Hamilton Maluly, ou Mah Luly como era mais conhecido em pseudônimo (Sarutaiá, 31 de agosto de 1941 - Piraju, 28 de outubro de 2014), foi um teatrólogo, estilista e artista plástico brasileiro. Sobre ele escreveu Paulo Moreira Leite, em 1977: "Mah Luly (...) não fez faculdade, trabalhou em casa lotérica até alta madrugada, fez pontas em programas do canal 9 e escreveu algumas peças de teatro".[1] Ativista dedicado à CNBB e em luta pelo PT (Partido dos Trabalhadores), em plena década de 80, quando seus próprios parentes políticos reacionários apoiavam a Ditadura Militar.

Hamilton Maluly
Hamilton Maluly
Nascimento 31 de agosto de 1941
Sarutaiá, SP
Morte 28 de outubro de 2014 (73 anos)
Piraju, SP
Nacionalidade brasileira
Ocupação teatrólogo, estilista e artista plástico

Biografia editar

Nos anos 50, mudou-se com a família para o município de Piraju, estado de São Paulo, onde viveu no casarão que pertenceu ao general Ataliba Leonel. Em 1968 escreveu e dirigiu a peça-colagem “Caos”, misto de manifesto político de esquerda e musical da Broadway, em plena ditadura militar.

Numa Piraju fortemente católica, os apelos de “Caos” (discurso a favor do Vietnã - inimigo dos EUA - movimento hippie e amor livre) não ecoaram tanto. Supostamente denunciado às autoridades militares locais como “subversivo” e antes que elas batessem à sua porta, Hamilton foge e vai para São Paulo.

Lá, além das atividades no teatro, Mah Luly destacou-se como estilista. Fez cursos com Eugenio Kusnet e Emílio Fontana.[2]

Em tour com a turma do Teatro Paiol no Rio de Janeiro, Mah Luly ganha o prêmio Glauce Rocha, então o maior do teatro nacional e criado pelo Grupo Opinião, com o texto “Meu Bofe disse-me Adeus”.[2]

Na esteira do prêmio, Mah Luly emplaca, nas décadas de 70 e 80, as peças “O Último Bolero em Sorocaba”, “Bye Bye Pororoca” (em parceria com Timochenco Wehbi) e o seu grande hit, “Adiós, Geralda”, que ficou anos em cartaz em São Paulo com suas várias montagens e várias divas do teatro paulistano se revezando no papel. Há quem diga que seu texto tenha servido de inspiração para o clássico filme “Bye Bye Brasil”, de Carlos Diegues.

Grandes textos de Mah Luly nunca chegaram aos palcos, já que ele, anos depois, abandonou São Paulo e voltou para Piraju, longe dos grandes holofotes e dos nomes que poderiam auxiliar na produção.

Nos anos 90, foi colaborador do Jornal pirajuense Observador, criando a satírica personagem Isopeida e abordando política nacional e internacional. Simpatizava com o Partido dos Trabalhadores e com as correntes esquerdistas de sua época. Condenava o imperialismo estadunidense e o bloqueio econômico imposto a Cuba. Admirava a coragem do líder cubano Fidel Castro.

Obras teatrais editar

Dentre as obras teatrais assinadas por Mah Luly tem-se:

  • Caos (peça, 1968)
  • O Milagre Brasileiro (peça teatral)[3]
  • Medeia (peça composta por três minipeças, como "Medeia em Brasília")[2]
  • Bye, Bye, Pororoca (peça,1975)[4], em parceria com Timochenco Wehbi e montada por Antônio Abujamra.[5]
  • O Último Bolero em Sorocaba (peça, 1976)[4]
  • Adiós, Geralda (musical, 1977)[4]
  • O Grito do Cachorro (peça)[6]
  • Che Guevara Não Morreu (peça, inédita, em parceria)

Referências

  1. Paulo Moreira Leite (3 de junho de 1977). Acervo Cedoc/Funarte. «Geralda: a personagem vê seu drama» (PDF). São Paulo: Folha. Folha de S.Paulo. Consultado em 6 de novembro de 2014 
  2. a b c "Revelação de Autor Mah Luly, paulista, de 31 anos, ator, além de ter feito cursos com Eugénio Kusnet e Emílio Fontana, arrebatou o Prémio Glauce Rocha (CrS.. 3.000.00), criado pelo Grupo Opinião do Rio de Janeiro", com outro excerto in: Ministério da Educação e Cultura (1973). Cultura. [S.l.: s.n.] Consultado em 6 de novembro de 2014 
  3. Institucional (s/d). «Biblioteca digital de Peças Teatrais». Univ. Federal de Uberlândia. Consultado em 6 de novembro de 2014 
  4. a b c Jairo Arco e Flecha (18 de maio de 1977). Acervo Cedoc/Funarte. «Drinks e Risos» (PDF). São Paulo: Abril. Veja (São Paulo) (454). 72 páginas. Consultado em 5 de novembro de 2014 
  5. Institucional (s/d). «Wehbi, Timochenco (1943 - 1986), biografia». Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro. Consultado em 6 de novembro de 2014 
  6. Adrina Nascimento (19 de maio de 2006). «Festival promove 'Ribuliço' nas escolas». Diário de Cuiabá. Consultado em 6 de novembro de 2014