Hipérbole (figura de estilo)

 Nota: Este artigo é sobre a figura de linguagem. Se procura a seção cônica, veja Hipérbole.

Hipérbole (do grego hyperbolê, "transporte para cima, excesso") ou auxese é a figura de linguagem que "consiste na ênfase resultante do exagero deliberado, quer no sentido negativo, quer no positivo",[1] ou seja, trata-se de uma figura empregada em textos literários e na linguagem corrente para expressar algo de maneira exagerada ou intensificada. Fiorin define como o "tropo em que há aumento da intensidade semântica. Ao dizer de maneira mais forte alguma coisa, chama-se a atenção para aquilo que está sendo exposto".[2] Em termos simplificados, a hipérbole consiste na expressão evidentemente exagerada de uma ideia. De acordo com Quintiliano, a hipérbole é um "exagero elegante da verdade", podendo se efetuar por aumento ou por diminuição.

Tipologia editar

Hipérbole por metáfora editar

A hipérbole por metáfora funciona quando se usa um termo metafórico para exagerar a expressão.

Exemplos editar

"Ela saiu voando da sala".

"Estou derretendo de calor".

"Estou congelando de frio".

Hipérbole por comparação editar

Exemplos editar

"Era um peixe tão pesado quanto um elefante".

Hipérbole por amplificação editar

"Ele mais pesado que um elefante".

Hipérbole por diminuição editar

"Menor que um grão de areia".

Outros exemplos editar

Isidoro de Sevilha cita os seguintes textos de Virgílio como contendo hipérboles:[3]

  • Cila guarda o lado direito, e a insaciável Caríbdis o lado esquerdo; e das profundezas do seu abismo, por três vezes ao dia ela suga as águas para o abismo, e depois as joga para cima, molhando as estrelas com sua espuma (Virgílio, Eneida, 3, 423 [em linha])
  • (...) um vento, vindo do Norte, atinge com força as velas, e levanta as ondas até o céu. Os remos se partem, e o barco vira, dando o seu lado às ondas; por sobre o barco cai uma montanha de água. Alguns dos marinheiros conseguem se segurar; para outros, o mar mostra a terra debaixo das ondas (Virgílio, Eneida, 1, 107 [em linha])

Alguns exemplos literários de hipérboles :

  • "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac)[4]
  • "Um quarteirão de perucas para Clodovil Pereira †(2009)". (José Cândido Carvalho)
  • "Na chuva de cores / Da tarde que explode / A lagoa brilha" (Carlos Drummond de Andrade).[5]
  • "Assim esperamos - disse a plateia, já agora morrendo de rir." (Caetano Veloso)[6]
  • "Eu quero ter um milhão de amigos e, bem mais forte, poder cantar!" (Roberto Carlos)
  • Guias cegos que coais o mosquito e engolis o camelo (Jesus - Mateus 23:24)
  • É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha... (Jesus - Mateus 19:24)
  • Tira primeiro a trave do teu olho... (Jesus - Mateus 7:5)

Exemplos de hipérbole na linguagem corrente:

  • "Estou morrendo de fome!"
  • "Um ser amor!"
  • "Estou morrendo de rir!"
  • "Já te avisei mais de mil vezes!"
  • "Tomou uma surra"

Referências

  1. Moisés, Massaud (2013). Dicionário de Termos Literários. São Paulo: Cultrix. p. 229 
  2. FIORIN, José Luiz (2014). Figuras de Retórica. São Paulo: Contexto. p. 75 
  3. Isidoro de Sevilha, Etimologias, Liber I, De Grammatica, 36.21 [em linha]
  4. In: Alvorada do Amor, poesia (acessada em novembro de 2008)
  5. In: "Lagoa" (acessado em novembro de 2008).
  6. In: "Barco Vazio", texto coligido por Wally Salomão sob título "Alegria, Alegria" - "Caetano Veloso", FRANCHETTI, Paulo e PÉCORA, Alcyr. Abril Educação, col. Literatura Comentada, São Paulo, 1981

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