Chrissi

Ilha do sudeste de Creta, Grécia
(Redirecionado de Gaidhouronísi)

Chrissi (em grego: Χρυσή; romaniz.:Chrysí ou Khrysí; "dourada"), também chamada Gaiduronisi (Γαϊδουρονήσι; romaniz.: Gaïdouronési, "ilha do burro") é uma pequena ilha praticamente desabitada no mar da Líbia, ao largo da costa sudeste de Creta, Grécia, situada pouco menos de 15 km a sul de Ierápetra. Os habitantes desta cidade chamam-lhe simplesmente "a ilha".[1]

Chrissi
Khrysí , Gaiduronisi
Χρυσή • Γαϊδουρονήσι
Chrissi
Chrissi está localizado em: Creta
Chrissi
Localização da ilha de junto a Creta
Coordenadas: 34° 52' 20" N 25° 42' E
Geografia física
País  Grécia
Mar Mar da Líbia (Mediterrâneo)
Arquipélago Creta
Ponto culminante 31 m
Área 4,74  km²
Largura 1.5 km
Comprimento 5 km
Geografia humana
População 3 (2012)
Densidade 0,6  hab./km²
Administração
Unidade regional Lasíti
Município Ierápetra

Tem 4,74 km² de área, cerca de 5 km de comprimento (máximo: 7 km) e 1,5 km de largura (máxima: 2 km). Administrativamente faz parte do município de Ierápetra e da unidade regional de Lasíti. Em 2012 só havia três residentes permanentes na ilha.[carece de fontes?]

Descrição editar

A altitude média varia entre 5[2] e 10 metros. O ponto mais alto, chamado Kefala (cabeça), situa-se a 31 metros de altitude. A costa é constituída por enseadas pouco profundas e baías, praias de areia e conchas e dunas móveis de areia branca cobertas de matagal. Turisticamente, a ilha é célebre pelas suas praias de areia branca e pequenas conchas, pelas suas águas límpidas azul-turquesa e pouco profundas e pelas abundantes rochas vulcânicas coloridas. Aproximadamente 700 metros a leste, encontra-se o ilhéu rochoso de Micronisi, com 11,7 hectares,[3] onde vivem centenas de gaivotas.[1] A profundidade entre Chrissi e Micronisi não ultrapassa os 5 metros e até 500 metros na costa sul e 1 km na costa não ultrapassa os 10 metros.[3][1]

Como no passado, as baías abrigadas de Chrissi são usadas pelos pescadores locais para esvaziarem as redes de pesca e descansarem. Algumas pessoas vão à ilha para recolher ervas e alcachofras silvestres.[4]

As únicas construções na ilha são um um pequeno bar na parte norte, uma pequena taverna (restaurante) na parte sul, perto de um pequeno cais, um farol no lado noroeste e uma casa no lado nordeste e uma igreja dedicada a São Nicolau (Ágios Nikolaos), supostamente datada do século XIII. A nordeste da igreja há uma salina, que é uma antigo lago salgado seco e onde ainda se recolhe sal, uma pequena construção (conhecida como Spilio) e um antigo quebra-mar. Há também algumas ruínas minoicas, alguns túmulos escavados, o maior deles datado do período romano, e vestígios de muros de pedra de delimitação de terras.[1][4]

A ilha recebe turistas, que vão e voltam no mesmo dia usando pequenos barcos que partem dos portos de Ierápetra e Macrigialos e desembarcam em Vougiou Mati, na costa sul, no período entre meados de maio e final de outubro. A viagem dura perto de uma hora.[3][1] Em Vougiou Mati há uma pequena taverna (restaurante) e dali parte um caminho para a praia sul e para o lado oriental da baía de Belegrina, uma praia onde a "areia" é composta por conchas minúsculas.[1]

Ambiente editar

 

