Gosende

freguesia do município de Castro Daire, Portugal

Gosende é uma freguesia portuguesa do município de Castro Daire, com 20,46 km² de área[1] e 368 habitantes (censo de 2021)[2]. A sua densidade populacional é 18 hab./km².

Portugal Portugal Gosende 
  Freguesia  
Pelourinho de Campo Benfeito
Pelourinho de Campo Benfeito
Pelourinho de Campo Benfeito
Localização
Localização no município de Castro Daire
Localização no município de Castro Daire
Localização no município de Castro Daire
Gosende está localizado em: Portugal Continental
Gosende
Localização de Gosende em Portugal
Coordenadas 41° 0' 28" N 7° 54' 25" O
Região Centro
Sub-região Viseu Dão-Lafões
Distrito Viseu
Município Castro Daire
Código 180309
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 20,46 km²
População total (2021) 368 hab.
Densidade 18 hab./km²

Foi vila e sede de concelho até 1834. Era constituído apenas pela freguesia da sede. Tinha, em 1801, 721 habitantes.

Demografia editar

A população registada nos censos foi:[2]

População da freguesia de Gosende[3]
AnoPop.±%
1864 1 147—    
1878 1 227+7.0%
1890 1 222−0.4%
1900 1 251+2.4%
1911 1 266+1.2%
1920 1 269+0.2%
1930 1 446+13.9%
1940 1 560+7.9%
1950 1 463−6.2%
1960 1 367−6.6%
1970 1 196−12.5%
1981 994−16.9%
1991 691−30.5%
2001 557−19.4%
2011 426−23.5%
2021 368−13.6%
Distribuição da População por Grupos Etários[4]
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 65 66 235 191
2011 44 41 192 149
2021 27 35 172 134

Descrição editar

Freguesia do concelho e comarca de Castro Daire, distrito de Viseu, diocese de Lamego, relação do Porto; orago, S. Pedro. Dista 17 km da sede do concelho e está situada na margem direita da ribeira de Balsemão. Tem serviço de correio, escola primária, fábrica de laticínios e é sede de julgado de paz. Foi um curato anual da apresentação de um dos beneficiados da colegiada de S. Martinho de Mouros, no termo de Lamego, e passou a reitoria.

Produz batata, centeio e milho, pois é terra serrana e fria. Nasce nesta freguesia um afluente do Barosa, o Balsemão, que a divide sensivelmente ao meio.

Foi constituída esta freguesia com os três pequenos conc. de Gosende, Campo Benfeito e Roção, extintos em 1834. As duas últimas povoações conservam o pelourinho. Particularmente, a origem da pov. de Gosende está na vila rural ou «quintana» de Gondesindus, coeva do período germânico (visigótico); o próprio nome, Gosendi antigamente, é evolução do genitivo Gondesindi, de Gosendo, nome mui vulgar na Idade-Média, bem como o seu patronímico, Gosendes.

Sem embargo, no século X, a parte mais meridional, serrana, da grande «vila» de Andreadi (Anreade, atualmente), englobava, para SE., o território da atual freg. de Gosende. A «vila» de Andreadi subia do Douro até estas partes e era já então uma antiga paróquia de S. Miguel; de facto, a dita «vila» terminava «super illa lagona ubi nascit Balsamon, super illa Graliária» (Gralheira) (P. M. H., Dip. et Ch., 527).

Já no século X a «vila» de Andreadi devia estar desmembrada nas vílulas que são nomeadas como «vilas» rurais nos nossos monumentos, quando já a velha «vila» de Andreadi se chamava «terra» de Aregos, e, como se verá, não englobava as referidas vílulas de SW. correspondentes à atual freguesia de Gosende. Entre essas vílulas, as que para Gosende interessam são as de Gosendi, Gosendinho, Dornas, Ribavelida, Peixeninho, Campo Benfeito e Roção. Após a conquista de S. Martinho de Mouros pelo rei Fernando I, o «Magno» (1057), esta zona ficou incluída no julgado e paróquia de S. Martinho; mantendo-se, todavia, no estado de despovoamento em que a haviam deixado as guerras arábico-cristãs.

No segundo quartel do século XII, D. Afonso I doou a Egas Moniz, seu aio e «tenente» de Lamego, aquelas sete «vilas» rurais, como honras, para povoamento; do que Egas Moniz se desempenhou, residindo na bateria de Breteandi (Britiande). Após a morte de Egas Moniz, parte da «vila» de Roção passou para o rei e outra parte a Múnio Ermiges; o rei doou a sua parte, em 1155, ao mosteiro de Salzedas, que comprou em 1172, a de Múnio Ermiges (metade da "vila»), pelo Brejo e pelo «afimento» do Cotelo. As sete honras passaram a constituir um único município e julgado, com sede em Campo Benfeito. No segundo quartel do século XIV. êste município juntou-se ao julgado de Britiande, desligando-se do de S. Martinho de Mouros e recebendo as suas honras, da de Britiande, o maior dos privilégios desta terra: o de beetria.

