Inside the Dark Web

Inside the Dark Web[2] é um documentário produzido pela série Horizon, da BBC, sobre o universo da Dark Web, que pode ser definida como a porção da Deep web que é intencionalmente inacessível pelos browsers padrão da Internet.[3] O documentário mostra que, após principalmente as declarações de Edward Snowden acerca da coleta de dados pessoais através da internet, a questão da vigilância e falta de privacidade na web tem se tornado um assunto polêmico. São apresentados, então, hackers e cientistas (como Julian Assange e Tim Berners-Lee), que têm lutado para usar a tecnologia contra a vigilância na web.

Inside the Dark Web[1]
 Reino Unido
2014 •  cor •  59 min 
Gênero documentário
Direção Michael Radford
Produção Michael Radford
Zoe Heron
Libby Hand
Elenco Amanda Drew
Reem Al Assil
Julia Angwin
Jacob Appelbaum
Julian Assange
Tim Berners-Lee
David Chaum
Steve Crocker
Alex Hawkinson
Jon Iadonisi
Eugene Kaspersky
Rick Lamb
Troels Oerting
Thomas Olofsson
Bruce Schneier
Edward Snowden
Paul Syverson
Peter Todd
Joss Wright
Courtney Warner
Cameron Winklevoss
Tyler Winklevoss
Edição Steve Crabtree
Francis Robertson
Lançamento Reino Unido 03 de Setembro de 2014
Escócia 04 de Setembro de 2014
Idioma inglês

O filme também aborda uma questão controversa: ao prover privacidade na internet, se está, também, contribuindo para a impunidade de crimes e cybercrimes. A partir de ferramentas como Bitcoin, por exemplo, é possível comprar anonimamente desde armas e drogas até detalhes de cartões de crédito.[2] O documentário discursa sobre a segurança pública, então, que é comprometida pela privacidade. Também faz uma reflexão acerca do quanto a sociedade está disposta a compartilhar informações pessoais com estranhos, se isso for necessário para evitar ações ilegais na internet por pessoas mal intencionadas.

O filme recebeu nota 7,4 no IMDb[1] (Fevereiro de 2015).

Enredo editar

O filme começa com uma introdução sobre o tema (privacidade e vigilância na internet) e mostra que, com o advento da Bitcoin, por exemplo, o mercado negro tem se fortalecido, o que leva o governo a querer limitar o que pode ou não ser visto e publicado. É apresentado, então, uma casa conectada que usa o conceito de Internet das Coisas e é mostrado que o usuário entrega todas as suas informações extremamente pessoais (como horário de acordar, hábitos do cotidiano) a alguma empresa e confia que essas informações se mantenham privadas.

O filme, então, expõe a fragilidade do anonimato na internet mostrando o GCHQ, serviço de inteligência britânico, que possui estações de vigilância da rede cabeada da internet, onde captura e analisa os dados passados.[4] É dito que qualquer tipo de dados (como e-mails, websites, downloads BitTorrent) pode ser visto com facilidade a partir da transmissão por fibra óptica. A razão apresentada no filme é que o sinal (contendo os dados) se torna fraco após uma determinada distância e, assim, necessita ser repetido, o que cria um ponto fraco para a observação. Documentos revelados por Edward Snowden mostraram que essa técnica é utilizada pelo projeto do GCHQ para vigilar a informação que passa pelos cabos.[5]

Em seguida, Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web, comenta que o controle que os governos têm das informações pessoais dos cidadãos provoca a necessidade de uma mudança de filosofia por parte destes, cujos dados estão sendo analisados por programas. Esses programas, segundo ele, têm a capacidade de analisar grandes quantidades de dados e dizer quais são as pessoas que devem ser investigadas mais a fundo.

Posteriormente, é mostrado que não só o governo tem a capacidade de vigilar informações pessoais. Julia Angwin, pesquisadora técnica, investigou o quanto empresas de tecnologia rastreiam diariamente o comportamento das pessoas.[6] Ela afirma que algumas empresas instalam aplicações invisíveis ao usuário que rastreiam tudo o que este pesquisa, compra e visualiza na internet. Existe, então, um mercado que vende e compra esses dados coletados. Também é mostrado por Angwin que a localização das pessoas é facilmente obtida por empresas como Google e Apple simplesmente pelo fato de deixar o sensor Wi-Fi ligado: elas sabem qual é a rede mais próxima a cada lugar e, assim, conseguem uma localização às vezes mais precisa que o GPS.[7] Bruce Schneier, criptógrafo, comenta que as pessoas têm se tornado o produto por empresas como o Facebook, que usam os dados do usuário para oferecer anúncios personalizados.

Após isso, David Chaum, cientista da computação, é mencionado pelo fato de mostrar, nos anos 70, preocupações com a análise de tráfego que seriam somente concretizadas vinte anos depois. Ele relatou a importância de criptografar não só as mensagens, mas também as informações de destinatário e horário dessas mensagens, ou seja, dar anonimidade a todos os usuários e, com isso, criar uma rede segura.

Com essa preocupação em dar à internet segurança e anonimato, surgiu a rede Tor. Com esse software (que é software livre e de código aberto), que encripta as mensagens em várias camadas, é possível usar a internet de maneira anônima, sem que se possa ser identificado. É mostrado o exemplo da Síria, onde esse software foi muito utilizado, exibindo a ativista Reem Al Assil,[8] comentando que a polícia síria a prendeu e a intimidou afirmando saber que ela tinha ligação com grupos opostos ao governo. Porém, por ser anônima utilizando o Tor, ela soube que a polícia não teria como ter provas dessas informações. Em seguida, Julian Assange, o porta-voz da Wikileaks, comenta que a liberação de documentos privados do governo dos EUA por Chelsea Manning foi feita utilizando o Tor.

Posteriormente, o filme retrata a problemática do Bitcoin, dinheiro virtual independente da existência de bancos, controlado puramente por um algoritmo. A parte controversa é que as transações de bitcoins são difíceis de ser rastreadas, o que incentivou o crescimento do mercado negro que vende itens como drogas e armas, o que levou o governo a tentar coibir o uso da moeda. O argumento usado é de que o anonimato (criado pelo Bitcoin ou Tor, por exemplo) favorece o crime.

Em seguida, Edward Snowden comenta a importância da encriptação do conteúdo na internet, mas afirma que infelizmente essa ainda não é uma realidade para o usuário comum, pois ainda é complicado utilizar criptografia. A aposta no futuro é que sejam implementados sistemas que facilitem o anonimato para criar uma rede à prova da vigilância e controle. O filme termina com uma reflexão sobre os limites da privacidade que estão sendo definidos para toda a nossa geração.

Referências

  1. a b «Página do IMDb - Inside The Dark Web». Consultado em 24 de Fevereiro de 2015 
  2. a b «Site oficial». Consultado em 24 de Fevereiro de 2015 
  3. «Clearing Up Confusion - Deep Web vs. Dark Web». Consultado em 24 de Fevereiro de 2015 
  4. «The Telegraph - Britain has secret listening station in Middle East». Consultado em 25 de Fevereiro de 2015 
  5. «The Guardian - GCHQ taps fibre-optic cables for secret access to world's communications». Consultado em 25 de Fevereiro de 2015 
  6. «Julia Angwin». Consultado em 25 de Fevereiro de 2015 
  7. «Washington Post - How stores use your phone's WiFi to track your shopping habits». Consultado em 26 de Fevereiro de 2015 
  8. «Ativista da Síria Reem Al Assil». Consultado em 26 de Fevereiro de 2015