Guerra Anglo-Espanhola (1585–1604)

1585-1604

A Guerra anglo-espanhola (1585–1604) foi um conflito entre os reinos da Inglaterra comandada por Isabel I e a Espanha comandada por Filipe II. A guerra começou mais propriamente com uma vitória inglesa em Cádis em 1587 e contra a Armada Espanhola em 1588, mas os ingleses não fizeram novos avanços depois disso e os espanhóis vão receber algumas vitórias. A guerra permaneceu inconclusiva durante muito tempo.

Guerra anglo-espanhola
The Somerset House Conference 19 August 1604.jpg
Data 1585 - 1604
Local Europa, América e Oceano Atlântico
Desfecho Status quo ante bellum
Tratado de Londres (1604)
Beligerantes
Flag of Cross of Burgundy.svg União Ibérica
Flag of the Kingdom of Naples.svg Reino de Nápoles
Inglaterra Reino da Inglaterra
Prinsenvlag.svg Províncias Unidas
Flag of Portugal (1578).svg Portugueses leais a Prior do Crato
Comandantes
Flag of Cross of Burgundy.svg Flag of the Kingdom of Naples.svg Filipe II

Flag of Cross of Burgundy.svg Flag of the Kingdom of Naples.svg Filipe III
Flag of Cross of Burgundy.svg Álvaro de Bazán
Flag of Cross of Burgundy.svg Alessandro Farnese

Flag of Cross of Burgundy.svg Alonso Pérez
Inglaterra Isabel I

Inglaterra Francis Drake
Inglaterra John Hawkins
Inglaterra Robert Dudley
Inglaterra Charles Howard

Flag of Portugal (1578).svg António de Portugal

Diversos confrontos entre Inglaterra e Espanha se seguiram durante os séculos XVII e XVIII.

CausasEditar

As motivações de Filipe II eram tanto políticas quanto religiosas. Isabel I, que era protestante, opôs-se ao catolicismo tornando obrigatório o comparecimento ao serviço religioso da Igreja Anglicana. Além disto, a morte de Mary Stuart, que foi acusada de traição e decapitada pois queria tomar o trono de Isabel I, foi o pretexto que Felipe II precisava para começar a guerra

A competição econômica entre os dois países estava tensa desde o momento em que John Hawkins iniciara a participação inglesa no tráfico de escravos em 1562, ganhando em seguida o apoio real. Os espanhóis consideraram as ações de Hawkins como contrabando ilegal nas suas colônias das Índias Ocidentais, e afundaram vários navios de uma expedição negreira liderada por Hawkins e por Francis Drake em San Juan de Ulúa, perto de Veracruz, no México, em 1568. O ataque em San Juan de Ulúa foi o incidente diplomático que começou a alterar as relações anglo-espanholas, que até então estavam relativamente amigáveis. O episódio enfureceu Drake e Hawkins, levando-os assim como a outros navegadores ingleses a se tornar corsários como uma maneira de quebrar o monopólio espanhol no comércio no Oceano Atlântico. As atividades corsárias inglesas reduziram severamente o montante do Tesouro espanhol.

DeflagraçãoEditar

A guerra estourou em 1585. Drake navegou às Índias Ocidentais e saqueou São Domingo, Cartagena das Índias, e São Agostinho (na Flórida). Irritado por estes ataques, Filipe II requisitou a planejar uma invasão à Inglaterra.

Em abril de 1587 Drake queimou 37 navios espanhóis no porto de Cádis. A Inglaterra se engajou na Guerra dos Oitenta Anos, apoiando a União das Províncias, liderada em revolta contra a Espanha por Guilherme I de Orange.

A execução de Maria I da Escócia em 1587, ultrajou os católicos na Europa continental e sua reivindicação ao trono inglês foi transferida para Filipe (que era viúvo de Maria I de Inglaterra). Em julho do mesmo ano, ele obteve a autorização do Papa Pio V para depôr Isabel. Em complemento a esta autorização, Pio V excomungou a rainha.

