Hutis

movimento político-religioso

Hutis[5][6] (em árabe, الحوثيون, transl. al-Ḥūthiyyūn, também chamados al-hutis ou houthis, em alusão ao nome dos seus dirigentes, Hussein Badreddine al-Houthi e seus irmãos) é a denominação mais comum do movimento político-religioso Ansar Allah, (em árabe أنصار الله, transl. anṣār allāh: 'partidários de Deus')[7] majoritariamente xiita zaidita (embora inclua também sunitas)[8] do noroeste do Iêmen.[9]

Hutis
حوثيون
Ansar Allah
أنصار الله
Participante na

Bandeira Houthi: "Alá é o maior, Morte à América, Morte a Israel, Maldição aos judeus, Vitória ao Islã"

Datas 1994–presente (armado desde 2004)
Ideologia
Objetivos Defender os interesses dos Zaiditas
Defender a independência do Iêmen
Acabar com a influência da Arábia Saudita no Iêmen
Organização
Líder Hussein Badreddin al-Houthi (morto em 2004)
Abdul-Malik al-Houthi
Orientação
religiosa
Zaidismo
Sede Sana,  Iêmen
Área de
operações
 Iêmen
Arábia Saudita
Efetivos 100 000[4]
Relação com outros grupos
Aliados
Inimigos

Sitio web: www.ansarollah.com

Hussein Badreddine al-Houthi, líder do grupo, foi morto em setembro de 2004, por forças do exército iemenita.[10] Outros integrantes da liderança houthi, incluindo Ali al-Qatwani, Abu Haider, Abbas Aidah e Yousuf al-Madani (um genro de Hussein al-Houthi) também foram mortos pelas forças governamentais iemenitas.[11][12]

Em 2014, apoderaram-se de uma grande parte do país, incluindo a capital Saná. Em março de 2015, a Arábia Saudita criou uma coalizão militar composta por cerca de quinze países, entre os quais os Emirados Árabes Unidos e o Egito, para derrotar os Houthis e repor no poder o governo do Presidente exilado Abd Rabbuh Mansur Al-Hadi. Os Houthis mantiveram o controle do antigo Iémen do Norte.

Parte do grupo tem sido referida como um "poderoso clã",[13] denominado Ash-Shabab al-Mu'min (em árabe, الشباب المؤمن; em português, Jovens Crentes) [14] ou Jovens Crentes.[12]

História editar

Os hutis formaram-se como grupo político nos anos 1990, após a unificação do Iêmen (antes dividido em Iémen do Norte e Iémen do Sul). Antes da unificação, o Iémen do Norte, de população maioritariamente zaidita, era uma república nacionalista árabe instalada nos anos 1960, após um golpe militar e uma longa guerra civil que pôs fim ao teocrático Reino do Iêmen, expulsando os imãs zaiditas, que haviam governado o território desde o final do século IX (ca. 897). Em 1990, quando ocorreu a unificação do país, o presidente do antigo Iémen do Norte, Ali Abdullah Saleh, é eleito presidente da nova República do Iêmen.

O grupo tem origem no Fórum dos Jovens Crentes, uma organização religiosa e cultural co-fundada em 1992. A maioria dos seus membros são Zaidi, um movimento religioso geralmente associado ao xiismo, mas alguns são sunitas. Foi em parte uma resposta à propagação do salafismo no Iémen, financiado pela Arábia Saudita. Em 2004, o assassinato pelas forças de segurança iemenitas de um deputado e fundador do Fórum dos Jovens Crentes, Hussein al-Houthi, desencadeou a primeira insurreição Houthi contra o Estado.

Saleh manteve-se no cargo até 2012, quando foi destituído, na esteira de revoltas populares ocorridas durante a chamada Primavera Árabe - com apoio dos hutis, violentamente combatidos pelo seu governo.[15]

Mais recentemente, porém, Saleh acabou por se aliar aos hutis,[16] quando deflagrou a nova guerra civil, precipitada pela captura da capital iemenita, Sana'a, pelos insurgentes, o que obrigou o presidente Abdrabbuh Mansur Hadi a sair do país.

Luta armada editar

Armado desde 2004, em 2005 o movimento contava com 1 000 a 3 000 combatentes;[17] a partir de 2009, estimava-se que o número se cifrasse entre os 2 000 e os 10 000.[18] De acordo com Ahmed Al-Bahri, os hutis tinham um total de 100 000-120 000 seguidores, incluindo combatentes armados e partidários desarmados.[19] Em 2022, o grupo tomou precauções, no sentido de evitar a disseminação do COVID-19, no país, sendo um dos poucos países imunes à doença.[20]

Mapa do Iêmen com as principais cidades e países limítrofes
Mapa do Iêmen: a área verde corresponde ao território de atuação dos houthis em dezembro de 2016.

