Gasômetro de São Cristóvão

estrutura utilizada para a geração ou armazenagem de gás natural no Rio de Janeiro

Gasômetro de São Cristóvão (também conhecido como Gasômetro do Rio de Janeiro ou Gasômetro da CEG) foi um gasômetro utilizado para armazenagem e distribuição de gás manufaturado na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Suas instalações funcionaram por 94 anos na Avenida Francisco Bicalho em São Cristóvão, até serem desativadas em 2005 e desmontadas no ano seguinte.

Avenida Francisco Bicalho e, ao fundo, o gasômetro, c. 1911

História

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Obras de construção do gasômetro
 
Gasômetro de São Cristóvão em 2013

O complexo foi inaugurado, em 1911, pelo grupo belga SAG (em francês: Société Anonyme du Gaz do Rio de Janeiro). Com capacidade de fornecimento de 180 mil metros cúbicos de gás por dia, chegou a ser considerado o maior do mundo. A empresa foi estatizada em 1969 e, em 1997, a Companhia Estadual de Gás (CEG) ganhou a concessão para o fornecimento de gás ao Rio de Janeiro.[1]

O contrato com a CEG previa que, devido a substituição gradual do gás manufaturado pelo gás natural, o gasômetro teria de ser desativado até 2005.[2] A prefeitura do Rio de Janeiro cogitou, nesse meio tempo, definir um projeto para a transformação da área de 119 mil metros quadrados em um espaço de utilidade pública.[3] As estruturas foram desmontadas em 2006, enquanto o destino do espaço ainda era discutido.[1]

Em 2009, o terreno do antigo gasômetro foi adquirido pelo Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha, gerido pela Caixa Econômica Federal (CEF).[4] Durante esse tempo, o banco buscou investidores para grandes empreendimentos.

Em 2010, a administração municipal divulgou a intenção de transformar parte da área em um bairro com residências e comércio. Para isso o terreno, pertencente à SPU (Secretaria de Patrimônio da União), precisaria ser comprado pelo município e revendido à iniciativa privada.[5]

Ameaças de explosão

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A população sempre conviveu com medo de que algum acidente ocorresse no local. Em 1995, após a explosão de instalações navais da ilha do Boqueirão, na baía de Guanabara, discutiram-se projetos para a mudança das instalações do gasômetro, mas eles não foram levados adiante. O caso mais conhecido de ameaça, no entanto, deu-se em 1968, quando o brigadeiro da Aeronáutica João Paulo Burnier elaborou um plano secreto de ações terroristas — entre elas a explosão do gasômetro — com a intenção de atribuir a autoria dos mesmos a movimentos de esquerda.[6] O esquema acabou abortado após Burnier ser denunciado por seu comandado, o capitão Sérgio Macaco do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (PARA-SAR).[2][6]

Futuro

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Em 2022, o Clube de Regatas do Flamengo anunciou o interesse na compra do terreno para construir seu estádio próprio e negociou com a CEF a aquisição do local.[7]

Em 23 de junho de 2024, a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou a desapropriação do terreno para que o time pudesse dar prosseguimento ao projeto devido a lentidão nas negociações.[8] A desapropriação foi confirmada no dia seguinte via decreto no Diário Oficial da Prefeitura.[9] O terreno foi a leilão em 31 de julho de 2024, onde o Flamengo arrematou o local por 138 milhões de reais.[10] Após negociações com a CEF para evitar a judicialização da compra, o Flamengo, sob a gestão de Rodolfo Landim, arrematou o local por 138 milhões de reais. Após negociações com a CEF para evitar a judicialização da compra, o Flamengo obteve a posse do terreno em 3 de outubro de 2024 e, inicialmente, pretendia inaugurar o estádio em 15 de novembro de 2029, data que o clube completará 134 anos, todavia, o novo presidente, Luiz Eduardo Baptista, realizou um novo estudo de viabilidade referente a construção do estádio e foi constatado que o clube gastaria aproximadamente 60% a mais do valor inicialmente cotado (de 1,9 para 3,1 bilhões de reais)[11] para a entrega da nova casa rubro-negra. Logo, a nova diretoria cogita adiar a estreia do estádio para 20 de janeiro de 2031, data de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro.

Ver também

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Referências

Ligações externas

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