Heinrich Peters (Essen-Borbeck, 29 de novembro de 1901 — Bergisch-Gladbach, 5 de fevereiro de 1982) foi um engenheiro alemão.

Heinrich Peters
Nascimento 29 de novembro de 1901
Essen-Borbeck
Morte 5 de fevereiro de 1982 (80 anos)
Bergisch-Gladbach
Nacionalidade Alemão
Alma mater Universidade Técnica de Munique
Ocupação físico
Orientador(a)(es/s) Ludwig Prandtl
Instituições MIT, ITA, USP
Campo(s) Mecânica dos fluidos, aerodinâmica, hidráulica
Tese 1930:

Peters concluiu a graduação em 1926, na Universidade Técnica de Darmstadt. No mesmo ano, tornou-se pesquisador assistente de Ludwig Prandtl[1] e em 1927 o acompanhou em viagem ao Japão com os demais membros da equipe acadêmica, como Walter Tollmien, Johann Nikuradse e outros pesquisadores[2]. Defendeu sua tese de doutorado em 1930, na Universidade Técnica de Munique[3]. Segundo Hager (2014)[3], sua primeira contribuição para a hidrodinâmica foi um capítulo sobre medição de pressão publicado em 1931. É interessante notar que esse capítulo [4] foi citado pelo Professor Hunter Rouse em seu livro "Laboratory Instruction in the Mechanics of Fluids"[5]. Quando esteve nos EUA, Peters realizou pesquisas sobre turbulência, tendo publicado dois artigos [6] [7]. Peters participou do 4º e do 5º IUTAM Congress, em 1935 e 1938, respectivamente. [8]

Em 1931 ou 1935, viajou para os EUA como professor associado do Massachusetts Institute of Technology (M.I.T.)[9]. Em agosto de 1941 ele estava na Alemanha em período de férias quando recebeu uma carta de J. C. Hunsaker (1886-1984), do M.I.T., sugerindo que não retornasse aos EUA[10].

Em 1942 o governo alemão começou a construir um grande túnel de vento nos alpes austríacos [11]. Esse túnel, capaz de alcançar Ma = 1 (Número de Mach), era alimentado por energia gerada com turbina Pelton (Lester Allan Pelton). Peters era estudioso de aerodinâmica, mas conhecia bem essas turbinas e a cavitação em tais máquinas hidráulicas [1]. A segunda guerra mundial terminou em 1945. Provavelmente entre 1945 e 1947, Peters contribuiu com o processo de transferência do túnel de vento alemão, da Áustria para a França. O seu trabalho consistiu em transferir as lições aprendidas na Áustria, estabelecendo as bases para os desenvolvimentos científicos com auxílio do túnel de vento instalado na França[12].

Menções ao trabalho acadêmico de Heinrich Peters no Brasil podem ser encontradas em diferentes fontes. Kovacs[1] comenta que ele era o responsável pela divisão de mecânica (no ITA), mas possuía a aerodinâmica como ponto forte tendo ensinado esta ciência aos alunos. O mesmo autor cita também a realização de uma palestra sobre cavitação em turbinas Pelton. Peters orientou trabalhos acadêmicos no ITA[13], na década de 1950, e na Universidade de São Paulo nas décadas de 1960 e 1970[14], [15]. Com referência ao apoio de pesquisas, seu nome é citado em [16].

No prefácio do livro “Atlas de Mecânica dos Fluidos”, o autor, Prof. Vieira, menciona que iniciou “suas atividades docentes no Instituto Tecnológico da Aeronáutica-ITA, como Auxiliar de Ensino, ministrando aulas de exercícios de Mecânica dos Fluidos”. Nesse prefácio há referências ao Prof. Heinrich Peters, então dirigente do Departamento de Mecânica. No referido prefácio, nota-se novamente a influência didática de Peters:

“Alguns anos após sua radicação definitiva em São Carlos pôde o autor realizar uma primeira apostila, de circulação restrita, seguida logo após de uma segunda e de uma terceira edição em forma de caderno, expondo a matéria constante do programa até então em vigor na Escola de Engenharia de São Carlos e seguindo de perto a orientação didática do Prof. Heinrich Peters” (Vieira, 1971, trecho do prefácio do livro Atlas de Mecânica dos Fluidos)[17].

Há também citações em Forjaz (2005)[18], Pinheiro (2007, p.153-154)[19], Oliveira (2008, p.142) [20], Pereira (2010, p.174)[21] e Medeiros (2012, p.151) [22]. De acordo com [23], ele supostamente participou da equipe de desenvolvimento dos foguetes V-2 alemães.

