Gonçalo Ribeiro Telles

arquiteto paisagista e político português (1922-2020)

Gonçalo Pereira Ribeiro Teles[2] GCCOSEGCIHGCL (Lisboa, 25 de maio de 1922Lisboa, 11 de novembro de 2020[3]), conhecido como Gonçalo Ribeiro Telles, foi um arquiteto paisagista, ecologista e político português.

Gonçalo Ribeiro Telles
Gonçalo Ribeiro Telles
Gonçalo Ribeiro Telles
Ministro(a) de Portugal
Período VIII Governo Constitucional
  • Ministro de Estado e da
    Qualidade de Vida
Dados pessoais
Nascimento 25 de maio de 1922
Lisboa, Portugal
Morte 11 de novembro de 2020 (98 anos)
Lisboa, Portugal
Partido CEUD (1969)
Convergência Monárquica (1971-1974)
PPM (1974-1992)[1]
Partido da Terra (1993-2007)
Profissão Arquiteto Paisagista

Foi Subsecretário de Estado do Ambiente nos I (Adelino da Palma Carlos), II e III (Vasco Gonçalves) Governos Provisórios e Secretario de Estado da mesma pasta no I Governo Constitucional (minoritário do PS, chefiado por Mario Soares). A seguir, no VII Governo Constitucional (AD, chefiado por Francisco Pinto Balsemão), foi Ministro de Estado e da Qualidade de Vida, de 1981 a 1983.

Criou as zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e as bases do Plano Diretor Municipal.

Biografia

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Percurso académico e profissional

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Gonçalo Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e terminou o Curso Livre de Arquitetura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (ISA).

Iniciou a sua vida profissional nos serviços da Câmara Municipal de Lisboa, ao mesmo tempo que lecionava no ISA, tornando-se discípulo de Francisco Caldeira Cabral, pioneiro da arquitetura paisagista em Portugal. Com este professor, publicará o livro A Árvore em Portugal, obra de referência sobre as espécies arbóreas existentes no nosso País.

Na Câmara de Lisboa integrou, desde 1951 até 1953, a Repartição de Arborização e Jardinagem, passando em 1955 a arquiteto paisagista do Gabinete de Estudos de Urbanização da CML, dirigido pelo engenheiro Guimarães Lobato, onde permaneceu até 1960.[4]

De 1971 a 1974 dirigiu, igualmente enquanto arquiteto paisagista, o Setor de Planeamento Biofísico e de Espaços Verdes do Fundo de Fomento da Habitação.[4]

O projeto mais marcante da sua carreira é, provavelmente, o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto[5] e que lhe valeu, ex aequo, o Prémio Valmor de 1975.

Mas, também na capital, merece destaque o conjunto de projetos que concebeu, entre 1998 a 2002, por solicitação da Câmara Municipal, das estruturas verdes principal e secundária da Área Metropolitana de Lisboa, que se encontram hoje em diferentes fases de implementação: o Vale de Alcântara e a Radial de Benfica, o Vale de Chelas, o Parque Periférico, o Corredor Verde de Monsanto e a Integração na Estrutura Verde Principal de Lisboa da Zona Ribeirinha Oriental e Ocidental.

Entre os seus restantes projetos, cabe ainda assinalar o espaço público do Bairro das Estacas, em Alvalade; os jardins da Capela de São Jerónimo, no Restelo; a cobertura vegetal da colina do Castelo de São Jorge; o Jardim Amália Rodrigues, junto ao Parque Eduardo VII, projetado em 1996.

Na qualidade de professor catedrático convidado, lecionou na Universidade de Évora, onde criou na década de 1990 as licenciaturas em Arquitetura Paisagista e em Engenharia Biofísica.

Em abril de 2013 foi galardoado com o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, a mais importante distinção internacional no âmbito da arquitetura paisagista.[6]

Atividade política e pública

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Gonçalo Ribeiro Telles iniciou a sua intervenção pública como membro da Juventude Agrária e Rural Católica, estrutura juvenil ligada à Acção Católica Portuguesa.

Em 1945, participou na fundação do Centro Nacional de Cultura, da qual é hoje o associado número um, e ainda Presidente da Assembleia Geral, em cujas sessões acentuou a sua oposição ao regime de Salazar.

Com Francisco Sousa Tavares, fundou, em 1957, o Movimento dos Monárquicos Independentes, a que se seguiria o Movimento dos Monárquicos Populares.

Em 1958, manifestou o seu apoio à candidatura presidencial de Humberto Delgado.

Em 1959, encontra-se entre os signatários da Carta a Salazar sobre os serviços de repressão.[7]

Em 1967, aquando das cheias de Lisboa, impôs-se publicamente contra as políticas de urbanização vigentes.

Em 1969, integra a Comissão Eleitoral Monárquica, que se junta às listas da Acção Socialista Portuguesa, de Mário Soares, na coligação Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD), liderada por Soares, para concorrer à Assembleia Nacional. Não seria eleito, tal como os restantes membros das listas da oposição democrática.

Em 1971, ajudou a fundar o movimento Convergência Monárquica, reunião de três movimentos da resistência monárquica: o Movimento Monárquico Popular, a Liga Popular Monárquica e a Renovação Portuguesa.[8]

Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, com Francisco Rolão Preto, Henrique Barrilaro Ruas, João Camossa de Saldanha, Augusto Ferreira do Amaral, Luís Coimbra, entre outros, fundou o Partido Popular Monárquico, a cujo Diretório presidiu. Foi Subsecretário de Estado do Ambiente nos I, II e III Governos Provisórios, e Secretário de Estado da mesma pasta, no I Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares.

