Ícolo e Bengo

cidade e município angolano
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Ícolo e Bengo é uma cidade e município da província de Luanda, em Angola.

Ícolo e Bengo


A Lagoa da Quiminha em 2009.
Dados gerais
Gentílico ícolo-benguense
icolense[1]
Província Luanda
Características geográficas
Área 3 819 km²
População 126 935[2] hab. (2018)
Densidade 33,23 hab./km²

Ícolo e Bengo está localizado em: Angola
Ícolo e Bengo
Localização de Ícolo e Bengo em Angola
9° 6' 46" S 13° 41' 23" E{{{latG}}}° {{{latM}}}' {{{latS}}}" {{{latP}}} {{{lonG}}}° {{{lonM}}}' {{{lonS}}}
Projecto Angola  • Portal de Angola

Segundo as projeções populacionais de 2018, elaboradas pelo Instituto Nacional de Estatística, conta com uma população de 126 935 habitantes[2] e área territorial de 3 819 km².

Localiza-se no leste da província, sendo limitado a norte pelo município do Dande, a leste pelo município de Cambambe, a sul pelo município da Quissama e a oeste pelos municípios de Viana e Cacuaco.

O município de Ícolo e Bengo está subdividido em cinco comunas, sendo a sede, que conserva o mesmo nome, e as comunas-distritos urbanos de Bom Jesus do Cuanza, Cabiri, Cassoneca e Caculo Cahango. Sua centralidade-base está situada nos arredores do bairro do Catete.[3]

Etimologia editar

 
As planícies alagadiças do Cacefo, localizadas na macrozona geográfica do rio Cuanza, em 2008.

O termo Ícolo e Bengo provém do termo da língua quimbundo mu ikolo ya nbengo, que significa "vale largo e extenso", numa referência à grande planície fértil entre os rios Bengo (ao norte) e Cuanza (ao sul) em que está localizado o território municipal.[4][1]

História editar

A zona territorial municipal esteve no centro dos investimentos do Ramal do Alto Dande na primeira década do século XX. Foi construída uma linha férrea em Sistema Decauville, que unia inicialmente as localidades de Cabiri e Catete, e nesta ligava-se ao Caminho de Ferro de Luanda. Posteriormente o ramal foi estendido até Caxito, mas foi desativado.[5]

A transferência do concelho-sede, de Cabiri para o Catete, aconteceu em outubro de 1921.[4]

No contexto da luta anticolonial, a população de Ícolo e Bengo organizou uma marcha em protesto pela libertação de Agostinho Neto em 1960, um dos primeiros atos de rebeldia explícita na colónia no pós-segunda guerra mundial.[6] As autoridades coloniais responderam violentamente com munição — trinta pessoas foram assassinadas e duzentas feridas no "Massacre de Ícolo e Bengo".[6]

Em 2011 o Ícolo e Bengo foi transferido da província do Bengo para a província de Luanda, no seguimento da reforma administrativa das duas províncias.[7]

Desde a aprovação do "Plano Diretor Geral Metropolitano de Luanda", em 2015, o Ícolo e Bengo deixou de ser um município com multicentralidades ancoradas nas suas cinco comunas, para uma só cidade, composta de cinco comunas que também são distritos urbanos. O Catete deixou de ser uma comuna para tornar-se um bairro-distrito, a real centralidade da cidade de Ícolo e Bengo. O mesmo plano inseriu a cidade do Ícolo e Bengo como uma das componentes da "Região Metropolitana de Luanda".[8][9][10]

Geografia editar

Localizado numa grande planície fértil entre os rios Bengo (ao norte) e Cuanza (ao sul),[1] o município do Ícolo e Bengo é particularmente abundante em fontes d'água, sendo banhado por muitos rios, lagos e lagoas, chegando a ser chamado de "mesopotâmia de Angola".[1] Dentre seus lagos e lagoas destacam-se: Quilunda, Quiminha, Tôa, Cauigia e Cabemba.[4][1]

Economia editar

 
Zona industrial da cidade do Ícolo e Bengo, em 2009.

A estrutura económica do Ícolo e Bengo encontra-se essencialmente ao longo da rodovia EN-230,[1] onde assentam-se as plantas de industrias de transformação e construção civil. Há ainda um importante sector comercial, de transportes e de serviços. Na indústria extrativa, há ainda frações de massa salarial advinda da mineração industrial.[4]

Neste município estão alguns dos mais vitais polos agrícolas e pesqueiros da província de Luanda,[4] incluindo a Mabuia e o destacado Pólo Agrícola da Quiminha,[1] o maior projeto integrado de agricultura em Angola, que se beneficia da lagoa da Quiminha para irrigação.[11] Na zona da Quiminha e no restante do território icolense, produz-se importantes excedentes de mandioca, batata doce, feijão, amendoim e gergelim.[4]

Infraestrutura editar

Transportes editar

Ferrovia editar

As estações ferroviárias de Hia, Catete e Barraca estão em território municipal e são servidas por comboios suburbanos, de médio e de longo curso do Caminho de Ferro de Luanda. Além disso há a prevsão de funcionamento do Ramal do Aeroporto e da Estação Ferroviária do Aeroporto.[12]

Rodovias editar

A principal rodovia de Ícolo e Bengo é a EN-230 (Estrada Luanda-Catete), que a liga tanto à Luanda, quanto ao restante da nação;[13] outra rodovia importante é a EN-110, que liga o município ao Cacuaco (ao noroeste) e à Quissama (ao sul).[14]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e f g Ícolo e Bengo lança novos projectos para alavancar sector social. Jornal de Angola. 26 de janeiro de 2023.
  2. a b Schmitt, Aurelio. (3 de fevereiro de 2018). «Municípios de Angola: Censo 2014 e Estimativa de 2018». Revista Conexão Emancipacionista 
  3. Comunas. Ministério da Administração do Território e Reforma do Estado. 2018.
  4. a b c d e f Os Valores do Nacionalismo e Patriotismo para uma Angola Moderna. Ordem dos Engenheiros de Angola]. 26 de agosto de 2019.
  5. Problemas de África: o prolongamento do Caminho de Ferro de Malange. Gazeta dos Caminhos de Ferro Portugueses. Nº 1108. Ano 47. Lisboa: 16 de fevereiro de 1934. pp. 109.
  6. a b Birmingham 2021, p. 4.
  7. Lei n.º 29/11 de 1 de Setembro de 2011 - Alteração da Divisão Político-Administrativa das Províncias de Luanda e Bengo. Info Angola. 2011
  8. Castro, José Caléia; Reschilian, Paulo Romano.. Metropolização e planejamento territorial como perspectiva de desenvolvimento em Angola. São Paulo: Cadernos Metrópole. Vol.22. nº. 49. Sep./Dec. 2020.
  9. Figueira, Moisés Bernardo.. Novas Centralidades na Área Metropolitana de Luanda: A Cidade do Sequele como Estudo de Caso. Lisboa: Universidade NOVA de Lisboa, 2010.
  10. Castro, José Caléia; Reschilian, Paulo Romano; Zanetti, Valéria.. Os candongueiros e a “desordem” urbana de Luanda: uma análise sobre a representação social dos transportes informais. Urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 2018 jan./abr., 10(1), 7-21
  11. Maior projeto agrícola de Angola arranca com exportações para a Europa em outubro. Observador. 17 de fevereiro de 2018.
  12. Horários e Itinerários. CCFL. 2017.
  13. Obras condicionam trânsito na estrada 230 junto a Comarca de Viana. Portal Angop. 3 de maio de 2018.
  14. Estudo sobre o estado das rodovias de Luanda. República de Angola - Ministério dos Transportes. 2018.

Bibliografia editar