Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Glones.

Glones Mirranes (em grego: Γλώνης Μιρράνης; romaniz.:Glónes Mirránes; em armênio: Գոլոն Միհրան; romaniz.:Gołon Mihran), de acordo com Sebeos, mas também chamado Gorgom ou Gorgém (na grafia corrigida) a partir do selo duma coleção museológica de Londres a ele atribuído, foi o general sassânida (aspebedes) que tornou-se marzobã da Armênia de 573 a 575 (ou 580). Foi citado na História de Heráclio de Sebeos, porém devido a defasagem no registro não há consenso entre os historiadores se Glones pode ser o general Mirranes Servo de Mitra que aparece no mesmo período.

Glones Mirranes
Nacionalidade Império Sassânida
Ocupação General
Título

Nome editar

 
Dracma de Cosroes I (r. 531–579)

Walter Bruno Henning afirmou que "Glones" ou "Glom" são as variantes helenizadas do armênio Gołon e Włon. Para ele, Włon-Gołon-Glon são formas tardias de Vrthraghna (Varhran, Bahram e assim por diante).[1]

Contexto editar

Em 571/2, o marzobã Surena assassinou Manuel II Mamicônio. Para se vingar, o irmão do falecido, Vardanes III, se rebelou e matou o marzobã. O Cosroes I (r. 531–579) enviou à Armênia o general Mirranes Servo de Mitra a frente dum exército de 20 000 homens para suprimir a revolta, mas foi derrotado na planície de Calamaque, em Taraunitis, e Vardanes capturou os seus elefantes.[2] Depois, outro general, chamado Vardanes Usnaspes, foi enviado, mas também nada logrou sucesso e foi reconvocado em 573.[3]

Vida editar

 
Dracma de Vararanes VI (r. 590–591)

Um fragmento de Sebeos parece recordar que então Glones Mirranes, que acabara de ser derrotado na Ibéria,[4] foi à Armênia como o chefe de outro exército de 20 000 persas apoiados por elefantes de guerra e inúmeros auxiliares de povos que habitavam o Cáucaso, e que quiçá incluíam hunos,[5] para "exterminar a população da Armênia, destruir, matar e barbarizar impiedosamente o país". No ano de 575, marchou ao sul e capturou a fortaleza de Anglo, em Bagrauandena, mas uma lacuna no texto não permite que se saiba o que ocorreu depois. Um fragmento inserido depois da lacuna afirma que participou nas expedições do príncipe Filipe em Calamaque e em Utmus, mas foi derrotado em ambas as ocasiões.[6] Apesar disso, deve ter ficado no país até cerca de 580 antes de partir.[3]

A historiadora Rika Gyselen descobriu numa coleção museológica de Londres o selo do mirrânida Gorgom (Gōrgōn) que serviu como aspabedes do Azerbaijão (uma das quatro divisões do Império Sassânida). De seu nome, Gyselen o corrigiu para Gorgém (Gōrgēn) e o associou ao avô do futuro xá Vararanes VI (r. 590–591), que alegou ser tataraneto do lendário Gorgém Milade (Gōrgēn Mīlād), a quem os mirrânidas atribuíam sua linhagem. Esse Gorgém, por sua vez, ainda foi associado pelo historiador Parvaneh Pourshariati a Glones e Mirranes Servo de Mitra, que entende serem a mesma pessoa. Ele reforça sua ideia no fato que Vararanes e ele são os únicos designados por esse epíteto por Sebeos.[4] A associação de Glones e Mirranes Servo de Mitra já havia sido proposta por René Grousset com base em semelhanças narrativas; seus exércitos tinham a mesma composição e Calamaque, a região que Filipe atacou com Glones, foi onde Vardanes derrotou Mirranes.[7] Apesar disso, Sebeos distingue-os e Cyril Toumanoff considera que houve dois marzobãs distintos.[8]

Ver também editar

Precedido por
Vardanes Usnaspes
Marzobã da Armênia
573-575 (580?)
Sucedido por
Tamcosroes

Referências

  1. Maenchen-Helfen 1973, p. 391.
  2. Grousset 1947, p. 244-245.
  3. a b Martindale 1992, p. 890.
  4. a b Pourshariati 2008, p. 103.
  5. Traina 2020, p. 171.
  6. Grousset 1947, p. 245.
  7. Grousset 1947, p. 245.
  8. Toumanoff 1990, p. 506-507.

Bibliografia editar

  • Grousset, René (1947). História da Armênia desde suas origens até 1071. Paris: Payot 
  • Maenchen-Helfen, Otto J. (1973). The World of the Huns: Studies in Their History and Culture. Berkeley, Los Angeles e Londres: Imprensa da Universidade da Califórnia. ISBN 9780520015968 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8 
  • Pourshariati, Parvaneh (2008). Decline and Fall of the Sasanian Empire: The Sasanian-Parthian Confederacy and the Arab Conquest of Iran. Nova Iorque: IB Tauris & Co Ltd. ISBN 978-1-84511-645-3 
  • Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila 
  • Traina, Giusto (2020). «VI Armenian Sources». In: Balogh, Dániel. Hunnic Peoples in Central and South Asia - Sources for their Origin and History. Eelde: Barkhuis