Galina Ustvolskaya

compositora russa

Galina Ivanovna Ustvolskaya (cirílico: Гали́на Ива́новна Уство́льская; São Petersburgo, 17 de junho de 1919 – São Petersburgo, 22 de dezembro de 2006)[1] foi uma compositora russa de estilo único.

Galina Ustvolskaya
Nascimento 17 de junho de 1919
São Petersburgo
Morte 22 de dezembro de 2006 (87 anos)
São Petersburgo
Sepultamento Cemitério de Volkovo
Cidadania Rússia bolchevique, União Soviética, Rússia
Alma mater
Ocupação compositor de música clássica, música, professor de música, compositora
Prêmios
  • Artista Homenageado da Federação Russa
Empregador(a) Conservatório de São Petersburgo
Instrumento piano
Página oficial
http://ustvolskaya.org/eng

Biografia editar

De 1937 a 1947, Ustvolskaya estudou na faculdade anexa ao Conservatório de Leningrado (mais tarde rebatizado de Conservatório Rimsky-Korsakov). Subseqüentemente tornou-se uma estudante de pós-graduação e passou a também lecionar composição na faculdade. Seu professor de composição, Dmitri Shostakovich, que raramente elogiava seus alunos, disse a respeito dela: Estou convencido de que a música de G. I. Ustvolskaya obterá renome mundial.

Em diversas oportunidades, Shostakovich a defendeu da oposição de seus colegas na União dos Compositores Soviéticos. Ele freqüentemente enviava muitas de suas obras, inclusive inacabadas, para a apreciação de Ustvolskaya, cuja opinião estimava muito. Várias dessas peças até mesmo possuíam citações às composições de sua pupila. Por exemplo, ele empregou o segundo tema do Finale do trio para clarinete em seu quinto quarteto de cordas e na Suíte Michelangelo (Nº 9). A íntima relação espiritual e artística de ambos foi comparada àquela entre Schoenberg e Webern.

Ela foi aluna de Shostakovich de 1939 a 1947, mas reteve pouca influência do estilo de seu mestre a partir dos anos 1950. Como modernista poucas de suas obras foram executadas, até 1968 nenhuma além de peças patrióticas escritas para eventos oficiais. Até a queda da União Soviética, apenas sua sonata para violino de 1952 foi tocada com alguma freqüência, mas desde então sua música vem sendo cada vez mais apresentada no ocidente.

Estilo editar

Ustvolskaya desenvolveu seu estilo próprio de composição. Segundo ela, não há nenhuma ligação que seja entre minha música e aquela de qualquer outro compositor, vivo ou morto.

Suas características incluem o uso repetido de blocos homofônicos de som (fato que levou o crítico neerlandês Elmer Schönberger a chamá-la de a dama com o martelo); combinações não usuais de instrumentos (como os oito contrabaixos, piano e bloco de madeira percutido por martelo de sua Composição Nº 2); uso considerável de dinâmicas extremas (como em sua sonata para piano Nº 6); emprego de grupos de instrumentos para a realização de clusters e o uso do piano ou percussão para fixar ritmos constantes e imutáveis (todos seus trabalhos reconhecidos usam ou o piano ou a percussão, muitos usam ambos).

Como a música de Galina Ustvolskaya não é de vanguarda no sentido comumente aceito do termo, ela não foi abertamente censurada na União Soviética. Porém, foi acusada de não estar disposta a comunicar-se e de estreiteza e insistência. Foi apenas nos últimos anos que seus críticos começaram a notar que essas supostas deficiências são na verdade suas maiores qualidades e que a tornam única. O compositor Boris Tishchenko comparou a "estreiteza" de seu estilo com a luz concentrada de um feixe de laser que se torna capaz de perfurar o metal.

Suas obras dos anos 1940 e 1950 muitas vezes soam como se tivessem sido escritas atualmente. Shostakovich escreveu a ela: Não é você que é influenciada por mim; muito pelo contrário, eu que sou influenciado por você. Muitas pessoas citam Ustvolskaya; ela não citava ninguém.

Todos os trabalhos de Ustvolskaya são de larga escala na intenção, não importando sua duração ou quantos instrumentistas são necessários. Sua música é fortemente baseada na tensão e densidade.

