Geração Bendita é um filme brasileiro produzido em 1970 e lançado originalmente em 1971, em versão cortada e logo retirada de circulação por censura do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).[2] Em 2006, foi relançado em cópia restaurada e versão estendida.[1]

Geração Bendita
É Isso Aí, Bicho!
Geração Bendita
Brasil
1971 •  cor •  81 min 
Direção Carlos Bini
Produção
  • Meldy Filmes
  • Carl Kohler
Roteiro Carlos Bini
Elenco Rita de Cássia
Carlos Bini
Charlote Garcia
Sebastião Gonçalves
Carl Kohler
Carlos Doady
João Carlos Teixeira
Música Spectrum
Lançamento 1971 (versão censurada)
2006 (cópia restaurada)[1]
Idioma português

Histórico editar

Na década de 1960 brasileiros e imigrantes, constituíram um grupo de 68 pessoas que se estabeleceu nos subúrbios de Nova Friburgo, Rio de Janeiro, com a intenção de criar um estilo de vida visionário baseado em viver plenamente os ideais hippies (comunidades Quiabo's e Abóbora's). O acampamento durou aproximadamente três anos. No entanto, mesmo estando distantes dos centros urbanos, as práticas e filosofia adotadas pelos hippies eram contestadas, principalmente pelas autoridades do governo.

Com a intenção de divulgar seu modo de vida, veio a oportunidade, através do apoio de diversas pessoas, para transformar esta ideologia em um longa-metragem (colorido, 32 mm), que viria a ser conhecido como "o primeiro filme hippie brasileiro" e, até onde apontam todas as pesquisas até os dias presentes, "o único filme hippie no mundo". Assim, em fins de 1970, o diretor de fotografia francês Meldy Melinger (assistente na França do cineasta Claude Deluxe, antes de imigrar para o Brasil), e Carl Kohler (da família proprietária do Hotel Sans Souci), de origem alemã, se uniram para produzir o filme, que teve como diretor Carlos Bini.

Enredo editar

O enredo principal do filme narra a história do advogado Carlos (Carlos Bini), que saturado dos problemas da vida e da rotina cotidiana, revolta-se e abandona sua vida estabelecida para viver com um grupo hippie (comunidade Quiabo's). Nesse ínterim, o personagem de Bini se apaixona pela bela Sônia, interpretada pela atriz Rita de Cássia. Girando em torno desta bela história de amor, o filme mostra fielmente um pouco do modo de vida hippie na época.

Vale, ainda, ressaltar a participação da atriz Charlote Garcia, interpretando a mãe de Sônia e do ator Sebastião Gonçalves, no papel de Paulo, noivo simplório que vive um triângulo amoroso com Sônia e Carlos, personagem de Carlos Bini. Também, não menos interessante e extremamente cômico, chama a atenção o personagem interpretado por João Carlos Teixeira (advogado, poeta, ator, escritor e educador friburguense), um pregador religioso, que persegue o grupo hippie tentando a conversão destes para a sua religião.

Os demais atores foram compostos por integrantes da comunidade hippie Quiabo's, em Nova Friburgo, além de outros, inclusive alguns membros do Instituto de Música Villa-Lobos do Rio de Janeiro.

A trilha sonora do filme é fruto do trabalho banda brasileira de rock psicodélico Spectrum.

Censura editar

Após a sua produção em fins de 1970, época da Ditadura Militar no Brasil, o filme teve sua primeira edição liberada pela Censura Federal Brasileira em 1971. Para ser aprovado o filme original foi cortado em mais de 40 minutos, o que levou a refilmagem de alguns trechos e acréscimos de novos, porém teve logo após a sua estreia a sua exibição proibida em todo o Brasil, pela mesma Censura, permanecendo praticamente inédito desde então, com raras exibições no Brasil e na Alemanha.

Finalmente, em 1973, conseguiu-se a sua aprovação, então com o título É Isso Aí, Bicho!, numa tentativa de burlar a rígida censura da época e após mais alguns cortes. Porém, em julho deste mesmo ano, o filme é novamente proibido e apreendido pela Turma de Censura e Diversões Públicas da Polícia Federal.

Projeto de restauração e autoração do DVD editar

Em 2002 Carlos Doady conseguiu através de Ernani Hefner, Diretor do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, reaver os originais, que foram limpos e organizados.

Em 2003 o filme foi telecinado pela empresa Casablanca e transformado em arquivo digital. A partir deste ano, Osvandil Silveira Quimas empreendeu o trabalho de reedição do material, inclusive de resincronização de áudio, restaurado e remasterizado após por Bruno de Oliveira em seu estúdio. Foram, também, resgatadas cenas que haviam sido cortadas, reintegrando-as ao filme.

Em seguida a reedição do filme, foi autorado em DVD, que encontra-se legendado em sete línguas: português, espanhol, italiano, francês, inglês, alemão e japonês.

Este trabalho demandou três anos de esforços intensos por parte de todos envolvidos, que contavam com um mínimo de recursos financeiros e ausência de apoio externo, e, principalmente, pela empresa Light & Dreams, fundada com este objetivo por S. Quimas e Carlos Doady, responsável direta pelo projeto.

Referências

  1. a b Moraes, Felipe Augusto de (2012). «O único filme hippie brasileiro» (PDF). Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades (10). 19 páginas. Consultado em 28 de fevereiro de 2021 
  2. Santos, Beatriz (16 de janeiro de 2020). «Geração bendita. É isso aí bicho! - Parte 1». Jornal A Voz da Serra. Consultado em 28 de fevereiro de 2021 

Ligações externas editar