Francisco de Portugal (1585-1632)

Francisco de Portugal (Lisboa, 12 de Julho de 1585[1]-5 de Julho de 1632[2]), senhor do prazo de Alvarinha,[3] comendador e alcaide de Fronteira, capitão-mor das Naus do Estado da Índia, foi grande cortesão e poeta.[4]

Francisco de Portugal
 Nota: Para outros significados de Francisco de Portugal, veja Francisco de Portugal (desambiguação).

Tinha estatura mediana, bem proporcionada, cabelo negro, barba povoada, rosto alvo e gentil, olhos vivos, e tão airoso a pé como a cavalo.[2]

Biografia

editar

Nos primeiros anos, pela sua condição de nobre, dedicou-se a aprender a usar as armas, a montar a cavalo, a tocar vários instrumentos musicais e a escrever poesia.

Depois, passando pela corte de Madrid, "frequentou o Palácio de Filipe III de Espanha[5] onde foy applaudido, e estimado pelo mais discreto cortezão daquelle idade causando respeito aos inferiores, enveja aos iguais, e admiração aos mayores. Entre todos se distinguia na pompa, e boa eleição dos vestidos, que trajava, posto que a fazenda que possuia não era correspondente à sua qualidade. Ninguem podia competir com elle assim na urbanidade do trato, como na promptidão das respostas, e agudeza dos ditos, que sendo muitos jocosos nunca degenerarão em pueris".[6]

Em sua extensa correspondência, são frequentes as alusões aos principais escritores espanhóis da época, como o conde de Villamediana, Lope de Vega, Francisco de Quevedo ou o próprio Góngora, com alguns dos quais ele parece ter mantido um relacionamento de estreita amizade.[7]

Como capitão participou heroicamente na defesa da Bahia em 1624 contra os neerlandeses.

Esteve preso duas vezes. Primeiro na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e logo no castelo de Almada, entre 1627 e 1628, oficialmente por haver recusado embarcar para o Estado da Índia. Mas na verdade foi por uma razão sólida, em rasão do seu lado, que era ter se negado a participar no processo judicial contra o Vice rei da Índia, que não era outro que não um seu parente muito próximo e de quem seria porventura grande amigo, o 4.º conde da Vidigueira, Francisco da Gama.[8]

Por fim, professou como monge terciário franciscano no Convento de São Francisco da Cidade, em Lisboa.

A maior parte de sua produção poética - que inclui sonetos, músicas, motes, redondilhas, sextinas, oitavas e romances em português e castelhano - foi compilada sob o título «Divinos e humanos versos».[9]

Foi também o autor da «Arte de Galanteria.[10][3]

Mas, convém destacar que escreveu um reconhecido romance de cavalaria português «Crónica do Imperador Beliandro»,[11] assim como a antologia lírica intitulada «Tempestades e batalhas de um cuidado ausente», também publicada postumamente na imprensa lisboeta de Antonio Craesbeeck de Melo em 1683.[12]

Dados genealógicos

editar

Filho de: Lucas de Portugal e de Antónia de Castro (da Silva), filha de D. Antão Soares de Almada e D. Vicência de Castro.[13]

Casou com Cecília de Portugal, filha de António Pereira de Berredo, comendador de São João da Castanheira e São Gens de Arganil na Ordem de Cristo, capitão e governador da Madeira e da Praça de Tanger, general da Armada de Portugal, de D. Mariana de Portugal.[14]

Tiveram:

Referências

  1. En torno a la autoría de la Crónica do Imperador Beliandro: la hipótesis sobre Francisco de Portugal, por Pedro Álvarez-Cifuentes, Universidad de Oviedo, Atlanta, vol. 4, n.º 1, 2016, pág. 10
  2. a b c d e f g h i Bibliotheca Lusitana Historica, por Diogo Barbosa Machado, Vol. 2, 1747, pág. 231
  3. a b Cristóvão Alão de Morais, Pedatura Lusitana (Nobiliário de Famílias de Portugal), Porto, Livraria Fernando Machado, 1943, III-2, p. 123
  4. Manuel José da Costa Felgueiras Gaio, Nobiliário das Famílias de Portugal, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989. vol. V-pg. 499 (§2 N10 Gamas).
  5. Foi um gentil-homem vinculado a la corte dos reis Felipe III y Felipe IV em Madrid, em que lá permaneceu entre 1621 e 1623 e entre 1626 e 1627. En torno a la autoría de la Crónica do Imperador Beliandro: la hipótesis sobre Francisco de Portugal, por Pedro Álvarez-Cifuentes, Universidad de Oviedo, Atlanta, vol. 4, n.º 1, 2016, pág. 12
  6. Bibliotheca Lusitana Historica, por Diogo Barbosa Machado, Vol. 2, 1747, pág. 230
  7. En torno a la autoría de la Crónica do Imperador Beliandro: la hipótesis sobre Francisco de Portugal, por Pedro Álvarez-Cifuentes, Universidad de Oviedo, Atlanta, vol. 4, n.º 1, 2016, pág. 13
  8. En torno a la autoría de la Crónica do Imperador Beliandro: la hipótesis sobre Francisco de Portugal, por Pedro Álvarez-Cifuentes, Universidad de Oviedo, Atlanta, vol. 4, n.º 1, 2016, pág. 12 e nota 19
  9. [http://digibuo.uniovi.es/dspace/bitstream/10651/39860/1/58-351-1-PB.pdf Esta edição de 1652 apareceu acompanhada de «Prisões e soluções de uma alma», composta de prosa e verso. - En torno a la autoría de la Crónica do Imperador Beliandro: la hipótesis sobre Francisco de Portugal, por Pedro Álvarez-Cifuentes, Universidad de Oviedo, Atlanta, vol. 4, n.º 1, 2016, pág. 14
  10. a b Portugal (D. Lucas de), Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume V, pág. 1013, Edição em papel João Romano Torres - Editor, 1904-1915, Edição electrónica por Manuel Amaral, 2000-2010
  11. En torno a la autoría de la Crónica do Imperador Beliandro: la hipótesis sobre Francisco de Portugal, por Pedro Álvarez-Cifuentes, Universidad de Oviedo, Atlanta, vol. 4, n.º 1, 2016
  12. [http://digibuo.uniovi.es/dspace/bitstream/10651/39860/1/58-351-1-PB.pdf En torno a la autoría de la Crónica do Imperador Beliandro: la hipótesis sobre Francisco de Portugal, por Pedro Álvarez-Cifuentes, Universidad de Oviedo, Atlanta, vol. 4, n.º 1, 2016, pág. 14
  13. «Gorjão Henriques», por Nuno Gorjão Henriques e Miguel Gorjão-Henriques, 1.a Edição, 2006, Volume I, pág. 542
  14. Bibliotheca Lusitana, Volume 3, Diogo Barbosa Machado, Atlântica Editora, 1752, pág. 43
  15. Historia geral de Portugal, e suas conquistas, Damião António de Lemos Faria e Castro, pág. 141, 1804
  16. (D.) Lucas de Portugal, Registo Geral de Mercês, Mercês da Torre do Tombo, liv. 23, f. 201v-202, ANTT
  17. a b c Manuel José da Costa Felgueiras Gaio, Nobiliário das Famílias de Portugal, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989. vol. V-pg. 499 (§2 N11 Gamas).
  Este artigo sobre uma pessoa é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.