Gymnopédies

(Redirecionado de Gymnopédie nº 3)

As Gymnopédies são três composições para piano escritas pelo francês Erik Satie, publicadas em Paris em 1888.

Curtas e atmosféricas, as peças são compostas em 3/4, cada uma compartilhando um tema e uma estrutura comum. Coletivamente, elas são consideradas precursoras da música ambiente moderna[1] – peças calmas mas excêntricas que, quando compostas, desafiaram a tradição clássica. As melodias usam dissonâncias deliberadas mas amenas contra a harmonia, produzindo um efeito melancólico que combina com as instruções de execução, que são tocar cada peça lentamente, dolorosamente.

A partir da segunda metade do século XX, as obras foram erroneamente descritas como parte da música de mobília, provavelmente devido à interpretação que delas fez John Cage.[2]

Composição editar

O trabalho foi baseado na poesia de J.P. Contamine de Latour (1867–1926),[3] que escreveu Les Antiques ("O Antigo"), um poema com as seguintes linhas:

Oblique et coupant l'ombre un torrent éclatant
Ruisselait en flots d'or sur la dalle polie
Où les atomes d'ambre au feu se miroitant
Mêlaient leur sarabande à la gymnopédie

A conotação exata de Contamine no uso do termo gymnopédie é incerta. Pode se referir à dança, dada a menção anterior à sarabanda. Ou antiguidade, dado o título do artigo. Ou ainda nudez, apesar de palavras como "gymnastique" (ginástica) e "gymnase" (ginásio) baseadas na mesma palavra para nudez (γυμνός - "gymnos") serem comuns naquela época, ainda que sem referência à nudez propriamente dita.

Executado por Robin Alciatore. Cortesia de Musopen

Problemas para escutar este arquivo? Veja a ajuda.

As Gymnopédies são as primeiras composições em que Satie tentou se desvencilhar do ambiente da música de salão de seu pai e de sua madrasta. Em setembro de 1887 ele compôs três sarabandas (Trois Sarabandes), referenciando La Perdition de Contamine, que conhecia pessoalmente. Aparentemente, o compositor já usava o termo gymnopédiste antes de escrever a obra.

A composição das Gymnopédies começou dois meses após, completadas em abril de 1888. Em agosto, Gymnopédie nº 1 foi publicada, acompanhada dos versos de Contamine supracitados. Entretanto, é incerto se o poema foi escrito antes da música. Num momento posterior do mesmo ano foi publicada Gymnopédie nº 3. Entretanto, a publicação de Gymnopédie nº 2 aconteceu somente sete anos depois.

Ao fim de 1896, a popularidade de Satie estava em declínio, assim como sua situação financeira. Claude Debussy, cuja popularidade estava em alta na época, ajudou a popularizar o trabalho do seu amigo. Ele acreditava que Gymnopédie nº 2 não deveria ser orquestrada, e portanto orquestrou em fevereiro de 1897 somente a primeira e a terceira, em ordem inversa:

  • Gymnopédie nº 1 (para piano, por Satie) → Gymnopédie nº 3 (para orquestra, por Debussy)
  • Gymnopédie nº 3 (para piano, por Satie) → Gymnopédie nº 1 (para orquestra, por Debussy)

A partitura foi então publicada em 1898.

Referências

  1. Mark Prendergast, The Ambient Century: From Mahler to Moby - The Evolution of Sound in the Electronic Age, Londres: Bloomsbury, 2000, p. 6 ISBN 0747557322
  2. Por exemplo, Cage’s Place In the Reception of Satie Arquivado em 26 de outubro de 2005, no Wayback Machine., por Matthew Shlomowitz (1999)
  3. Erik Satie, Ornella Volta (2000), Correspondance presque complète, ISBN 9782213606743, Paris: Fayard/Imec, p. 936 

Ligações externas editar