Internet em Cuba

Uso da internet em Cuba

A Internet em Cuba foi introduzida em 1996. Cuba é um dos países socialistas do mundo, e está sob embargo económico estadunidense há mais de cinquenta anos. Como consequência do embargo, a mobilidade cubana e os recursos para avanços de infraestrutura, como a internet, são restringidos.[1] A internet em Cuba segue um paradigma semelhante aos outros países do sul global, onde a ligação é primariamente móvel.[2] Em 2016, 62% da população tinha telemóveis, 93% dos quais smartphones, e a ligação à internet dá-se de múltiplas maneiras. Entre as adaptações a esta encontram-se hotspots de Wi-Fi garantidos pelo governo, grátis ou pagos, e ligações ilegalmente fornecidas.[1]

A internet entrou em Cuba em 1996 via satélite, numa escolha de infraestrutura que perdurou. O governo cubano abraçou as tecnologias informáticas, e, com a adoção da internet, teve preocupações sobre o seu uso para subversão ideológica.[3] No início da década de 2010 a velocidade e o acesso à internet melhorou, fruto de uma parceria entre Cuba e Venezuela para construir um cabo submarino de fibra ótica.[3]

O acesso à internet em Cuba dá-se frequentemente através de pontos de acesso sem fios, com pagamento por hora, o que faz com que a conectividade no país seja móvel, comunitária, e baseada na localização ou tethered. A Empiresa de Telecommunicationes de Cuba S.A. (Etecsa), a empresa de telecomunicações dirigida pelo Estado, tem feito esforços consideráveis para aumentar a acessibilidade da conectividade nas habitações, e também implementou, em 2017, 240 hotspots de acesso público ao redor do país.[4] Apesar deste aumento, em 2017, a conectividade nas habitações não é comum, e o acesso dá-se principalmente através de cibercafés ou através de computadores escolares, ou do trabalho.[4] Há também um mercado negro de acesso à internet, que não é regulamentado, uma das outras formas de ligação à internet em Cuba, como, por exemplo, pagando a "um empresário engenhoso que fornece um código de acesso a um hotspot sem fios".[4]

História editar

Em relação a outros países, o acesso à Internet foi muito atrasado devido à falta de financiamento e o longo embargo comercial dos EUA, além de preocupações do governo com o fluxo de informações.[5] Até 2011 as conexões se davam através de satélite, levando o custo a ser alto.[6] Cerca de 30% da população (3 milhões de usuários, 79º no mundo) tinha acesso à internet em 2012.[7] Além dos cibercafés estatais já existentes, 35 hotspots wi-fi foram instalados nas praças públicas da ilha em 2015.[8] Em 2018 haviam aproximadamente 500 hotspots configurados em locais públicos.[9]

Em 2011 o custo médio de uma hora de conexão em cybercafé é de cerca de US$1,50 para a rede nacional e US$4,50 para a rede internacional, enquanto o salário médio mensal é de US$20.[6] Propriedade privada de um computador ou telefone celular requeria uma permissão governamental difícil de obter até 2008.[10] Devido à largura de banda limitada, autoridades dão preferência para uso a partir de locais onde o acesso à Internet é coletivo, como nos locais de trabalho, escolas e centros de pesquisa, onde muitas pessoas têm acesso aos mesmos computadores ou rede.[11]

Segundo o Repórteres sem Fronteiras, havia um mercado negro composto de ex-funcionários do governo receberam autorização para ter acesso à Internet. Estes indivíduos vendiam ou alugavam os seus nomes de usuário e senhas para os cidadãos que querem ter acesso.[6][12]

Alguns regulamentos dos EUA foram modificados para incentivar os links de comunicação com Cuba.[13] Em 2009, o Presidente Obama anunciou que os Estados Unidos iriam permitir que empresas estadunidenses oferecessem serviços de Internet para Cuba, no entanto, o governo Cubano recusou a oferta e em vez disso, está trabalhando com o governo Venezuelano.[14]

