Homem-sanduíche (também chamado de homem-placa ou plaqueiro) é o trabalhador que veste uma espécie de colete no qual são são colocados anúncios[1].

Homem-placa na cidade de Bonn, Alemanha.

Sendo uma atividade de baixa remuneração, em geral é praticada por aposentados em busca de uma complementação da sua renda ou por pessoas que estão desempregadas, procurando outra ocupação[2][3]. A atividade, assim, é comum em períodos de crise econômica e desemprego, como aconteceu na década de 1930. Walter Benjamin considera, na sua análise de Berlin Alexanderplatz, que o homem-sanduíche é uma espécie de degradação do flâneur baudelairiano[4]. da mesma forma, João do Rio já observara, em suas crônicas, que o homem-sanduíche é um símbolo da paisagem urbana moderna[5].

História editar

Cartazes humanos têm sido usados há séculos. No século XIX em Londres, a prática começou quando os cartazes publicitários ficaram sujeitos a impostos e a competição pelo espaço nas paredes se tornou acirrada. O Príncipe Hermann von Pückler-Muskau descreveu a atividade na Londres dos anos 1820:

Com o passar do tempo, além de segurar cartazes e sinais, alguns cartazes humanos passaram a usar cartazes-sanduíche. Charles Dickens descreveu esses anunciantes como "um pedaço de carne humana entre duas fatias de papelão".[6] Afirmou-se no The Times em meados de 1823 que tais cartazes-humanos eram uma invenção de Londres - enquanto uma visão familiar em Londres, os "anúncios bípedes" eram novos em Paris naquela época.

A proibição de cartazes da propriedade privada em Londres em 1839 aumentou muito o uso de homens-sanduíche.[8] À medida que a novidade de ver pessoas carregando cartazes ia se desgastando, os anunciantes passaram a criar variações dos cartazes para chamar a atenção, como ter um "desfile" de homens-sanduíche idênticos, ou fazer com que os homens-sanduíche vestissem roupas extravagantes, por exemplo.

Referências

  1. CERQUEIRA, Monique Borba. ociabilidade, envelhecimento e trabalho informal. Memorialidades v. 5, n. 9 e 10 (2008)
  2. SANCHES, Rodrigo. Do homem-placa ao pixman: o processo iconofágico na relação da imagem, mídia e corpo. Communicare V.7 n.2 2º sementre de 2007. Página 136
  3. CERQUEIRA, Monique Borba. Quando a rua é dos velhos: trabalho informal, saúde e condições de vida. Textos & Contextos v. 7, n. 2 (2008)
  4. BOLLE, Willie. Fisiognomia da metrópole moderna: representação da história em Walter Benjamin. EdUSP, 1994. Página 377
  5. FABRIS, Annateresa. Fragmentos urbanos: representações culturais. Studio Nobel, 2000. Página 59
  6. a b «London placard carriers and 'sandwich men', 1820–1840». Urban75. Setembro de 2004. Consultado em 21 de março de 2018 
  7. «L'Homme-affiche» (11956). Londres: The Times. 21 de agosto de 1823. p. 2 
  8. Ventura, Jordi. «Gems from the History of Advertising Posters». Palau Robert. Consultado em 3 de maio de 2007. Arquivado do original em 16 de abril de 2007