Hermínia de Lencastre

cientista portuguesa, investigação em bioquímica e biologia molecular de bactérias Gram-positivas e fagos, incluindo mecanismos de resistência a antibióticos e disseminação de genes e clones de resistência.

Hermínia de Lencastre é uma geneticista luso-americana agraciada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior português com a Medalha de Mérito Cientifico, pelas contribuições para a genética microbiana.

Hermínia de Lencastre
Cidadania Portugal
Alma mater
Ocupação investigadora
Prêmios
  • Mulheres na Ciência (2016)
  • Medalha de Mérito Científico (2018)
Empregador(a) Universidade Rockefeller, Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier

Percurso editar

Hermínia de Lencastre, formou-se em Biologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em 1969; seguiu-se o doutoramento em Biologia molecular e genética na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.[1]

Em 1990 ocupou o cargo de investigadora sénior na The Rockefeller University em Nova Iorque e a partir de 1999, deu também aulas no Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier da Universidade Nova de Lisboa, onde se jubilou em 2011.[2][3]

Trabalho Cientifico editar

Focou o seu trabalho de investigação no estudo da resistência de bactérias patogénicas aos antibióticos, procurando descobrir como é que a bactéria a adquire, as bases genéticas por detrás dela e como se desenvolve numa população de bactérias.[4]

 
Bacterias Gram-positivas (Staphylococcus aureus, em rôxo) e Gram-negativas (Escherichia coli, em cor-de-rosa)

Assim, estudou do ponto de vista da genética microbial, da bioquímica e da biologia molecular de fagossomas e bactérias Gram-positivas, analisando os seus mecanismos de resistência a antibióticos e a difusão de clones e genes resistentes.[2]

Contribuiu de forma significativa para o estudo da principal causa das infecções hospitalares as bactérias estafilococos aureus, em particular as resistentes à meticilina, e que podem provocar infecções graves como: choque séptico, septicémia, endocardite, entre outras.[5][6]

Em 2017 a equipa liderada por ela e por Maria Miragaia no ITQB, descodificou o gene das bactérias responsável pela resistência a antibióticos.[7]

Prémios e Reconhecimento editar

Recebeu o Prémio Professor Nicolau van Uden da Sociedade Portuguesa de Microbiologia pelas suas contribuições para esta área de conhecimento.[5][8]

Em 2016, foi uma das cientistas portuguesas homenageadas pelo Ciência Viva na primeira edição do livro e exposição Mulheres na Ciência.[4]

Tornou-se professora jubilada na cerimónia que decorreu em Dezembro de 2017 no Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier.[2]

Hermínia de Lencastre foi agraciada com a Medalha de Mérito Científico pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior português em 2018.[9]

Obras Seleccionadas editar

É autora de mais de 266 artigos publicados em revistas e jornais científicos internacionais e portugueses, entre os quais se destacam: [10]

  • 2010 - Geographic Distribution of Staphylococcus aureus Causing Invasive Infections in Europe: A Molecular-Epidemiological Analysis[11]
  • 2011 - High Prevalence of EMRSA-15 in Portuguese Public Buses: A Worrisome Finding[12]
  • 2016 -The impact of private use of PCV7 in 2009 and 2010 on serotypes and antimicrobial resistance of Streptococcus pneumoniae carried by young children in Portugal[13][14]
  • 2017 - Evidence for the evolutionary steps leading to mecA-mediated β-lactam resistance in staphylococci[15][7]

Referências

  1. «CV Hermínia de Lencastre — ITQB» (PDF). www.itqb.unl.pt. Consultado em 20 de abril de 2021 
  2. a b c «Last lesson of Professor Hermínia de Lencastre — ITQB». www.itqb.unl.pt. Consultado em 20 de abril de 2021 
  3. «Loop | Herminia De Lencastre». loop.frontiersin.org. Consultado em 20 de abril de 2021 
  4. a b «Homepage Ciência Viva». www.cienciaviva.pt. Consultado em 20 de abril de 2021 
  5. a b «Career award to Hermínia de Lencastre — ITQB». www.itqb.unl.pt. Consultado em 20 de abril de 2021 
  6. «Riscos da bactéria Staphylococcus aureus • MD.Saúde». Consultado em 20 de abril de 2021 
  7. a b Manuel, António; Manuel, António (27 de abril de 2017). «Descodificado gene em bactérias envolvido na resistência a antibióticos». TV Europa. Consultado em 20 de abril de 2021 
  8. spmicro (24 de julho de 2012). «Professor Nicolau van Uden Prize' 11». Sociedade Portuguesa de Microbiologia. Consultado em 20 de abril de 2021 
  9. «Despacho 8391/2019, 2019-09-20». Diário da República Eletrónico. Consultado em 20 de abril de 2021 
  10. «Last lesson of Professor Hermínia de Lencastre — ITQB». www.itqb.unl.pt. Consultado em 20 de abril de 2021 
  11. Grundmann, Hajo; Aanensen, David M.; Wijngaard, Cees C. van den; Spratt, Brian G.; Harmsen, Dag; Friedrich, Alexander W.; Group¶, the European Staphylococcal Reference Laboratory Working (12 de janeiro de 2010). «Geographic Distribution of Staphylococcus aureus Causing Invasive Infections in Europe: A Molecular-Epidemiological Analysis». PLOS Medicine (em inglês) (1): e1000215. ISSN 1549-1676. PMC 2796391 . PMID 20084094. doi:10.1371/journal.pmed.1000215. Consultado em 20 de abril de 2021 
  12. Simões, Roméo Rocha; Aires-de-Sousa, Marta; Conceição, Teresa; Antunes, Filipa; Costa, Paulo Martins da; Lencastre, Hermínia de (2 de março de 2011). «High Prevalence of EMRSA-15 in Portuguese Public Buses: A Worrisome Finding». PLOS ONE (em inglês) (3): e17630. ISSN 1932-6203. PMC 3047573 . PMID 21407807. doi:10.1371/journal.pone.0017630. Consultado em 20 de abril de 2021 
  13. «The impact of private use of PCV7 in 2009 and 2010 on serotypes and antimicrobial resistance of Streptococcus pneumoniae carried by young children in Portugal: Comparison with data obtained since 1996 generating a 15-year study prior to PCV13 introduction». Vaccine (em inglês) (14): 1648–1656. 29 de março de 2016. ISSN 0264-410X. doi:10.1016/j.vaccine.2016.02.045. Consultado em 20 de abril de 2021 
  14. «Visão | Mesmo quando têm de pagar, os portugueses aderem em massa à vacinação». Visão. 29 de abril de 2016. Consultado em 20 de abril de 2021 
  15. «Evidence for the evolutionary steps leading to mecA-mediated β-lactam resistance in staphylococci». PLOS JOURNALS. 2017