A ilha integra uma área protegida com 700 ha integrada na Rede Natura 2000; 22% dessa área protegida é marítima. O regime de proteção deve-se a uma "rara combinação de ecossistemas, que é habitat de muitas espécies endémicas, e ao seu "elevado valor estético, classificado como de excecional beleza natural". É uma das poucas áreas da Grécia onde há dunas com arbustos Juniperus oxycedrus subsp. macrocarpa (uma subespécie de zimbro-bravo). Entre as espécies animais presentes na ilha destaca-se a foca-monge-do-mediterrâneo (Monachus monachus).[2]

A vegetação característica das dunas, além de arbustos altos de Juniperus oxycedrus subsp. macrocarpa, é a Ammophila arenaria e Sarcopoterium spinosum. Grande parte da ilha está coberta por matagal de Juniperus oxycedrus e florestas mistas de Juniperus subsp. macrocarpa e Juniperus phoenicea (sabina-negral). No ilhéu de Micronisi, também parte da área protegida, a vegetação é escassa devido ao sobrepastoreio.[2]

No mar em volta da ilha a variedade de espécies é impressionante. Nas rochas vulcânicas de Chrissi foram encontradas 54 espécies de fósseis com idades entre os 350 000 e os 70 000 anos, quando a ilha ainda estava debaixo de água. Algumas dessas espécies ainda se encontram nas águas em redor. As costas das baías do lado norte (Belegrina, Hatzivolakas e Kataprosopo) estão pejadas de conchas marinhas.[1]

Há também diversas espécies introduzidas pelo homem. Os donos dos restaurantes que existiam outrora, bem como alguns visitantes de verão, plantaram bouzi (Aizoaceae), athanatos (agaves) e armiriki (Tamarix). Foram também introduzidas perdizes, lebres e coelhos.[1]

História editar

 
As famosas águas azul-turquesa de Chrissi

A menção mais antiga a Chrissi é do geógrafo anónimo da Antiguidade conhecido como Stadiasmus, que relata que «Ierápetra tem uma ilha chamada Chrissi que tem um porto e água». Em 1415, Cristóvão Buondelmonti relatava que Chrissi é «uma ilha plana e praticamente incultivada, bela, com eremitas , lentiscos e cedros». No relato da sua viagem a Creta em 1847, Raulin refere a existência de rebanhos e que tinham existido salinas até 1840.[4]

Há muito que a ilha é praticamente desabitada, mas no passado existiram alguns pequenos povoados. Nas extremidades ocidental e oriental, depósitos de conchas indicam atividade da época minoica. A produção da chamada "púrpura real"[4] ou porfira, um pigmento escarlate produzido a partir de moluscos de concha usado para tingir mantos da realeza europeia, que foi uma atividade económica importante em Chrissi durante o período bizantino,[1] parece remontar ao período minoico.[4]

No período bizantino as principais atividades eram a pesca, exportação de sal e de porfira. Mais tarde, os ataques de piratas forçaram os habitantes da ilha a fugirem para Creta e usaram Chrissi como esconderijo. Ao largo da ilha afundaram-se muitos navios piratas e mercantes.[1] Os pastores da costa cretense costumavam levar rebanhos para Chrissi durante o inverno.[4]

Referências

  1. a b c d e f g h i j «Chrissi Island» (em inglês). www.ierapetra.net. Consultado em 20 de fevereiro de 2014. Arquivado do original em 29 de julho de 2013 
  2. a b c «Το έργο 'οικοτόπων' ΦΥΣΗ 2000 στην Ελλάδα (Projeto 'habitats' Natura 2000 na Grécia)» (em grego). Ministério do Ambiente da Grécia. www.minenv.gr. Consultado em 20 de fevereiro de 2014 
  3. a b c «Description» (em inglês). www.chrissi.gr. Consultado em 20 de fevereiro de 2014 
  4. a b c d e f «History notes» (em inglês). www.chrissi.gr. Consultado em 2 de março de 2014 
 
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