Por esta altura, outras honras próximas se uniram à de Britiande: as de Várzea da Serra, Mezio e Lalim, que igualmente por ela se tornaram beetrias (excepto Lalim, que já o era, tão antiga quanto a de Britiande).

As onze honras congregadas formaram a ouvidoria medieval de Britiande, na sua primeira fase que termina em 1395. O facto é curiosíssimo na história destas singulares sociedades democráticas chamadas beetrias, e operou-se sob o conde D. Pedro, filho de D. Dinis, eleito para senhor pelas onze honras quando veio fixar residência nos seus opulentos paços de Lalim; aqui faleceu em 1354, sendo levado a sepultar ao mosteiro de S. João de Tarouca. Nesta primeira fase da união, as dez honras de Campo Benfeito, Dornas, Gosende, Gosendinho, Lalim, Mezio, Peixeninho, Ribavelide, Roção e Várzea da Serra, foram chamadas "honras de Britiande», ou «concelhos de Britiande», ou «Britiande e sua honra».

Quando faleceu o conde D. Pedro, o rei D. Pedro I forçou os moradores das onze honras a receber um senhor que êles Ihes nomeou: o novo conde de Barcelos, D. João Afonso de Meneses. As beetrias de Britiande, que tinham o privilégio de eleger livremente para senhor o fidalgo que quisessem, recusaram-se a acatar o decreto régio e expulsaram o mais poderoso nobre de Portugal. Êste queixou-se ao rei, que escreveu, irritado, «a vós, juizes e concelhos de Britiande e aos outros julgados e lugares que eram honras do conde D. Pedro, meu tio»: «sabede que o conde dom Joham meu vassalo, a que eu cas dictas honras fiz mercee, me dise que vós nom queríades com elle husar»; e obrigou os juízes de Britiande a receberem por senhor o conde D. João Afonso, ordenando-lhes que o façam aceitar pelas outras honras anexas.

Morto, em 1381, o conde D. João Afonso, as onze honras elegeram, em Britiande (a cabeça), seu filho, o conde de Viana, D. João Afonso. Traidor à Pátria após a morte de D. Fernando, a sociedade destituíu-o, logo que o alcaide de Lamego se resolveu a dar voz pelo Mestre de Avis. O novo eleito pelos concelhos de Britiande foi João Rodrigues Pereira, confirmado por D. João I em 1385. Presumivelmente por não guardar os «foros, usos e bons costumes» da sociedade, esta destituíu-o, substituindo-o por Martim Vasques da Cunha, o herói de Trancoso. Quando êste, em 1395, se passou para Castela, D. João I sequestrou todos os bens e honras do herói, entre estas as beetrias de Britiande. Foi então que se dispersou grande parte da sociedade: a honra de Gosende, extinta, formou um concelho por si; as honras de Peixeninho e Gosendinho, extintas, passaram a têrmos do conc. de Gosende; a honra de Dornas, extinta, entrou no têrmo de Lamego; a honra de Lalim foi doada a D. João de Castro; a honra de Roção, extinta, formou um conc. próprio; a honra de Britiande, cabeça da sociedade, foi dada à cidade de Lamego; a honra de Ribavelida entrou no têrmo do conc. de Britiande (restaurado em 1396); as honras de Várzea da Serra, Mezio, e Campo Benfeito continuaram beetrias anexas à honra de Britiande (segunda fase da sociedade: 1396-1550).

Pelas quatro honras foram eleitos sucessivamente os duques de Bragança, D. Afonso, D. Fernando I e D. Fernando II, a princesa Santa Joana e o duque D. Jorge de Lencastre. Falecido êste em 1550, D. João III ordenou o sequestro e extinção das beetrias, mantendo-se os conc. Alguns anos antes da definitiva extinção, os conc. de Gosende e de Campo Benfeito formavam já um só, denominado «conc. de Gosende Campo Benfeito». A freg. compreende os lug. de Campo Benfeito, Codeçal, Cotelo, Gosendinho, Peixeninho e Rossão.

Património editar

Presidente da Junta editar

  • Paulo Jorge da Conceição Correia de Castro (PPD/PSD) - 2013 a 2017
  • Domingos Soares da Silva (PS) - 2017 ao presente [carece de fontes?]

Ver também editar

Referências

  1. «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 10 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013 
  2. a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  4. INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022 
 
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Ligações externas editar

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