Francisco Macías Nguema
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Francisco Macías Nguema | |
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Francisco Macías Nguema (1968). Arquivo Nacional dos Países Baixos | |
1.° Presidente da ![]() | |
Período | 12 de outubro de 1968 até 3 de agosto de 1979 |
Sucessor | Teodoro Obiang Nguema Mbasogo |
Dados pessoais | |
Nascimento | 27 de maio de 1924 Nsegayong, Rio Muni, Guiné Espanhola |
Morte | 29 de setembro de 1979 (55 anos) Malabo, Bioko, Guiné Equatorial |
Partido | Partido Único Nacional de Trabajadores |
Profissão | político |
Francisco Macías Nguema, cujo nome nativo era Mez-m Ngueme (Nsegayong, Rio Muni, 27 de maio de 1924 - Malabo, 29 de setembro de 1979) foi um político da Guiné Equatorial, primeiro presidente pós-colonial do país, de 1968 a 1979. ficou conhecido de maneira polêmica por ter elogiado publicamente a figura de Adolf Hitler. O partido à frente do qual estava se chamava Partido Único Nacional de Trabalhadores (P.U.N.T.).
BiografiaEditar
Francisco Macías Nguema nasceu em 1924 numa família pobre. Na década de 1940 filiou-se no Partido Socialista da Guiné. Foi nomeado prefeito de Mongomo pelas autoridades coloniais espanholas. Mais adiante foi membro do Parlamento territorial. Além destes e de outros cargos que ocupou na administração espanhola, se designou em 1964 vice-presidente do governo autônomo da Guiné Espanhola. Em 1965 entra para o Exército e alcança o posto de General de Brigada, comandando uns 8.000 soldados.
Desempenhou um papel importante na queda do governo, fundamentalmente a sua popularidade entre a população, que via nele o dirigente que podia tirá-los da miséria. Uma ampla coalizão eleitoral fez com que alcançasse a Presidência da nova República da Guiné Equatorial em outubro de 1968, com o apoio do governo espanhol do ditador Francisco Franco.[1] No primeiro turno obteve quase 40% dos votos, aumentando para pouco mais de 62% dos votos.
Apesar de que até 1972 não autoproclamou presidente vitalício do país, com direito a eleger a seu sucessor, sob sua ditadura nunca se celebraram eleições livres. Em outubro de 1973, decidiu assumir, além da presidência vitalícia, sem concorrência, os cargos de primeiro-ministro e de ministro do Exército, Justiça e Finanças. Durante sua presidência, a Guiné Equatorial recebeu o desafortunado apelido de Auschwitz africano, e se destacará pelas execuções políticas. O primeiro-ministro do período anterior à independência (governo autônomo), Bonifacio Ondó Edu, foi difamado, detido e executado no cárcere pouco depois da tomada do poder por parte de Macías. Outros funcionários, dentre os quais que se encontrava o antigo vice-presidente, Edmundo Bossio, se suicidaram enquanto estavam detidos.
Reprimiu com grande dureza tanto a oposição conservadora como a de esquerdas, e se tornou bastante autoritário e duro na hora de impor as reformas que tinha em mente. As contínuas violações dos Direitos Humanos cometidas pelo regime de Macías provocaram o exílio para os países vizinhos (Camarões e Gabão) ou para a Europa (Espanha e França) de más de um terço da população total da Guiné Equatorial.
Todo o aparato repressivo do estado da Guiné Equatorial (exército e guarda presidencial) eram controlados de modo absoluto pela família e parentes de Francisco Macías e por outros membros de seu clã. O número de mortos sob a ditadura de Macías depende das fontes que se consultem, porém se estima entre 50.000 e 80.000, ou, dito de outro modo, entre 1/6 e 1/4 de uma população de umas 300.000 pessoas, entre os quais o principal ativista da oposição civil, Rafael Upiñalo. Entre as muitas ações paranoicas do presidente há que assinalar a proibição do uso da palavra intelectual ou a destruição das embarcações (proibiu a pesca).
"Africanizou" seu nome como Masie Nguema Biyogo Ñegue Ndong em 1976 depois de exigir o mesmo do resto da população. As condições chegaram a ser tão nefastas que até sua própria esposa fugiu do país. Macías desenvolveu um extremado culto da personalidade. Atribuiu a si títulos como o de "milagre único" e outros similares. Alguns creem que até mesmo chegou a ser chamado de "imperador", ainda que não se confirme esta informação.
A 3 de agosto de 1979, seu sobrinho Teodoro Obiang Nguema Mbasogo organizou, com a ajuda de parte do exército, um golpe de estado que derrubou Francisco Macías. Este se refugiou em um bunker na selva, e ali destruiu as reservas de divisas do país (a divisa do momento era o ekwele-bikwele, que mantinha paridade com a peseta espanhola). O país teve que enfrentar por causa disso uma gravíssima crise monetária. Entretanto, Macías não conseguiu reunir em torno de si recursos necessários para opor-se a Obiang e foi capturado pelos rebeldes pouco tempo depois. [2]
Teodoro Obiang, que acabaria sendo por sua vez um novo ditador, o submeteu a um julgamento sumaríssimo diante de um tribunal militar, no qual Macías foi acusado, entre outras coisas, de genocídio, deportações em massa e apropriações indevidas. Foi condenado a morte em 29 de setembro de 1979 e fuzilado imediatamente. O temor que despertava entre os nativos era tal que nenhum soldado da Guiné Equatorial se atreveu a formar parte do pelotão de execução, por isto foram soldados marroquinos que dispararam. Macías, seguindo o modelo do ditador haitiano François Duvalier utilizava a magia para atemorizar a população.
Hoje em dia, Francisco Macías Nguema é considerado como um dos líderes mais cleptocratas na história da África pós-colonial.
Efeitos do governo Macías NguemaEditar
Durante seu mandato ocorreram:
- a obrigação de chamar o presidente "Milagre Único da Guiné Equatorial".
- a proibição de usar sapatos.
- renomear todos os nomes com consonância espanhola (exemplos: Fernando Pó/Bioko; San Carlos/Luba; San Fernando/Elá Nguema; Concepción/Riaba; Santa Isabel/Malabo. Na parte continental, a cidade de Sevilla foi rebatizada como Niefang, Valladolid passou a se chamar Bimbiles e Guadalupe virou Mongomo).
- o desmantelamento das ferrovias.
- a supressão de hospitais e escolas.
- a proibição para os habitantes de pescar na ilha.
- a instalação de uma base secreta de submarinos russos em Luba (hoje desativada).
- quase acabar com o cultivo do cacau, considerado anteriormente o melhor do mundo.
Referências
- ↑ AFP-UPI-JB (13 de outubro de 1968). «Guiné Equatorial ganha autonomia». Jornal do Brasil, ano LXXVIII, edição 160, página 25/ republicado pela Biblioteca nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 30 de setembro de 2019
- ↑ «Presidente da Guiné deposto por militares». Folha de S. Paulo, ano 58, edição 18387, Seção Exterior página 6. 6 de agosto de 1979. Consultado em 30 de setembro de 2019
Precedido por — |
Presidente da Guiné Equatorial 1968 - 1979 |
Sucedido por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo |