Maomé ibne Maomé ibne Amade ibne Juzai Alcalbi Algarnati (em árabe: محمد ابن احمد ابن جزي الكلبي الغرناطي; romaniz.:Muhammad ibn Ahmad ibn Juzayy al-Kalbi al-Gharnati) foi um árabe andalusino nascido no Reino Nacérida. Foi autor de poemas e obras de história, direito e filosofia. Ele é geralmente conhecido como o escritor das viagens de Ibne Batuta por meio da narração do explorador. Era filho de Abu Alcacim ibne Juzai (o panegirista de Iúçufe I), o qual foi morto na Batalha do Salado em 1340.[1] Ibne Juzai morreu em Fez em 1357, dois anos após o final da redação da Rihla de ibne Batuta. Em Granada, ele foi o secretário do soberano da dinastia Nacérida, e depois em Fez, no atual Marrocos , o do Merínida Abu Inane Faris.[2]

Ibne Juzai
Nascimento 1321
Granada, Reino Nacérida
Morte 1357
Fez, Império Merínida
Nacionalidade Granadino
Progenitores Pai: Abu Alcacim ibne Juzai
Ocupação Poeta e Escritor
Magnum opus Tuḥfat an-Nuẓẓār fī Gharāʾib al-Amṣār wa ʿAjāʾib al-Asfār
Religião Islã

A rihla de ibne Batuta editar

 
Manuscrito original produzido por ibne Juzai. A digitalização foi feita pela Biblioteca da França

Ibne Juzai escreveu "A rihla de ibne Batuta" ( Riḥlat Ibn Baṭūṭah ) em 1352-55. Ela chama-se originalmente: Tuḥfat an-Nuẓẓār fī Gharāʾib al-Amṣār wa ʿAjāʾib al-Asfār, que pode ser traduzida como: "Um presente para aqueles que contemplam as Maravilhas das Cidades e as Maravilhas da Viagem". Escrito em língua árabe, esse documento é mais referenciado como Rihla. Produzido em terras do Império Merínida com aval de Abu Inane Faris, liderança da época, o poeta proporcionou uma sofisticação literária aos relatos de ibne Batuta. Esse estilo literário tinha diversas funções, dentre elas, informar sobre os locais distantes a chefia e entreter os leitores.[3] Há de se notar que ele transceveu passagens de trabalhos anteriores, como a descrição de Medina da Rihla de ibne Jubair e a descrição da Palestina por Maomé Alabedari Alhi.[4] Ibne Juzai, que já havia conhecido ibne Batuta quando o explorador estava em Granada, possuiu também uma voz na rihla, geralmente identificada anteriormente. Ele enriqueceu o relato com poemas e com refinamentos poéticos.

Atualmente, um fragmento do manuscrito original está na Biblioteca Nacional da França. A entrada desse documento foi registrada em 1835 e ele provém da coleção de Jacques-Denis Delaporte.[5]

Notas e referências

  1. F.N. Vázquez Basanta Abu l-Qasim Ibn Yuzayy: fuentes árabes, Al-Andalus Magreb: Estudios árabes e islámicos, ISSN 1133-8571, Nº 6, 1998 , pags. 251-288
  2. Paule Charles-Dominique, Répertoire, art. Ibn Juzayy, in Voyageurs arabes, Paris, Gallimard, coll. Pléiade, p. 1300
  3. Silva, Bruno Rafael Véras de Morais e (2017). «Périplo do ouvir, ver e narrar: retórica, alteridade e representação do outro na Rihla de Ibn Battuta». Tese (Mestrado em História) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador. 
  4. Ross Dunn 'The 'Adventures of Ibn Battuta: A Muslim Traveler of the 14th Century, p. 313
  5. «Consultation». archivesetmanuscrits.bnf.fr. Consultado em 12 de julho de 2020 

Bibliografia editar

  • Ibn Juzayy, Muhammad ibn Ahmad, Tasfiyat al-qulub fi al-wusul ila hadrat 'Allam al-Ghuyub / li-Ibn Juzayy al-Gharnati ; dirasat wa-tahqiq Munir al-Qadiri Bu Dashish ; taqdim Ahmad al-Tawfiq. al-Tab'ah 1.'' [Casablanca : s.n.], 1998 ISBN 9981-1951-0-3
  • M. Isabel Calero Secall, RULERS AND QĀDĪS: THEIR RELATIONSHIP DURING THE NASRID KINGDOM, in: Journal Islamic Law and Society, Volume 7, Number 2 / June, 2000
  • Ibn al-Khatib, al-Ihata fi akhbar Gharnata, ed. M. Inan, 4 vols. (Cairo, 1973-77), I, 157-62;
  • Ibn al-Khatib, al-Katiba al-kamina, ed. Ihsan Abbas,(Beirut, 1983), 138-43
  • Ibn al-Khatib, al-Lamha al-badriyya fi l-dawla al-nasriyya, ed. Muhibb al-Din al-Khatib, 3rd ed. (Beirut, 1978), 116-18
  • Al-Maqqari Nafh al-tib min ghusn al-Andalus al-ratib, ed. I. 'Abbas, Beirut, 1968, t. 8, pp. 40-54
  • F.Velazquez Basanta, Retrato jatibiano de Abu Bakr Ya'far Ahmad ibn Yuzayy, otro poeta y qadi al-yama'a de Granada. Anales de la Universidad de Cadiz, IX-X (1992-93), 39-51
  • Maria Arcas Campoy, Un tratado de derecho comparado: el Kitàb al-Qawànìn de Ibn Juzayy, pp. 49-57, In: Atti del XIII Congresso dell'Union Européenne d'Arabisants et d'Islamisants (Venezia 1986) foi a ele que Ibn Battuta dedicou sua vida e trabalho
  • SILVA, Bruno Rafael Véras de Morais e. Périplo do ouvir, ver e narrar: retórica, alteridade e representação do outro na Rihla de Ibn Battuta (1304-1377). 2017. Tese (Mestrado em História) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.