Religiosidade editar

Todas as sinfonias de Ustvolskaya têm partes para voz solo, as quatro últimas com textos religiosos; as Composições têm subtítulos igualmente religiosos. O aspecto espiritual dessas obras pode sugerir uma semelhança com sua contemporânea Sofia Gubaidulina, embora, ao contrário desta, Ustvolskaya não seja praticante de nenhuma religião, e sua música esteja muito longe de professar a fé cristã. Os textos são preces convencionais ou, no caso da quinta sinfonia, o Pai Nosso.

Obras editar

O conjunto de sua obra é pequeno, contendo apenas 21 peças em seu estilo característico.

Catalogadas editar

As seguintes composições estão no catálogo de Hans Sikorski, Hamburgo:[2]

  • Concerto para piano, orquestra de cordas e tímpano (1946)
  • Sonata para violoncelo e piano (1946)
  • Sonata para piano Nº 1 (1947)
  • O sonho de Stepan Razin (Сон Степана Разина – Son Stepana Razina), bylina para barítono e orquestra (baseada num texto folclórico russo, 1949)
  • Trio para clarinete, violino e piano (1949)
  • Sonata para piano Nº 2 (1949)
  • Octeto para dois oboés, quatro violinos, tímpano e piano (1950)
  • Sinfonietta (1951)
  • Sonata para piano Nº 3 (1952)
  • Sonata para violino (1952)
  • Doze prelúdios para piano (1953)
  • Sinfonia Nº 1, para duas vozes infantis e orquestra (texto de G. Rodari, 1955)
  • Suíte para orquestra (1955)
  • Sonata para piano Nº 4 (1957)
  • Poema sinfônico Nº 1 – Luzes das estepes (1958)
  • Poema sinfônico Nº 2 – A façanha do herói (1959)
  • Grande dueto para piano e violoncelo (1959)
  • Dueto para piano e violino (1964)
  • Composição Nº 1 – Dona Nobis Pacem, para piccolo, tuba e piano (1971)
  • Composição Nº 2 – Dies Irae, para oito contrabaixos, piano e bloco de madeira (1973)
  • Composição Nº 3 – Benedictus, Qui Venit, para quatro flautas, quatro fagotes e piano (1975)
  • Sinfonia Nº 2Verdadeira e eterna beatitude, para voz e pequena orquestra (1979)
  • Sinfonia Nº 3Jesus, Messias, salve-nos, para voz e pequena orquestra (1983)
  • Sinfonia Nº 4Oração, para voz, piano, trompete e tantã (1985-7)
  • Sonata para piano Nº 5 (1986)
  • Sonata para piano Nº 6 (1988)
  • Sinfonia Nº 5Amém, para voz, oboé, trompete, tuba, violino e percussão (1989-90)

Outras obras editar

A seguinte lista apresenta algumas das demais obras de Ustvolskaya:

  • Quarteto de cordas (1945)
  • Sonata para violoncelo (1946)
  • Sonata para violino e piano (1947)
  • Sonatina para violino e piano (1947)
  • Suíte Nº 1 para orquestra (1948)
  • Suíte Nº 2 para orquestra (1950)
  • Jovens pioneiros, suíte para orquestra (1950)
  • Salve a juventude!, canção coral para coro e orquestra (texto de Lebedev-Kumach, 1950)
  • Outono em Boldino (Болдинская осень - Boldinskaya osen'), trilha de filme (1951)
  • Suíte Nº 3 para orquestra (1951)
  • Crianças, suíte para orquestra (1952)
  • República Socialista Soviética Autônoma da Mordóvia, trilha de filme (1952)
  • Alvorecer sobre a pátria, canção coral para coro de crianças e orquestra (texto de Gleisarov, 1952)
  • Homem de um monte alto, canção coral para solista, coro e orquestra (texto de Gleisarov, 1952)
  • Sonatina para piano (1953)
  • Museus russos (Российские Музеи - Rossiskiye muzei), trilha de filme (1954)
  • Gogol, trilha de filme (1954)
  • Esporte, suíte para orquestra (1958)
  • Canção do elogio, canção coral (1961)

Bibliografia editar

Referências

  1. DSCH Journal, Edições 26-27. (2007) pp. 51. DSCH Journal.
  2. (em alemão) (em inglês) Catálogo completo das obras de Ustvolskaya editadas por Sikorski (PDF) Arquivado em 29 de maio de 2008, no Wayback Machine.

Ligações externas editar