Gorgosaurus

(Redirecionado de Gorgossauro)

Gorgosaurus (que significa "lagarto feroz") foi um gênero de dinossauro carnívoro e bípede que viveu durante o Cretáceo Superior, estágio Campaniano, entre 76.6 há 75.1 milhões de anos. Sua espécie-tipo é denominada Gorgosaurus libratus.[1] É conhecido por muitos esqueletos.[2]

Gorgosaurus
Intervalo temporal: Cretáceo Superior
~76,6–75,1 Ma
Montagem esquelética, Museu Real Tyrrell de Paleontologia
Classificação científica e
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Dinosauria
Clado: Saurischia
Clado: Theropoda
Clado: Eutyrannosauria
Família: Tyrannosauridae
Subfamília: Albertosaurinae
Gênero: Gorgosaurus
Lambe, 1914
Espécie-tipo
Gorgosaurus libratus
Lambe, 1914
Sinónimos

Como a maioria dos tiranossaurídeos conhecidos, Gorgosaurus era um grande predador bípede, medindo 8 a 9 metros de comprimento e 2 a 3 toneladas de massa corporal. Dezenas de dentes grandes e afiados alinhavam suas mandíbulas, enquanto seus membros anteriores de dois dedos eram comparativamente pequenos. Gorgosaurus estava mais intimamente relacionado com o Albertosaurus, e mais distantemente relacionado com o maior Tiranossauro. Gorgosaurus e Albertosaurus são extremamente semelhantes, distinguindo-se principalmente por diferenças sutis nos dentes e ossos do crânio. Alguns especialistas consideram G. libratus uma espécie de Albertosaurus; isso faria de Gorgosaurus um sinônimo júnior desse gênero.

Descoberta editar

 
Restauração esquelética de um Gorgosaurus.

O holótipo de Gorgosaurus (NMC 2120) foi achado na Formação Dinosaur Park, Alberta por Charles M. Sternberg em 1913 sendo descrito formalmente em 1914 por Lawrence Lambe.[3] Seu nome é derivado do grego γοργος/gorgos ("feroz" ou "terrível") e σαυρος/saurus ("lagarto").[4] A espécie-tipo é G. libratus; o epíteto específico "equilibrado" é o particípio passado do verbo latino librare, que significa "equilibrar".[3]

É conhecido por um esqueleto quase completo, incluindo crânio e mãos completas. Atualmente ele está alojado no Canadian Museum of Nature, Ottawa.[5][6] Posteriormente, um quinto espécime foi descrito por Matthew e Brown e, embora eles tenham notado que o espécime apresenta características de tiranossaurídeos juvenis, o nomearam como uma nova espécie de Gorgosaurus: G. sternbergi, em homenagem a Sternberg.[7] No entanto, ele agora é considerado um Gorgosaurus libratus juvenil.[6] Depois disso, mais espécimes foram descritos, com alguns que não sabemos se representam Gorgosaurus libratus ou novas espécies.[6]

 
Espécime de "G. sternbergi", agora considerado um espécime imaturo de G. libratus.

Descrição editar

Tamanho editar

 
Comparação de tamanho de um Gorgosaurus adulto e subadulto e um humano.

O espécime adulto AMNH 5458 foi estimado de 8,6 a 9,1 metros de comprimento e 2,8 a 3,2 toneladas, aproximadamente. Embora originalmente estimado em 2,5 t. Já o espécime imaturo AMNH 5664 em 5,8 metros a 6,3 metros de comprimento e 560 a 686 kg, aproximadamente. Inicialmente foi estimado em 700 kg.[8] Os crânios de respectivos espécimes possuem 1,040 e 0,678 metros.[8][9]

Classificação editar

 
Restauração de vida.