Os hutis afirmam que as suas ações são para a defesa da sua comunidade e contra a discriminação por parte do governo. O governo do Iémen, por sua vez, acusa-os de querer derrubá-lo e instituir uma lei religiosa xiita,[21] desestabilizar o governo e "fazer agitações sociais, movidas por sentimentos antiamericanos".[22]

O governo iemenita também acusou os hutis de ter ligações a patrocinadores externos, especialmente com o governo iraniano.[23] Por sua vez, os hutis rebateram essas acusações, afirmando que o governo iemenita é apoiado por agentes externos, particularmente, a Arábia Saudita e a Al-Qaeda[24][25][26] [27]

Em menos de um mês (de 26 de março a 13 de abril de 2015), os ataques contra os hutis produziram 3 897 feridos e resultaram na morte de aproximadamente 2 600 civis, incluindo um grande número de crianças e mulheres. A Arábia Saudita e os seus oito aliados árabes justificam os ataques pela necessidade de defender a legitimidade do presidente iemenita, Abdrabbuh Mansur Hadi, além de suprimir a ameaça que os hutis alegadamente, representariam para a Arábia Saudita, e principalmente evitar que o Irão estenda a sua influência na região, por meio dos rebeldes. [28]

Ver também editar

Referências

  1. «Houthis are fighting "Western Imperialism"». PressTV 
  2. «Will Yemen kick off the War of the two Blocks?'». Russia Today 
  3. Plotter, Alex (4 de junho de 2015). «Yemen in crisis». Esquire 
  4. Houthis Kill 24 in North Yemen, 27 de novembro de 2011
  5. «Huti». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia 
  6. Taqi, Abdulelah (12 de abril de 2015). «Houthi propaganda: following in Hizballah's footsteps». https://www.newarab.com/ (em inglês). Consultado em 13 de janeiro de 2024 
  7. Ataques contra aldeia sunita do Iémen deixam 26 mortos e 120 feridos. A Verdade, 31 de outubro de 2013.
  8. «Derribando mitos acerca de los hutíes en Yemen, un país devastado por la guerra · Global Voices en Español». Global Voices en Español. 3 de abril de 2015 
  9. «Ansar Allah vows to defeat al-Qaeda in Yemen». 22 de outubro de 2014. Consultado em 23 de janeiro de 2016 
  10. Deaths in Yemeni mosque blast. Al Jazeera, 2 de maio de 2008.
  11. Press TV Saudi soldier, Houthi leaders killed in north Yemen, 19 de novembro de 2009
  12. a b «Hothi / Houthi / Huthi. Ansar Allah al-Shabab al-Mum'en / Shabab al-Moumineen ('Believing Youth')». GlobalSecurity.org 
  13. What Is Yemen's Houthi Rebellion? Arquivado em 17 de julho de 2011, no Wayback Machine. Por Pierre Tristam
  14. Regime and Periphery in Northern Yemen - The Huthi Phenomenon. Por Barak A. Salmoni, Bryce Loidolt, Madeleine Wells. Prepared for the Defense Intelligence Agency. Rand National Defense Research Institute
  15. Arábia Feliz Arquivado em 20 de dezembro de 2016, no Wayback Machine.. Por Salem Nasser. Brasileiros', 21 de outubro de 2016.
  16. «Yemen's Saleh declares alliance with Houthis». Al Jazeera. 11 de maio de 2015 
  17. Philips, Sarah (28 de julho de 2005). Cracks in the Yemeni System Arquivado em 27 de setembro de 2011, no Wayback Machine.. Middle East Report Online.
  18. «Pity those caught in the middle». The Economist. 19 de novembro de 2009 
  19. Ahmed Al-Bahri: Expert in Houthi Affairs, 10 de abril de 2010
  20. «WHO: Yemen is free of coronavirus» (em inglês). 26 de março de 2020 
  21. «Deadly blast strikes Yemen mosque». BBC News. 2 de maio de 2008. Consultado em 23 de janeiro de 2016 
  22. Sultan, Nabil (10 de julho de 2004). Rebels have Yemen on the hop. Asia Times Online.
  23. Wikileaks. Kuwait Interior Minister sounds alarm on Iran; offers assurances on GTMO returnees and security. Data: 17 de fevereiro de 2010.
  24. «Saudi, al-Qaeda support Yemen crackdown on Shias». Press TV. 29 de agosto de 2009. Consultado em 1º de fevereiro de 2010 
  25. «Al-Qaeda Fighting for Yemeni Government Against Houthi Shia Rebels...». 29 de dezembro de 2009. Consultado em 1º de fevereiro de 2010 
  26. «Yemen employs al-Qaeda mercenaries: Houthis». Press TV. 28 de outubro de 2009. Consultado em 1º de fevereiro de 2010 
  27. Dostoiévski no Iêmen, por Salem Nasser. Brasileiros, 22 de maio de 2015
  28. Houthis denunciam a morte de mais de 2.500 civis desde o início da ofensiva no Iêmen. R7, 13 de abril de 2015.

Ligações externas editar

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