Gretel Adorno (nascida Margarete Karplus; Berlim, 10 de junho de 1902Frankfurt am Main, 16 de julho de 1993) foi uma química e intelectual alemã da Escola de Frankfurt da teoria crítica. Era casada com o filósofo, sociólogo e músico Theodor W. Adorno.

Gretel Adorno
Nascimento 10 de junho de 1902
Berlim
Morte 16 de julho de 1993 (91 anos)
Frankfurt am Main
Cidadania Alemanha
Cônjuge Theodor W. Adorno
Alma mater
Ocupação química, editora, tradutora

Biografia editar

Gretel Karplus era neta do industrial vienense Gottlieb Karplus, filha de Joseph e Amalie Karplus. Tinha uma irmã, Liselotte, que como ela também realizou o doutorado. A casa onde passou a infância era situada em Prinzenallee, próxima a Tiergarten.[1]:55

Ela obteve o doutorado em química pela Universidade Humboldt de Berlim, onde estudou entre 1921-1925 e após defender a dissertação intitulada "Über die Einwirkung von Calciumhydrid auf Ketone" ("Sobre a influência do carbonato de cálcio na cetona", em livre tradução).[2]:58 Contando apenas vinte e três anos de idade ela ainda obteve doutorado em filosofia e em outros dois cursos menores - nos três summa cum laude.[2]:58

Nos dias como universitária em Berlim e antes de se relacionar com Adorno, Gretel manteve várias amizades com grande intelectuais alemães da década de 1920, que incluíam Ernst Bloch e Bertolt Brecht.[3]:55

Após obter seus doutorados, ela continuou a residir em Berlim e manteve sua independência financeira até quando ela e Adorno foram forçados a emigrar da Alemanha Nazi para os Estados Unidos, em 1937.[3]:56 Quando a empresa da família fora liquidada em 1933 ela se tornou co-proprietária da firma Georg Tengler até 1936 quando esta empresa também foi fechada por motivos não conhecidos; o sócio majoritário Tendler morrera em 1934 e ela foi responsável pelos cerca de duzentos empregados até o fechamento: Boeckmann informa que os registros da Câmara de Comércio daquele período foram parcialmente destruídos.[2]:60-61 Ele ainda registra que sua renda teve um crescimento entre 1933 a 1935, vindo a declinar no ano seguinte.[2]:61

 
49 bis 69 Hettenhofweg, Frankfurt, casa onde os Adorno viveram após 1949

Se casou com Adorno em 1937, após um namoro que durou catorze anos.[4]

Ele foi infiel a ela, sobretudo no tempo em que moraram em Los Angeles[1] e ele registra em seu diário encontros com uma mulher chamada "Carol".[5] O biógrafo de Adorno, Stefan Müller-Doohm, cita vários outras amantes, incluindo um relacionamento com Reneé Nell durante os anos em L.A.,[1]:302-303 com uma advogada chamada 'Eva' e com uma amiga da família chamada 'Arlette' que viajara com eles num feriado na Suíça.[1]:62-63 Não somente o marido escrevia sobre isso no seu diário, como ela também falava dos casos do esposo nas cartas enviadas à mãe,[5] e o casal teve algumas discussões sobre isso.[1]:62-3

Durante uma onda de protestos estudantis em Frankfurt, Adorno faleceu de ataque cardíaco em agosto de 1969. Gretel então escrevera uma nota no jornal Frankfurter Rundschau: “Theodor W. Adorno, nascido em 11 de setembro de 1903, morreu tranquilamente em sua cama em 6 de agosto de 1969.” [6]:1

Na Escola de Frankfurt Gretel assistiu ao marido e seu parceiro intelectual Max Horkheimer no preparo dos manuscritos da Dialética do Iluminismo. Ambos registraram sua "preciosa ajuda" para o trabalho, no prefácio da mesma.[7]:x

Sua ajuda na gravação e edição dos rascunhos verbais e escritos de Dialética do Iluminismo não foi a primeira nem a última vez que ela trabalhou ao lado de Adorno e Horkheimer em suas atividades intelectuais. A partir de 1937, ano em que Gretel se casou com Adorno, ela ajudou em quase todos os rascunhos iniciais das obras de Adorno, que lhe foram ditadas e taquigrafadas.[3] Sua ajuda ao marido se deu sobretudo durante o exílio estadunidense, quando Adorno se recusava a escrever em inglês, o que demonstra que ela teve que realizar toda a tradução naquele idioma.[8]:117

Após a morte do marido, que deixara inacabada a obra Teoria Estética, ela e o aluno dele Rolf Tiedemann concluíram e publicaram esse trabalho.[9]

Gretel possuía problemas crônicos de saúde que os médicos não conseguiam diagnosticar com precisão; eles são frequentemente mencionados em suas cartas.[10]