Gorgosaurus é classificado na subfamília de terópodes Albertosaurinae dentro da família Tyrannosauridae. Está mais intimamente relacionado com o Albertosaurus ligeiramente mais jovem.[10]Estes são os dois únicos gêneros de albertosaurinos definidos que foram descritos, embora outras espécies não descritas possam existir.[11] Appalachiosaurus foi descrito como um tiranossauro basal fora Tyrannosauridae,[12] embora paleontólogo americano Thomas Holtz publicou uma análise filogenética em 2004 que indicou que este era um albertosaurino.[13] Trabalhos mais recentes e inéditos de Holtz concordam com a avaliação original.[14] Todos os outros gêneros de tiranossauros, incluindo Daspletosaurus, Tarbosaurus e Tyrannosaurus, são classificados na subfamília Tyrannosaurinae. Em comparação com os tiranossauros, os albertosaurinos tinham constituição esbelta, com crânios proporcionalmente menores e inferiores e ossos mais longos da parte inferior da perna (tíbia) e pés (metatarsos e falanges).[9][15]

O paleontólogo Dale Russell, ao perceber nenhuma diferença que separasse Gorgosaurus de Albertosaurus, sinonimizou ambos. Sendo assim, G. libratus virou A. libratus.[16] No entanto, o paleontólogo Philip J. Currie apontou características que divergem os dois gêneros, embora sejam táxons irmãos.[6]

O cladograma segue Brusatte & Carr (2016).[17]

Tyrannosauridae
Albertosaurinae

Gorgosaurus

Albertosaurus

Tyrannosaurinae
Alioramini

Qianzhousaurus

Alioramus remotus

Alioramus altai

Nanuqsaurus

Teratophoneus

Lythronax

Daspletosaurus torosus

Daspletosaurus horneri

Zhuchengtyrannus

Tarbosaurus

Tyrannosaurus

Paleobiologia editar

Taxa de crescimento editar

 
Um gráfico mostrando as curvas de crescimento hipotéticas (massa corporal versus idade) de quatro tiranossaurídeos. Gorgosaurus em azul.

Erickson et al. (2004) calcularam a taxa de crescimento de tiranossaurídeos. Para Gorgosaurus, eles deram uma taxa de de crescimento de 50 kg por ano durante uma fase de crescimento rápido que teria sido acabada quando chegasse à maturidade sexual. Portanto, o Gorgosaurus permaneceu por muito tempo sendo imaturo até se tornar o predador de topo do seu ecossistema e, sendo assim, suas formas juvenis poderiam ter preenchido um nicho diferente da dos adultos, como vemos em algumas espécies atuais, tipo o Dragão de Komodo.[18][19]

Força de mordida editar

 
Crânio de Albertossauro.

Um artigo de Jovanelly e Lane (2012) fala que o Gorgosaurus tinha uma força de mordida da aproximadamente 42.000 Newtons, o equivalente a 4,282808 kgf.[20]

Paleoecologia editar

 
Gorgosaurus caçando Lambeossauro.

Um das formações geológicas que o Gorgosaurus viveu foi a Formação Dinosaur Park (ou Parque dos Dinossauros). E nela também havia outro gênero de tiranossaurídeo: o Daspletosaurus. Ainda não sabemos de que forma eles coexistiram, mas uma hipótese é a partição de nicho. Com base nisso, Russel criou a hipótese de que o Gorgosaurus caçava os velozes hadrossaurídeos, enquanto o Daspletossauro caçava os ceratopsídeos e anquilossauros.[16] Entretanto, achados revelaram que 3 Daspletossauros provavelmente caçaram 5 hadrossaurídeos.[21]

Ver também editar

Referências

  1. «Gorgosaurus». Sistema Global de Informação sobre Biodiversidade (em inglês). Consultado em 29 de dezembro de 2019 
  2. Holtz, Thomas R. Jr. (2012) Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages, Winter 2011 Appendix.
  3. a b Lambe, Lawrence M. (1914). "On a new genus and species of carnivorous dinosaur from the Belly River Formation of Alberta, with a description of Stephanosaurus marginatus from the same horizon". Ottawa Naturalist. 28: 13–20.
  4. Liddell, Henry G.; Scott, Robert (1980). Greek-English Lexicon (Abridged ed.). Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-910207-5.
  5. Lambe, Lawrence M. (1914). "On the fore-limb of a carnivorous dinosaur from the Belly River Formation of Alberta, and a new genus of Ceratopsia from the same horizon, with remarks on the integument of some Cretaceous herbivorous dinosaurs". Ottawa Naturalist. 27: 129–135.
  6. a b c d "Cranial anatomy of tyrannosaurids from the Late Cretaceous of Alberta" http://www.app.pan.pl/article/item/app48-191.html?pdf=39
  7. Matthew, William Diller; Brown, Barnum (1923). «Preliminary notices of skeletons and skulls of Deinodontidae from the Cretaceous of Alberta. American Museum novitates ; no. 89» (em inglês). Consultado em 5 de junho de 2021 
  8. a b Therrien, François; Henderson, Donald M. (12 de março de 2007). «My theropod is bigger than yours … or not: estimating body size from skull length in theropods». Journal of Vertebrate Paleontology (1): 108–115. ISSN 0272-4634. doi:10.1671/0272-4634(2007)27[108:MTIBTY]2.0.CO;2. Consultado em 5 de junho de 2021 
  9. a b Currie, Philip J.; Hurum, Jørn H; Sabath, Karol (2003). «Skull structure and evolution in tyrannosaurid phylogeny» (PDF). Acta Palaeontologica Polonica. 48 (2): 227–234 
  10. Currie, Philip J. (2003). «Cranial anatomy of tyrannosaurids from the Late Cretaceous of Alberta» (PDF). Acta Palaeontologica Polonica. 48 (2): 191–226 
  11. Currie, Philip J. (2003). «Cranial anatomy of tyrannosaurids from the Late Cretaceous of Alberta» (PDF). Acta Palaeontologica Polonica. 2 (48): 191–226 
  12. Carr, Thomas D.; Williamson, Thomas E.; Schwimmer, David R. (2005). «A new genus and species of tyrannosauroid from the Late Cretaceous (middle Campanian) Demopolis Formation of Alabama». Journal of Vertebrate Paleontology. 25 (1): 119–143. ISSN 0272-4634. doi:10.1671/0272-4634(2005)025[0119:ANGASO]2.0.CO;2 
  13. Holtz, Thomas R. (2004). «Tyrannosauroidea». In: Weishampel, David B.; Dodson, Peter; Osmólska Halszka. The Dinosauria (em inglês) Second ed. Berkeley: University of California Press. pp. 111–136. ISBN 978-0-520-24209-8 
  14. Holtz, Thomas R. (20 de setembro de 2005). «RE: Burpee Conference (LONG)». Consultado em 18 de junho de 2007. Arquivado do original em 12 de abril de 2016 
  15. Currie, Philip J. (2003). «Allometric growth in tyrannosaurids (Dinosauria: Theropoda) from the Upper Cretaceous of North America and Asia». Canadian Journal of Earth Sciences. 40 (4): 651–665. Bibcode:2003CaJES..40..651C. doi:10.1139/e02-083 
  16. a b Russell, Dale A. (1970). "Tyrannosaurs from the Late Cretaceous of western Canada". National Museum of Natural Sciences Publications in Paleontology. 1: 1–34.
  17. Brusatte, S., Carr, T. The phylogeny and evolutionary history of tyrannosauroid dinosaurs. Sci Rep 6, 20252 (2016). https://doi.org/10.1038/srep20252
  18. Erickson, Gregory M.; Makovicky, Peter J.; Currie, Philip J.; Norell, Mark A.; Yerby, Scott A.; Brochu, Christopher A. (12 de agosto de 2004). «Gigantism and comparative life-history parameters of tyrannosaurid dinosaurs». Nature (7001): 772–775. ISSN 1476-4687. PMID 15306807. doi:10.1038/nature02699. Consultado em 5 de junho de 2021 
  19. Holtz, Thomas R. (2004). "Tyrannosauroidea". Em Weishampel, David B .; Dodson, Peter ; Osmólska Halszka (eds.). The Dinosauria (segunda edição). Berkeley: University of California Press. pp. 111–136. ISBN 978-0-520-24209-8.
  20. J. Jovanelly, Tamie; Lane, Lesley (20 de setembro de 2012). «Comparison of the Functional Morphology of Appalachiosaurus and Albertosaurus». The Open Geology Journal (1). doi:10.2174/1874262901206010065. Consultado em 5 de junho de 2021 
  21. Currie, Philip J.; Trexler, David; Koppelhus, Eva B.; Wicks, Kelly; Murphy, Nate (2005). "An unusual multi-individual tyrannosaurid bonebed in the Two Medicine Formation (Late Cretaceous, Campanian) of Montana (USA)". In Carpenter, Kenneth (ed.). The Carnivorous Dinosaurs. Bloomington: Indiana University Press. pp. 313–324. ISBN 978-0-253-34539-4.
  Este artigo sobre dinossauros é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.