A GranBio Investimentos S.A. é uma empresa de biotecnologia industrial brasileira fundada em 2011. Foi a primeira companhia a operar uma planta industrial de etanol de segunda geração no Hemisfério Sul.[1][2]

GranBio
GranBio Investimentos S.A.
Granbio
Sociedade Anônima
Fundação 13 de junho de 2011 (12 anos)
Sede Brasil, São Paulo, SP
Produtos Biocombustíveis, Bioquímicos
Website oficial www.granbio.com.br

A empresa tem sua sede em São Paulo e possui ainda uma Estação Experimental para desenvolvimento de novas variedades de biomassa, em Barra de São Miguel, Alagoas.[3]

Em 2023, a empresa esta em processo avançado para começar a produzir bioquerosene de aviação.[4]

História editar

A GranBio é uma companhia de biotecnologia industrial 100% brasileira. Criada em junho de 2011 com o nome de GraalBio (que adotou até março de 2013) por sua acionista controladora, a GranInvestimentos S.A., holding da família Gradin, a companhia foi a primeira a anunciar uma planta comercial de etanol de segunda geração no Hemisfério Sul.[5] A unidade, localizada no município de São Miguel dos Campos (AL), tem capacidade para produzir 60 milhões de litros do biocombustível por ano.[3]

Em janeiro de 2013, o BNDESPAR, braço de participações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), tornou-se acionista minoritário da GranBio, com 15% do capital total da companhia.[6]

A empresa já foi listada pela revista americana Fast Company como uma das 10 companhias mais inovadoras da América do Sul.

Etanol de segunda geração (2G) ou etanol celulósico editar

 
Primeira fábrica de etanol 2G do Brasil

A principal diferença entre o etanol de primeira e segunda geração é a matéria-prima. Enquanto o primeiro é produzido a partir do caldo de cana, o segundo pode ser feito a partir da celulose da planta, presente - por exemplo - na palha e bagaço da cana. O etanol 2G se tornou viável graças à modernização do processo de extração e à sofisticação tecnológica das unidades de produção. Havia uma demanda do mercado para otimizar a conversão de recurso renovável (biomassa) em combustível, superando limitações do modelo atual. A aposta dos cientistas era o desenvolvimento de enzimas que atuassem na quebra da celulose da planta, liberando mais açúcar - e portanto mais energia. Em relação às propriedades físico-químicas, o etanol 2G é igual ao etanol tradicional. O que muda é o seu processo de fabricação.[7]

São necessárias três frentes de trabalho simultâneas para que se chegar ao etanol de segunda geração:

Pré-tratamento editar

Etapa que prepara a biomassa para ser decomposta nas suas moléculas constituintes. A matéria-prima passa por um processo de explosão e tem sua estrutura celular rompida, dando acesso às fibras de celulose e hemicelulose.

Hidrólise enzimática editar

Enzimas (proteínas) rompem as fibras da celulose, liberando açúcares mais simples de serem fermentados.

Fermentação editar

Na produção do etanol 1G, as leveduras convertem a glicose em etanol. No 2G, o processo é mais sofisticado. Por meio de biotecnologia foi desenvolvida uma levedura que também consome a xilose.

Tecnologias editar

As seguintes tecnologias permitem a produção de etanol e bioquímicos de segunda geração:

PROESA: A GranBio licencia no Brasil a tecnologia italiana PROESA para produção do etanol de segunda geração. Diferentemente do produto convencional, o etanol de segunda geração não é extraído diretamente do açúcar retirado da cana. Ele é fabricado a partir da celulose e hemicelulose existentes nas fibras vegetais. Essas moléculas são expostas e quebradas em açúcares menores graças à ação de enzimas especializadas. Esses açúcares, por sua vez, são bombeados para fermentadores, onde leveduras os convertem em etanol.

AVAP: É uma tecnologia desenvolvida pela American Process Inc. (API), empresa americana da qual a GranBio é sócia minoritária. A solução de pré-tratamento desenvolvida pela API permite a produção de açúcar de celulose de baixo custo e em larga escala.[7] Ela também atende às especificações exigidas para a fabricação de bioquímicos. O sistema converte a celulose e a hemicelulose (açúcares de seis e cinco carbonos, respectivamente) da biomassa por meio de um processo que combina a utilização de produtos químicos e enzimas. A API possui uma planta de demonstração integrada em Thomaston, Geórgia (EUA), para testar uma variedade de matérias-primas e formar parcerias com empresas químicas e conversoras de combustíveis para desenvolvimento de açúcares. A planta já está operando pela AVAPCO, filial da API, desde o final de março de 2013.

Cana-energia editar

 
Estação experimental da GranBio em Barra de São Miguel, AL.

A GranBio desenvolveu uma nova variedade de cana para produzir etanol e bioquímicos de segunda geração com mais eficiência. Batizada de Cana Vertix®, essa variedade de cana-energia foi obtida a partir do cruzamento genético de híbridos comerciais com tipos ancestrais da cana-de-açúcar.[7] O resultado é uma cana mais robusta, mais resistente a pragas e doenças e mais longeva, com teor de fibra e produtividade maiores que a cana convencional. Por ter 50% menos açúcar e produzir 4 vezes mais biomassa, ela é a matéria-prima ideal para usinas de segunda geração. Além disso, pode ser plantada e colhida em qualquer época do ano e proporciona três vezes mais vida útil ao canavial do que a cana-de-açúcar.[5]

A GranBio tem hoje 9 variedades de cana energia registradas no Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC) e 8 contratos de licenciamento de CanaVertix® de longo prazo com relevantes personagens da indústria sucroalcooleira brasileira.

Referências editar

  1. «GranBio faz ajustes e volta a ter lucro». Valor Econômico. 8 de março de 2023. Consultado em 8 de dezembro de 2023 
  2. «GranBio inicia produção de etanol 2G». Estadão. Consultado em 8 de dezembro de 2023 
  3. a b bccom (29 de maio de 2013). «GranBio inaugura estação experimental em Alagoas». Sindaçúcar-AL. Consultado em 8 de dezembro de 2023 
  4. «Parceria acelera projeto de biocombustível da GranBio nos EUA». Globo Rural. 11 de outubro de 2023. Consultado em 8 de dezembro de 2023 
  5. a b Lorenzon, Giovanni (11 de setembro de 2022). «Granbio reforça caixa com venda de ativos biológicos, mas não perde a fama». Money Times. Consultado em 8 de dezembro de 2023 
  6. Teixeira, Lucas (27 de setembro de 2015). «Empresa brasileira aumenta capacidade de produção em 50% sem ampliar canaviais». Forbes Brasil. Consultado em 8 de dezembro de 2023 
  7. a b c «GranBio quer difundir cana-energia para produção de SAF no Brasil». Editora Brasil Energia. 7 de setembro de 2023. Consultado em 8 de dezembro de 2023 

Ligações externas editar