Ilha do Rato

ilhéu localizado no Mar da Palha, Portugal

A Ilha do Rato, também conhecida por Mouchão das Ostras,ou Ilha do Carrapeto, é um ilhéu localizado no Mar da Palha, pertencente à União das Freguesias de Barreiro e Lavradio ,que pertencia à agora extinta freguesia do Lavradio.

Ilha do Rato
Ilha do Rato está localizado em: Portugal Continental
Ilha do Rato
Coordenadas: 38° 41' 8.3" N 9° 02' 08.7" O
Geografia física
País Portugal Portugal
Localização Rio Tejo (Lavradio, Mar da Palha)
Área 0.045  km²

Tem uma área de 45600 metros quadrados de superfície. Está actualmente à venda por 800 mil euros.[1][2]

Localizada no Estuário do Tejo (Mar da Palha), a sul do Canal do Montijo e da Esquadrilha de Helicópteros da Marinha (Base Aérea N.º 6, Montijo), a nordeste da Ponta da Passadeira (Barreiro) e a oeste da aldeia do Rosário (Moita). Metade da ilha encontra-se em domínio público e a outra metade propriedade privada (ilha privada).


História editar

A Ilha do Rato é de formação arenosa dunar e tem vegetação rasteira. A história da ilha é anterior ao século XVII. Foi desde muito cedo local de habitat e de desenvolvimento da ostra portuguesa.

Século XIX editar

Em 1858 foi doada pelo Rei D. Luís a um cabo.

A concessão de exploração da Ilha do Rato começou a 10 de Agosto de 1867. Foi o Doutor José Vicente Barbosa du Bocage quem obteve a primeira concessão por trinta anos da Ilha.[3]

Em 15 de Fevereiro de 1873 foi transferida pelo contratante, José Vicente Barbosa du Bocage, para o francês Henri Place.[3]

A 12 de Setembro de 1883,  foi reconhecido o direito à exploração da ilha a Eduardo Honourous, legitimo sucessor de Henri Place.

Posteriormente, foi vendida a sua concessão a Sousa Leal. A ilha foi ainda explorada pelo brasileiro França Neto e moradia de ingleses que hasteavam a bandeira britânica aos domingos, no chalé de madeira da Ilha.[4]

Acabou por servir também de porto de desembarque de candongueiros e local de contrabando de mercadorias devido ao relativo isolamento da Ilha. [5]

Ainda no século XIX, era daqui donde provinha grande parte do marisco e da ostra portuguesa do Estuário do Tejo, que posteriormente era exportado para Paris- onde a ostra portuguesa recebeu a alcunha de "la portugaise". [4] As ostras eram cultivadas em viveiros que se estendiam pelos esteiros, junto ás salinas e na Ilha do Rato, produziu-se até meados dos anos 60, ostras que forneciam os mercados de Lisboa, França e Inglaterra. Na praia do Rosário chegou a ser instalado um Centro de Depuração, bem demonstrativo da actividade na zona. Com o desaparecimento das ostras do rio Tejo atribuido á poluição industrial, instalada nas margens do Tejo, acabou uma das maiores actividades das gentes ribeirinhas. Hoje os cabeços de areia do Tejo são férteis em casca de ostra morta.

Século XX editar

Entre 1950 e 1970 registaram-se vários fatores que contribuíram para a degradação do Estuário do Tejo, desde o grande desenvolvimento urbano à sua volta até à fixação de indústrias altamente poluentes. O desenvolvimento urbano trouxe como consequência para o Estuário o aumento excessivo da poluição orgânica, com altos valores de contaminação bacteriológica, tornando estes locais impróprios para qualquer prática balnear ou até mesmo para o desporto náutico.

Em relação à instalação de vários ramos da indústria pesada, em redor do Mar da Palha, destacam-se três grandes industrias: o Complexo do Barreiro (CUF, hoje Quimigal) que libertava diversos metais pesados (mercúrio, arsénio, zinco, cobre, cádmio, ferro e chumbo), a Siderurgia Nacional e a Lisnave, que contribuíram em grande parte para a degradação da área de estuário compreendida pelos Concelhos do Seixal, Almada e Barreiro. [5]

A Lisnave é possivelmente a indústria que mais contribuiu para o desaparecimento da ostra portuguesa, uma vez que na reparação naval eram utilizadas tintas TBT nos cascos das embarcações que tinham como objetivo o impedimento da incrustação de gastrópodes no casco. O uso deste tipo de tintas era altamente tóxico para os bivalves, provocando anomalias no desenvolvimento e originando alterações hormonais. Devido a estes fatores, os bancos de ostras ficaram praticamente reduzidos a zero na década de oitenta. Como consequência da poluição, deu-se a extinção da ostra portuguesa, e consequentemente, de todas as empresas que tinham como atividade económica a exploração dos bancos de ostras e consequentemente o abandono da Ilha.[5]

Em 2005, o engenheiro Ismael Duarte, compra a ilha por 100 mil euros. Em 2007 é colocada à venda por 350 milhões e em 2009 é leiloada por 260 mil euros em Odivelas a um anónimo que solicitou absoluto segredo. [5]

Erosão e Destruição da Ilha editar

A ilha hoje luta e teima em resistir à erosão provocada pelos catamarans. A erosão provocada pelas ondas do Catamaran constituem um sério riso à Ilha onde no espaço de cinco anos destruiu o areal e a casa do capataz .[5]

Ver também editar

Referências editar

  1. «Há uma ilha à venda no rio Tejo: tem vista para Lisboa e pode fazer lá a sua casa» 
  2. «Mais de 4,5 hectares de área total» 
  3. a b Silva, E. (1981). História do Concelho do Seixal. [S.l.]: Câmara Municipal do Seixal 
  4. a b VALENTE, Álvaro (1942). Daqui Fala Ribatejo. [S.l.: s.n.] 
  5. a b c d e Lima, Manuel (1992). Bivalves e Gastrópodes das praias do Seixal. [S.l.]: Câmara Municipal do Seixal