido ao Norte do rio Real em 1589, a fim de defender a cidade de São Cristóvão, assim denominada em homenagem a D. Cristóvão de Moura, vice-Rei de Portugal durante a Dinastia Filipina (1580-1640) sob o reinado de D. Filipe I (1580-1598) (op. cit., p. 90; GARRIDO, 1940:83).

O Governador e Capitão-general do Estado do Brasil (interino) Cristóvão Cardoso de Barros (1587-1591) organizou, em fins de 1589, uma expedição para a colonização do Serygipe, coibindo a presença francesa aliada aos indígenas naquele litoral (BARRETTO, 1958:164). Desse modo, em janeiro de 1590, derrotou às margens do rio Irapiranga (atual rio Sergipe) as forças dos Caetés sob o comando do cacique Boipeba, capturando cerca de quatro mil indígenas. Fundou em seguida, à margem direita do rio, a povoação de São Cristóvão, iniciando, para a sua defesa, um forte sob a invocação do mesmo santo (Forte de São Cristóvão). Simples paliçada em faxina e terra, BARRETTO (1958) dá-a como artilhada na ocasião com seis peças (op. cit., p. 164) de pequeno calibre.

Por razões de segurança a povoação foi transferida pouco depois para um ponto elevado entre o rio Poxim e o litoral, e finalmente, em 1607, para o seu local atual, quatro léguas adentro da enseada do rio Vaza-Barris. Cristóvão de Barros determinou a construção de um presídio e de um armazém bélico, que deixou a cargo do capitão Rodrigo Martins, antes de retornar para os seus domínios na Capitania da Bahia, ao Sul do rio Real.

O denominado Forte Velho encontra-se cartografado por João Teixeira Albernaz, o velho (mapa "Sergipe d'El Rey", 1612. Livro que dá Razão do Estado do Brazil, c. 1616. Biblioteca Pública Municipal do Porto). Diogo de Campos Moreno assim descreveu a defesa da Capitania:

"Tem o rio Sergipe uma povoação de casas de taipa cobertas de palha, pequena, à qual chamam a cidade de São Cristóvão; primeiro foi fundada no ponto A, que se vê na carta desta Capitania à fol. …, (…). No ponto A já nomeado, estão as ruínas de um forte que fez Cristóvão de Barros para a guarda da barra, (…)." (op. cit., p. 161-162)
"No alarde que se fez à gente desta Capitania, no ano de [1]611, apareceram cento e cinquenta homens, os mais deles com suas escopetas, os outros com arcabuzes; entram em duas Companhias com seus oficiais, ainda ao rústico por lhes faltarem tambores e bandeiras; tem a cargo o almoxarife seis peças de artilharia de bronze, falcões de dado de seis e sete quintais, e uma peça de colher de bronze, de quinze quintais, que joga quatro libras; toda esta artilharia está sem serviço e sem reparos, e foi a que trouxe Cristóvão de Barros quando veio à conquista, e lhe ficaram as ditas peças no forte da barra já dito, no ponto A; os falcões servem para a fundição [da Capitania] de Pernambuco, porque não têm serviço." (op. cit., p. 165)

No contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), a Capitania do "Serygipe del Rey" foi invadida e saqueada por tropas neerlandesas, sob o comando de Maurício de Nassau (1604-1679), que atravessaram o rio São Francisco em perseguição das tropas de Giovanni di San Felice, conde de Bagnoli, em novembro de 1637. A cidade de São Cristóvão foi saqueada e incendiada pelas tropas de Sigismund van Schkoppe (BARLÉU, 1974:65), tendo sido arrebanhadas milhares de cabeças de gado para o abastecimento dos invasores. Como as fontes neerlandesas não mencionam esta fortificação, é lícito crer-se que a mesma, à época, não mais existisse, ou não tivesse oferecido resistência significativa.

Quando da Restauração da Independência Portuguesa (1640), Nassau:

"(…) determinou dilatar o território da Companhia [das Índias Ocidentais], anexando-lhe primeiramente o Sergipe del Rei, região antes deserta e do primeiro ocupante. Com esse fim, partiu para ali com tropas André, governador do forte Maurício no Rio de São Francisco. Tendo munido prévia e providamente a sua fortaleza, invadiu aquela capitania, cingiu com trincheira uma igreja ali existente, construiu um arsenal e fortificou a vilazinha contra os assaltos do inimigo.
A causa desta expedição foi porque, situada essa região entre a capitania da Bahia e as terras do domínio holandês, era vantajosa para a defesa das nossas fronteiras, abundava de gado e dava mais de uma esperança de minas." (BARLÉU, 1974:211)

A capitania foi reconquistada por forças portuguesas em 22 de setembro de 1645.

Ver também editar

Bibliografia editar

  • BARLÉU, Gaspar. História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1974. 418 p. il.
  • BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368 p.
  • GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
  • SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.

Ligações externas editar

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