Referências

  1. a b c d e Stefan Müller-Doohm. Adorno: A Biography. Translated by Rodney Livingstone. Cambridge, UK: Polity Press, 2005.
  2. a b c d Staci Lynn von Boeckmann. "The life and work of Gretel Karplus/Adorno: Her contributions to Frankfurt School Theory." Diss., University of Oklahoma, 2004.
  3. a b c Stefan Müller-Doohm. Adorno: A Biography. Translated by Rodney Livingstone. Cambridge, UK: Polity Press, 2005.
  4. Gretel Adorno and Walter Benjamin. Correspondence, 1930-1940. Henry Lonitz and Christoph Gödde, Eds. Trans. Wieland Hoban. Cambridge UK and Malden MA: Polity, 2008.
  5. a b Lisa Yun Lee. Dialectics of the Body: Corporeality in the Philosophy of T. W. Adorno. Oxon & New York: Routledge, 2016.
  6. Detlev Claussen. Theodor Adorno: One Last Genius. Trans. Rodney Livingstone. Cambridge, MA and London: The Belknap Press of Harvard University Press, 2008.
  7. Theodor Adorno and Max Horkheimer. Dialectic of Enlightenment: Philosophical Fragments. Trans. John Cumming. London & New York: UP, 2010.
  8. Lisa Yun Lee. “The Bared Breasts Incident.” 114-139. In Feminist Interpretations of Theodor Adorno, Renée Heberle, Ed. University Park, Pennsylvania: The Pennsylvania State University Pres, 2006.
  9. Gretel Adorno and Rolf Tiedemann (Eds.). “Editor’s Afterword.” In Theodor Adorno. Aesthetic Theory. Trans. Robert Hullot-Kentor. London and New York: Continuum, 2002, p. 361.
  10. Theodor Adorno. Letters to His Parents, 1939-1951. Christoph Gödde and Henri Lonitz, Eds. Trans. Wieland Hoban. Cambridge, UK: Polity, 2006.

Bibliografia relacionada editar

  • Gretel Adorno e Walter Benjamin. Correspondence, 1930-1940. Henry Lonitz and Christoph Gödde, Eds. Trans. Wieland Hoban. Cambridge UK and Malden MA: Polity, 2008.
  • Gretel Adorno e Walter Benjamin.Walter Benjamin / Gretel Adorno: Briefwechsel 1930 - 1940, Christoph Gödde, Henri Lonitz, Eds. Frankfurt am Main, 2005.
  • Gretel Adorno e Rolf Tiedemann (Eds.) “Editor’s Afterword.” In Theodor Adorno. Aesthetic Theory. Trans. Robert Hullot-Kentor. London and New York: Continuum, 2002.
  • Theodor Adorno. Letters to His Parents, 1939-1951. Christoph Gödde and Henri Lonitz, Eds. Trans. Wieland Hoban. Cambridge, UK: Polity, 2006.
  • Theodor Adorno and Max Horkheimer. Dialectic of Enlightenment: Philosophical Fragments. Trans. John Cumming. London & New York: UP, 2010.
  • Staci Lynn von Boeckmann. The life and work of Gretel Karplus/Adorno: Her contributions to Frankfurt School theory. Diss., University of Oklahoma, 2004.
  • Detlev Claussen. Theodor Adorno: One Last Genius. Trans. Rodney Livingstone. Cambridge, MA and London: The Belknap Press of Harvard University Press, 2008.
  • Jürgen Habermas. “Dual-Layered Time: Personal Notes on the Philosopher Theodor W. Adorno in the ‘50s.” Trans. Kai Artur Diers. Logos, 2 (4): 1–6, 2003.
  • Robert Hullot-Kentor. Things Beyond Resemblance: Collected Essays on Theodor W. Adorno. New York: Columbia University Press, 2006.
  • Robert Hullot-Kentor. Trans. “Translator’s Introduction.” In Theodor Adorno. Aesthetic Theory. Gretel Adorno and Rolf Tiedemann, Eds. London and New York: Continuum, 2002.
  • Martin Jay. “Review: Towards a New Manifesto by Theodor Adorno and Max Horkheimer,” Notre Dame Philosophical Review 2 (37),2012.
  • Lisa Yun Lee. Dialectics of the Body: Corporeality in the Philosophy of T. W. Adorno. Oxon & New York: Routledge, 2016.
  • Lisa Yun Lee. “The Bared Breasts Incident.” 114–139. In Feminist Interpretations of Theodor Adorno, Renée Heberle, Ed. University Park, Pennsylvania: The Pennsylvania State University Pres, 2006.
  • Stefan Müller-Doohm. Adorno: A Biography. Translated by Rodney Livingstone. Cambridge, UK: Polity Press, 2005.
  • Rolf Tiedemann. Gretel Adorno zum Abschied. In Frankfurter Adorno Blätter III, München 1994.