Referências

  1. a b c Joseph Kovacs. CENTRO HISTÓRICO EMBRAER (entrevista), p. 9, São José dos Campos – SP, 2011.
  2. Hans-Ulrich Meier: Die Pfeilflügelentwicklung in Deutschland bis 1945, Bernard & Graefe Verlag, 2006, S. 307, S. 436 f.
  3. a b Willi Hager, Hydraulicians in Europe 1800-2000: Volume 2 (IAHR Monographs), p. 1152, CRC Press; Edição: 1 (21 de março de 2014)
  4. Peters, H., “Druckmessung,” Handbuch der Experimentalphysik, Vol. 4, Part 1, Leipzig, 1931.
  5. Hunter Rouse. Laboratory Instruction in the Mechanics of Fluids, State University of Iowa, Studies in Engineering, Bulletin 41, p.55, 1961
  6. H. Peters. "A Contribution to the Theory of Turbulence", Journal of the Aeronautical Sciences, Vol. 4, No. 9 (1937), pp. 384-385. doi: 10.2514/8.439
  7. H. Peters. "On the Separation of Turbulent Boundary Layers", Journal of the Aeronautical Sciences, Vol. 3, No. 1 (1935), pp. 7-12. doi: 10.2514/8.112
  8. Stephen Juhasz. IUTAM: A Short History, Springer Science & Business Media, 6 de dez de 2012 - p. 149
  9. ROSTER OF MEMBERS OF THE INSTITUTE OF THE AERONAUTICAL SCIENCES. 1939-1940, "Peters, Heinrich, Dr.Eng.; A.F.I.Ae.S.; Assoc. Prof., Aero. Engineering, Mass. Inst, of Technology." VOLUME 6 SECTION 2, OCTOBER, 1939 NUMBER 12. DOI: 10.2514/8.952
  10. Siegmund-Schultze, R. (Reinhard). Mathematicians fleeing from Nazi Germany: individual fates and global impact /Reinhard Siegmund-Schultze. Princeton University Press, 2009. ISBN 978-0-691-12593-0 (cloth) — ISBN 978-0-691-14041-4 (pbk.)
  11. http://www.onera.fr/en/who-we-are/did-you-know/the-modane-wind-tunnel-war-treasure
  12. Jean-Pierre Marec. COMAERO- COMITE POUR L’HISTOIRE DE L’AERONAUTIQUE. UN DEMI-SIÈCLE D’AÉRONAUTIQUE EN FRANCE CENTRES ET MOYENS D’ESSAIS. TOME II. Ouvrage COMAERO édité par l’Onera/Service de l’information scientifique et technique et de la documentation
  13. http://www.bdita.bibl.ita.br/TGsDigitais/Resultado_titulos_orientadores.php?ano_inicio=1952&ano_fim=2014&orientador=Heinrich%20Peters&total_orientados_ori=6
  14. http://lattes.cnpq.br/
  15. http://www.shs.com.br/?pg=equipe&funcao=link&funcao2=link2&id=5
  16. http://www.fapesp.br/publicacoes/relat1970.pdf
  17. Rui Vieira. Atlas de mecânica dos fluidos, Editôra E. Blücher, 1971
  18. Maria Cecilia Spina Forjaz. As origens da Embraer. Tempo Soc. vol.17 no.1 São Paulo June 2005
  19. Hemerson Pinheiro. Perspectiva Histórica e Tecnológica da Calibração do Túnel 2 do Sistema Cantareira de Abastecimento de Água para a Região Metropolitana de São Paulo. Dissertação (Mestrado), EESC-USP.
  20. Nilda Oliveira. Entre o criar, o copiar e o comprar pronto: a criação do ITA e do CTA como instituições de ensino e pesquisa para a consolidação da indústria aeronáutica brasileira (1945-1990), 2008, Tese (doutorado) - Universidade de São Paulo
  21. Pedro Pereira. A Educadora Maria Laura: Contribuições para a Constituição da Educação Matemática no Brasil, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2010
  22. Tharsila Medeiros. A IMPLANTAÇÃO DA CIÊNCIA DE BASE TECNÓGICA: UM ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DA FÍSICA EXPERIMENTAL COM ACELERADORES DE PARTÍCULAS NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (1934 - 1982), Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências
  23. http://www.aeitaonline.com.br/wiki/index.php?title=Heinrich_Peters

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