Henri Pirenne

historiador belga

Henri Pirenne (Verviers, 23 de dezembro de 1862 — Uccle, 25 de outubro de 1935) foi um historiador belga.

Henri Pirenne
Henri Pirenne
Nascimento Jean Henri Otto Lucien Marie Pirenne
23 de dezembro de 1862
Verviers
Morte 25 de outubro de 1935 (72 anos)
Uccle
Nacionalidade belga
Cidadania Bélgica
Filho(a)(s) Jacques Pirenne
Irmão(ã)(s) Maurice Pirenne
Alma mater Universidade de Lieja, Universidade de Frederico-Guilherme, Universidade de Leipzig, Universidade de Paris, Escola Prática de Altos Estudos, Universidade de Gante
Ocupação medievalista, historiador, professor universitário
Prêmios Prêmio Francqui (1933)
Empregador(a) Universidade de Gante, Universidade de Liège
Campo(s) história
Obras destacadas Pirenne Thesis

A sua influência foi decisiva na historiografia contemporânea, assentando a sua reputação em três grandes contribuições para a história da Europa. Em primeiro lugar, a que ficou conhecida como "Tese de Pirenne", concernente às origens da Idade Média; em segundo, por uma visão distinta acerca da história medieval da Bélgica; e, em terceiro lugar, por seu modelo acerca do desenvolvimento da cidade medieval.

Destacou-se ainda na defesa da resistência não-violenta aos alemães que ocuparam a Bélgica durante a Primeira Guerra Mundial, tendo chegado a ser detido por essa razão, à época.

Biografia editar

Foi filho de Lucien Henri Pirenne e Virginie Duesberg.

Obteve um doutorado em 1883 na Universidade de Lieja, voltando-se desde então para os estudos sobre a Idade Média. Um ano mais tarde (1884) ingressou na cátedra de William Ferdinand Arndt em Leipzig. Foi discípulo também de Harry Bresslau e de Gustav Schmoller.

Foi professor de história de 1892 até a sua morte na Universidade de Gante.

Destacou-se como um dos grandes historiadores do século XX, em particular pela que ficou conhecida como "Tese de Pirenne" - (uma reinterpretação inédita e vigorosa sobre o início e a duração da Idade Média) e pelo seu estudo sobre as origens da Bélgica enquanto nação.

Acerca da obra de Pirenne, Marc Bloch referiu: "É necessário repetir o valor das qualidades que fazem cada uma das obras do grande sábio belga, desde a sua aparição, no sentido próprio da palavra, um clássico da literatura..."

O livro mais conhecido de Pirene é Maomé e Carlos Magno, uma espécie de complemento ao livro História económica e social da Idade Média, originalmente publicado sob a forma de artigos e que contém a tese que recebeu o seu nome.

A tese de Pirenne editar

Pirenne contesta a ideia comum de que a Idade Média se iniciou com a queda do Império Romano, uma vez que observa que os bárbaros que o venceram não o destruíram, e pelo contrário, romanizaram-se e utilizaram-no económica e culturalmente em benefício próprio. Por essa razão conservaram o mar Mediterrâneo como o Mare nostrum dos romanos, dando continuidade ao comércio e aos intercâmbios do mesmo modo que o havia feito o império. Desse modo, os povos continuaram trazendo do continente as suas mercadorias e transportando-as pelo Mediterrâneo, conservando o eixo comercial em Roma, até que os muçulmanos invadiram parte da Europa no século VIII.

A data da invasão muçulmana da península Ibérica (711) é a que propõe para o verdadeiro início da Idade Média. Estes invasores, que possuíam uma civilização mais desenvolvida que a europeia, adotaram a estratégia de fechar o Mediterrâneo à navegação europeia, convertendo a Europa marítima em uma Europa continental, reduzindo enormemente a sua riqueza e favorecendo a aparição dos feudos pelo continente, o que conduziu à confrontação entre muçulmanos e cristãos, que degenerou em um tipo de luta em que cada parte reforçou e defendeu a sua identidade religiosa à falta de outra forma de coesão nacionalista.

As fases de predomínio de uma ou outra parte durante a Idade Média podem-se resumir em um primeiro momento de predomínio muçulmano, seguida pela reação cristão conhecida como as cruzadas, e por último, uma contra-ofensiva muçulmana, efetuada agora pelo Império Otomano, nas costas Orientais do Mediterrâneo, até que a Europa as recuperou na Primeira Guerra Mundial.

Obras editar

  • "Histoire de Belgique"
  • "Mahomet et Charlemagne"
  • "Les villes du Moyen-Age, essai d’histoire économique et sociale"[1], Bruxelas: Lamertin, 1927.

Referências

  1. Versão on-line em: [1]

Ligações externas editar