A Armada EspanholaEditar

 Ver artigo principal: Invencível Armada

Após o ataque da ArmadaEditar

A formação da Armada Espanhola revolucionou a guerra naval e sua derrota providenciou uma valiosa experiência de navegação aos marinheiros ingleses. Além disso, a derrota do Armada permitiu a Inglaterra persistir em suas pilhagens contra a Espanha em alto-mar e a continuar enviando tropas para auxiliar os inimigos de Filipe II nos Países Baixos e na França.

Entretanto, a derrota do Armada espanhola não foi uma batalha decisiva. Uma armada inglesa sob o comando de Drake e de John Norris foi despachada em 1589 para enfrentar a Marinha Espanhola do Atlântico, que sobrevivera sem grandes danos a derrota da Armada e aportou em Santander e em São Sebastião(San Sebastian) no norte da Espanha. Além disso, a Armada Inglesa devia capturar a Frota do Tesouro Espanhol e expulsar os espanhóis de Portugal, que Filipe governava desde 1580. Como sua antecessora espanhola, a Armada Inglesa falhou em todos os seus objetivos e a força invasora foi repelida com pesadas baixas e perdas financeiras severas para o tesouro isabelino.

A marinha espanhola pôde então se reagrupar e reorganizar, e essa nova marinha era bem mais eficaz do que a frota pre-1588. Uma expedição anglo-holandesa saqueou Cádis em 1596, mas a Espanha venceu a maioria dos outros confrontos navais e terrestres entre 1588 e o meio do século XVII.

Um sistema sofisticado de escolta e redes de inteligência melhoradas frustraram os ataques corsários a frotas do tesouro espanhol a partir da década de 1590. Exemplos da utilidade dessa reorganização espanhola são as derrotas das expedições bucaneiras de Martin Frobisher e John Hawkins no começo dessa década, assim como na captura do navio Revenge (Vingança), perto dos Açores. As permitiram aos espanhóis enviar três vezes mais ouro e prata na década de 1590 do que em toda a década anterior.

Drake e Hawkins morreram numa expedição desastrosa contra Porto Rico em 1595. Este foi um enfrentamento naval violento no qual os ingleses sofreu perdas raramente pesadas nos soldados e nos navios. No mesmo ano, uma força espanhola comandada por Carlos de Amesquita desembarcou na Cornualha, no oeste da Inglaterra. Os soldados de Amesquita invadiram e queimaram Penzance e vilas vizinhas, saqueando suprimentos e voltando ao mar antes que pudessem ser confrontados.

Também em 1595, o almirante inglês James Lancaster tomou de assalto o porto do Recife, onde permaneceu por quase um mês pilhando as riquezas transportadas do interior, no episódio conhecido como Saque do Recife. Foi a única expedição de corso da Inglaterra que teve como objetivo principal o Brasil, e representou o mais rico butim da história da navegação de corso do período elisabetano.[1]

Em 1597, a Inglaterra sofreu uma derrota no mar dos Açores, e envolveu-se em uma guerra de guerrilha na Irlanda que durou quase uma década e na qual os irlandeses contavam com apoio espanhol.

A continuidade da guerra foi cada vez mais mal-sucedida para a Inglaterra, chegando a atrasar o estabelecimento de assentamentos ingleses na América do Norte período até que Jaime I negociou a paz com Filipe III no tratado de Londres, 1604.

A Espanha permaneceu como a grande potência da Europa no século XVII até que as derrotas contra a França na Guerra dos Trinta Anos e a ascensão da supremacia naval holandesa (no meio do mesmo século) destruíram seu poder marítimo. Apesar da derrota da Armada não ter permitido a Inglaterra suplantar o poderio marítimo espanhol, ou agilizar a colonização americana, ela foi uma inspiração valiosa para os navegadores ingleses posteriores, particularmente nos combates navais anglo-franceses do século XVIII dos quais a Inglaterra emergiu finalmente como principal potência naval da Europa e nação colonizadora.

Ver tambémEditar

Referências

  1. Jean Marcel Carvalho França, Sheila Hue. «Piratas no Brasil: As incríveis histórias dos ladrões dos mares que pilharam nosso litoral». Google Livros. p. 92. Consultado em 25 de outubro de 2016