Arquipélago das Primeiras e Segundas

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O Arquipélago das Primeiras e Segundas é uma cadeia de 10 ilhas-barreira pouco habitadas e dois conjuntos de recifes de coral situados no Oceano Índico ao largo da costa de Moçambique e próximo da cidade costeira de Angoche. As ilhas constituem dois grupos ao longo do lado ocidental do Canal de Moçambique.

An old printed chart showing the channel between Madagascar and Mozambique
As ilhas Primeiras e Segundas no Canal de Moçambique perto de Angoche, c. 1500.

A descoberta do arquipélago pelos europeus ocorreu em 25 de fevereiro de 1498 durante a primeira expedição de Vasco da Gama à Índia.[1] As ilhas tornaram-se um importante ponto de paragem para as Armadas da Índia, que se viam frequentemente na necessidade de fazer reparações de emergência após dobrarem o Cabo da Boa Esperança.[2][3]

Descrição editar

As ilhas estão dispostas ao longo da plataforma continental africana. As cinco ilhas Segundas situam-se a norte, separadas das cinco ilhas Primeiras ao sul por uma extensão de mar aberto e recifes. As costas orientais das ilhas são orladas por recifes de coral, compostos sobretudo de corais moles, com corais duros nas suas extremidades sul. Entre as ilhas e o continente encontram-se leitos de ervas marinhas, que constituem um habitat importante para tartarugas-marinhas e dugongos. As ilhas meridionais abrigam a maior zona de nidificação da tartaruga-verde em Moçambique e a tartaruga-comum também usa estas praias. É também neste arquipélago que se encontra a maior população de dugongos do Oceano Índico ocidental.[4]

A vegetação destas ilhas baixas inclui mangues, ervas e matagais. As águas ao largo das suas costas, são mais conhecidas pela biodiversidade dos seus espectaculares recifes de coral, que sustentam uma importante pescaria.[5] Devido à falta de fontes confiáveis de água doce, a população humana das ilhas é escassa - sobretudo em apoio às operações de pesca.[4]

Esforços de conservação editar

A área está ameaçada pela pesca ilegal e impactos do turismo não autorizado. O abate dos mangues costeiros tem aumentado a erosão, com efeitos negativos na vida marinha. O arquipélago é atualmente foco de projetos conjuntos de conservação e desenvolvimento levados a cabo pela CARE e World Wildlife Fund em cooperação com o governo de Moçambique e ONG's locais. Os objetivos destes projetos são a preservação do ambiente e do sistema de recifes de coral circundante, restaurar as pescarias, proteger as áreas de reprodução da andorinha-do-mar-escura, dos dugongos e tartarugas-verdes, e criar melhores condições de vida para os habitantes da região.

Um dos propósitos dos projetos é a criação de uma área de 17 000 km² que será protegida como reserva marinha. Outro objetivo é aumentar a compreensão entre os habitantes locais sobre como as suas atividades afetam o ambiente mais amplo bem como as suas próprias segurança e prosperidade a longo prazo. A utilização de métodos mais sustentáveis na agricultura e pescas é também o foco do apoio educativo às comunidades locais.[6][7][8]

Referências

  1. Peres, Damião. 1960. A History of the Portuguese Discoveries. Comissão Executiva das Comemorações do Quinto Centenário da Morte do Infante D. Henrique, p. 111.
  2. McClymont, James Roxbury. 1914. Pedraluarez Cabral (Pedro Alluarez de Gouvea): his progenitors, his life and his voyage to America and India. London: Strangeways & Sons, pp. 26–27.
  3. Greenlee, William Brooks. 1995. The Voyage of Pedro Álvares Cabral to Brazil and India. New Delhi: Asian Educational Services, p. xxi. ISBN 8120610407
  4. a b Rodrigues, M.J.; Motta, H.; Whittington, M.W.; Schleyer, M. 2000. "Coral Reefs of Mozambique" in McClanahan, T. R.; Charles R. C. Sheppard; David O. Obura; eds. Coral Reefs of the Indian Ocean: Their Ecology and Conservation. New York, New York: Oxford University Press, pp. ISBN 0-19-512596-7
  5. Schwartz, Maurice L. 2005. Encyclopedia of Coastal Science. Dordrecht, The Netherlands: Springer, p. 663. ISBN 978-1-4020-1903-6
  6. Fitzpatrick, Mary. 2007. Mozambique. Footscray, Victoria Australia: Lonely Planet, p. 41. ISBN 978-1-7405-9188-1
  7. «WWF Projects – The Primeiras and Segundas Archipelago». World Wildlife Fund. Consultado em 10 de setembro de 2010 
  8. «CARE-WWF Pimeiras e Segundas». CARE-US. Consultado em 10 de setembro de 2010