Colégio Estadual Júlio de Castilhos

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O Colégio Estadual Júlio de Castilhos, também chamado de Julinho, é uma escola pública localizada na cidade brasileira de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul. É um dos mais tradicionais colégios da cidade, tendo sido uma das melhores escolas porto-alegrenses, até por volta de 1985, quando o seu ensino passou a decair. Até 1985, tinha no seu quadro de professores muitos intelectuais da cidade, passando por seus bancos escolares muitas personalidades do estado e do país.

Colégio Júlio de Castilhos
Colégio Estadual Júlio de Castilhos
O colégio durante campanha do grêmio estudantil, em 2006.
Informação
Localização Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Tipo de instituição público
Abertura 23 de março de 1900
Número de estudantes 3600 (aproximadamente)

Por sua tradição, o Julinho já foi mencionado em algumas letras de canções sobre a cidade. Também, foi na instituição que surgiu o primeiro Movimento Tradicionalista Gaúcho.

História editar

 
O prédio antigo

Foi fundado em 23 de março de 1900 por João José Pereira Parobé, um dos fundadores e então diretor da Escola de Engenharia do RS, com o nome de Gymnasio do Rio Grande do Sul. Em 1905 passou a ser designado Instituto Gymnasial do Rio Grande do Sul. Em 1908 a Escola de Engenharia, prestando homenagem ao político gaúcho Júlio de Castilhos, falecido em 1903, denominou-o Instituto Gymnasial Júlio de Castilhos[1].

Funcionava anexo à Escola de Engenharia, curso então independente e precursor da UFRGS, até que em 1911, com projeto do engenheiro Manoel Barbosa Assumpção Itaqui, sua imponente sede foi inaugurada. É muitas vezes referida como de estilo renascentista alemão[2][3], embora o estilo do projetista tenha sido de tendência eclética, da arquitetura européia da época, com influências dominantes de Art nouveau e Art déco[4].

Com o regulamento expedido pela Escola de Engenharia em 24 de março de 1923 passou a nomear-se Instituto Júlio de Castilhos. Em 1942 transformou-se em Colégio Estadual Júlio de Castilhos, sendo ministradas as disciplinas do curso ginasial e dos cursos clássico e científico. Em 1943 foram constituídas as primeiras turmas femininas e foi criado o Grêmio Estudantil Júlio de Castilhos. Em 1947 formou-se o Centro de Professores Júlio de Castilhos[1].

Na década de 1930, a escola quase foi privatizada por um decreto do governo do Estado, o qual pretendia deixar todo o ensino secundário nas mãos de escolas particulares[5].

Em 17 de novembro de 1951[6] o prédio original foi completamente destruído por incêndio de causas desconhecidas[1], com suspeitas de ato criminoso[7]. Com o vento forte, as chamas se alastraram rapidamente e, mesmo com quatro carros e cerca de 50 bombeiros, não foi possível controlar o fogo. Os bombeiros, porém, conseguiram evitar que os prédios vizinhos fossem atingidos.[8]

Em 29 de junho de 1958 o novo e atual prédio, em estilo moderno da época, foi entregue à comunidade, localizando-se na Avenida Piratini, no bairro Santana, na adjacência do bairro Azenha, acelerando a urbanização da região. Durante o intervalo a escola funcionou no prédio do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul[9].

Até meados de 1980 representou o ensino público de excelência, considerado o “colégio padrão” do RS, com intensa militância estudantil e local de formação de importantes lideranças políticas e intelectuais do Rio Grande do Sul e do Brasil[10][11][2]. Dentre os mais conhecidos: Leonel Brizola, Paulo Brossard de Souza Pinto, Ibsen Pinheiro, Antonio Britto, Luciana Genro, Moacyr Scliar, Caco Barcelos.

Originou, em 1943, o primeiro Centro de Tradições Gaúchas (CTG)[12] e em 1979, o primeiro grupo de ecologia ligado a uma escola do Rio Grande do Sul, chamado Kaa-Eté (mata virgem, em guarani). Atualmente, o Júlio de Castilhos é a maior instituição de ensino do estado, com cerca de 3600 alunos matriculados, bem como uma das mais antigas.


Ver também editar

Referências

  1. a b c CUNHA, Luciana Vivian da, LIBERDADE PEQUENA: memórias no Colégio Júlio de Castilhos do período da ditadura civil-militar (Porto Alegre-RS), 2016, consulta em 2019-07-07
  2. a b Prefeitura de Porto Alegre, Secretaria Municipal da Cultura, 01/09/2016, Colégio Júlio de Castilhos é tombado pelo patrimônio histórico, consulta em 2019-07-07
  3. Zero Hora, Almanaque Gaúcho, Túnel do Tempo, No ano da primeira copa, por Olyr Zavaschi
  4. Prefeitura de Porto Alegre, Secretaria Municipal de Urbanismo, Conheça o Centro - Bens Tombados, consulta em 2019-07-07
  5. Descrição do Colégio Estadual Julio de Castilhos no WikiMapia
  6. Senado Federal, LEI N. 1.517, DE 24 DE DEZEMBRO DE 1951, consulta em 2019-07-07
  7. COPSTEIN, Cora Schilling; LIMA e SILVA, Márcia Ivana de; SCHÄFFER, Neiva Otero - orgs. O Julinho sempre foi notícia. Porto Alegre: Suliani Editografia Ltda, 2001. Resenha por Christina Camilla Antunes de Almeida, consulta em 2019-07-07
  8. Staudt, Leandro (16 de novembro de 2021). «Incêndio destruiu 70 anos atrás prédio do Colégio Júlio de Castilhos, um dos mais bonitos de Porto Alegre». GaúchaZH. Consultado em 16 de novembro de 2021 
  9. GaúchaZH, Almanaque, 29/06/2018, "Novo" prédio do Julinho completa 60 anos, consulta em 2019-07-07
  10. Rua da Margem, October 29, 2018, Naquele tempo do Julinho, consulta em 2019-07-07
  11. Sul21, outubro 29, 2013, Antigo modelo de excelência, o Colégio Julio de Castilhos sofre com precarização do ensino, consulta em 2019-07-07
  12. Reportagem de Zero Hora, em 07/09/2007 acessado em 15 de janeiro de 2009

Ligações externas editar