Em 1979, alia-se a Francisco Sá Carneiro na formação da Aliança Democrática. Nesta coligação foi eleito deputado à Assembleia da República, consecutivamente, nas legislativas de 1979, 1980 e 1983. Entre 1981 e 1983, integra o VIII Governo Constitucional, chefiado por Francisco Pinto Balsemão, como Ministro de Estado e da Qualidade de Vida, assumindo nessa qualidade um papel preponderante no estabelecimento de um regime sobre o uso da terra e o ordenamento do território, ao criar as zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e as bases do Plano Diretor Municipal.

Enquanto deputado na Assembleia da República teve responsabilidades nas propostas da Lei de Bases do Ambiente, da Lei da Regionalização, da Lei Condicionante da Plantação de Eucaliptos, da Lei dos Baldios, da Lei da Caça, e da Lei do Impacte Ambiental.[9]

Em 1984, após sair do governo, fundou o Movimento Alfacinha, com o qual se apresentou candidato à Câmara Municipal de Lisboa, conseguindo a eleição como vereador.

Em 1985, o PPM fez um acordo com o Partido Socialista[10] e Ribeiro Telles regressa à Assembleia da República, agora como deputado eleito nas listas do PS.

Abandonou a presidencia do PPM[11] em 1988 e o próprio partido em 1992, deixando fortes críticas ao rumo tomado pelo partido, voltado para o passado marcado por uma direita convencional[1].

Fundaria em 1993 o Movimento Partido da Terra, de que se afastou em 2007.

Em 1997 apoiou a candidatura encabeçada por João Soares a presidente da Câmara Municipal de Lisboa[12].

Em 2010, integrou a Plataforma Cidadania e Casamento, estrutura que se manifestava publicamente contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, legalizado na altura em Portugal[2].

Em 2009 e 2013 apoiou a candidatura encabeçada por António Costa nas eleições autárquicas para o Município de Lisboa.[13]

Em 2016, no festival de cinema IndieLisboa, foi apresentado o documentário A Vossa Terra - paisagens de Gonçalo Ribeiro Teles, do realizador João Mário Grilo.[14]

Em 19 de julho de 2019, o partido Nós Cidadãos! nomeou Gonçalo Ribeiro Telles seu Filiado Honorário n.º 1.[15]

Condecorações[16]

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Ver também

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Referências

  1. a b RTP Arquivo - Entrevista a Gonçalo Ribeiro Telles - O jornalista Hélder Antunes entrevista o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, ex-presidente do PPM, sobre o partido e as razões do seu abandono.
  2. Decreto de nomeação do Arq.º Gonçalo Pereira Ribeiro Teles, Dr. João Maurício Fernandes Salgueiro, Dr. Fernando Monteiro do Amaral, Eng.º José Ângelo Ferreira Correia, Prof. André Roberto Delaunay Gonçalves Pereira, Dr. José Manuel Menéres Sampaio Pimentel, Prof. Vitor Pereira Crespo, Dr. António José de Barros Queirós Martins, Dr. Luís Eduardo da Silva Barbosa, Dr. Basílio Adolfo Mendonça Horta da Franca, Eng.º Ricardo Manuel Simões Bayão Horta, Dr. Francisco António Lucas Pires e o Eng.º José Carlos Pinto Soromenho Viana Baptista para exercerem, respetivamente, os cargos de Ministros de Estado e da Qualidade de Vida, de Estado e das Finanças e Plano, Adjunto do Primeiro-Ministro, da Administração Interna, dos Negócios Estrangeiros, da Justiça e da Reforma Administrativa, da Educação e das Universidades, do Trabalho, dos Assuntos Sociais, da Agricultura, do Comércio e Pescas, da Indústria, Energia e Exportação, da Cultura e Coordenação Científica, da Habitação, Obras Públicas e Transportes, Presidência da República 04.09.1981
  3. Coentrão, Abel. «Morreu o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles». PÚBLICO. Consultado em 11 de novembro de 2020 
  4. a b [1]
  5. «Forte de Sacavém acolhe espólio de arquitectos paisagistas pioneiros». Público.pt. 20 de janeiro de 2006. Consultado em 15 de outubro de 2008 [ligação inativa]
  6. publico.pt (10 de abril de 2013). «Gonçalo Ribeiro Telles distinguido com Prémio da Arquitectura Paisagista IFLA2013». 10-4-2013. Consultado em 10 de abril de 2013 
  7. Wikisource
  8. Convergência Monárquica (1970), Antologia do Pensamento Político Português, por José Adelino Maltez, Centro de Estudos do Pensamento Político, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa
  9. FCG
  10. «Almeida Santos apresenta listas e defende revisão da Constituição». Diário de Lisboa (21833): 7. 13 de agosto de 1985. Consultado em 4 de janeiro de 2024 
  11. Falatório - Entrevista de Pedro Rolo Duarte a Gonçalo Ribeiro Telles
  12. Falatório - Entrevista de Pedro Rolo Duarte a Gonçalo Ribeiro Telles
  13. Diário de Notícias
  14. IndieLisboa
  15. Gonçalo Ribeiro Telles, Filiado Honorário n.º 1 do Nós, Cidadãos!, comunicado do Nós, Cidadãos!, Lisboa, 20 de julho de 2019 (consulta a 6 de Dezembro de 2021)
  16. a b c d «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Gonçalo Pereira Ribeiro Telles". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 15 de fevereiro de 2018 

Ligações externas

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