Um novo link submarino de fibra óptica para a Venezuela (ALBA-1) foi agendado para 2011 e previsto para ter 1600 km.[15][16] Em fevereiro daquele ano, o cabo de fibra óptica ligando Cuba, Jamaica e Venezuela chegou, e era esperado que fornecesse velocidades de download de até 3.000 vezes mais rápido do que antes.[17] Em maio de 2012, houve relatos de que o cabo estava operacional, mas com uso restrito para entidades governamentais cubanas e venezuelanas.[18] O acesso a internet pelo público em geral utiliza ainda os mais lentos e mais caros links de satélite,[19] até janeiro de 2013, quando a velocidade média de Internet aumentou, o preço diminuiu e o acesso passou a ser disponibilizado em hotéis, praças e alguns pontos turísticos.

No início de 2016, ETEC S. A. iniciou um programa piloto para o serviço de Internet banda larga em residências cubanas, com vista a prover serviços de Internet banda larga em residências particulares.[20]

Referências

  1. a b Grandinetti et al. 2018, p. 2.
  2. Grandinetti et al. 2018, p. 3.
  3. a b Grandinetti et al. 2018, pp. 3-4.
  4. a b c Grandinetti et al. 2018, p. 4.
  5. «Estatal de Cuba anuncia que começará a fornecer internet para celular». G1. 5 de dezembro de 2018. Consultado em 25 de setembro de 2019 
  6. a b c "Internet Enemies: Cuba" Arquivado em 17 de maio de 2011, no Wayback Machine., Reporters Without Borders, March 2011
  7. "Percentage of Individuals using the Internet 2000-2012", International Telecommunications Union (Geneva), June 2013, retrieved 22 June 2013
  8. Reuters (18 de junho de 2015). «Cuba to offer Wi-Fi at 35 public spaces for the first time». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 
  9. «Cubans to gain access to mobile internet in 2018 - Xinhua English.news.cn». www.xinhuanet.com. Consultado em 6 de janeiro de 2018 
  10. "Changes in Cuba: From Fidel to Raul Castro", Perceptions of Cuba: Canadian and American policies in comparative perspective, Lana Wylie, University of Toronto Press Incorporated, 2010, p. 114, ISBN 978-1-4426-4061-0
  11. «Cuba to keep internet limits». Agence France-Presse (AFP). 9 Fevereiro 2009 
  12. «Havana Internet cafes». Havana Guide. Consultado em 7 Novembro de 2011. Cópia arquivada em 18 de novembro de 2020 
  13. The state of the Internet in Cuba, January 2011, Larry Press, Professor of Information Systems at California State University, January 2011
  14. «Wired, at last». The Economist. 3 Março 2011 
  15. Undersea cable to bring fast internet to Cuba (em inglês), The Telegraph (UK), 24 Janeiro 2011 
  16. Andrea Rodriguez (9 Fevereiro 2011), Fiber-Optic Communications Cable Arrives In Cuba, Huffington Post 
  17. Marc Frank; Kevin Gray; Eric Walsh (7 Julho 2011). «Cuban cellphones hit 1 million, Net access lags». Reuters. Consultado em 6 Novembro 2011 
  18. Biddle, Ellery Roberts (19 Novembro 2010). «Cuba: Fiber Optic Cable May Not Bring Greater Internet Access». Global Voices. Consultado em 6 Novembro 2011 
  19. "Fiber-optic cable benefiting only Cuban government", Miami Herald, 25 May 2012
  20. http://bigstory.ap.org/article/8d87e43964ab46d197289b257fbd3ff9/cuba-announces-it-will-launch-broadband-home-internet

Bibliografia editar

  • Grandinetti, Justin; Eszenyi, Marie (2018). «La revolución digital: mobile media use in contemporary Cuba». Routledge. Information, Communication & Society. 21 (6): 866-881. doi:10.1080/1369118X.2018.1437202 

Ler mais editar

Ligações externas editar