Itô Noe

Anarquista japonesa
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Itô Noe foi uma anarquista japonesa.

Itô Noe
Itô Noe
Nascimento 21 de janeiro de 1895
Fukuoka
Morte 16 de setembro de 1923
Tóquio
Cidadania Japão
Cônjuge Jun Tsuji
Ocupação escritora, crítico social

Primeiros anos editar

Nascida em uma família pobre da classe operária em Fukuoka na Ilha de Kiyushu, Itô Noe se mudou para Tóquio em 1909, após concluir o ensino básico. Morando junto com um tio e estudando em um colégio feminino, desenvolveu a personalidade forte que a levou a desafiar os costumes convencionais da época.

Em Agosto de 1911, ela abandonou o marido e o casamento arranjado pela sua família após oito dias de matrimônio, indo morar com um ex-professor, Jun Tsuji, em Tóquio. Como se não bastasse, Noe fez questão de publicar cartas enviadas ao seu primo, onde ela discutia as razões do abandono do casamento no jornal Seitô em março de 1914.

Maternidade e aborto editar

Por acreditar que o início da vida se dava na forma embrionária, aos vinte e oito anos, Itô Noe já era mãe de sete filhos, dois com Jun Tsuji, a quem abandonara por conflitos ideológicos e políticos por causa de sua crescente tendência ao anarquismo, cinco com Ôsugi Sakae um proeminente anarquista com quem começara a viver em 1916. Também contestou publicamente Yaeko Nogami, escritora e defensora do aborto, na edição de Junho de 1915 da revista Seitô.

Engajamento editar

Em 1912, Itô Noe ingressou no seitôsha, um grupo fundado por Raichô Hiratsuka (1886-1971), que publicava o jornal Seitô com a intenção de assegurar às mulheres escritoras um veículo onde elas pudessem expressar suas ideias livres da censura tradicionalista.

Na edição de Janeiro de 1913, Itô Noe publicou o ensaio "O Novo Caminho Feminino", inspirada pelos trabalhos de Emma Goldman "A Tragédia da Emancipação Feminina" e "Maiorias x Minorias". Além disso, Itô traduziu os ensaios de Emma e também de Ellen Key, "Amor e Casamento".

Em Janeiro de 1915, aos vinte anos de idade, Itô Noe assumiu o cargo de editora da revista Seitô com o lema "sem regras, sem censura, sem princípios nem defesas de causas".

Itô Noe também era participante ativa da Sociedade Onda Vermelha, organização socialista feminina. Também denunciou a agressão sofrida pelos membros da organização por parte da polícia quando participavam da parada do 1 de Maio de 1921, no Rodô Undô, publicado por ela e por Sakae Ôsugi.

Polêmicas editar

Itô Noe também contestou o ensaio "Mulheres Japonesas em uma Era de Reformas", do professor Jiro Shimoda, a educadora Utako Shimoda, professora de uma das instituições femininas de ensino mais elitistas e líder conservadora feminina e Kikue Aoyama (Kikue Yamakawa) uma proeminente líder reformista socialista com relação à prostituição.

Itô também criticou as mulheres de classe alta que militavam em organizações sociais, segundo ela apenas buscando fama, reconhecimento e por vaidades pessoais.

Perseguição e morte editar

Quando Itô e Ôsugi foram morar juntos, passaram a ser identificados pela polícia como radicais anarquistas. Considerados perigosos, eram constantemente vigiados e foram detidos repetidas vezes. Em Abril de 1923, ela publicou um ensaio onde justificava a sua conversão ao anarquismo no Jornal Jyosei Kaizô.

Alguns meses depois, em Setembro de 1923, logo após o grande sismo de Kantō, que arrasou Tóquio, Itô e Osugi resolveram visitar uma irmã e um irmão deste. Quando retornavam, acompanhados do sobrinho de seis anos, nascido em Portland e com cidadania americana, foram detidos, espancados e estrangulados pela polícia, jogados em uma vala e cobertos com tijolos.

As autoridades japonesas tentaram abafar o caso, mas como o menino era cidadão americano, a embaixada americana protestou contra o crime e o capitão que comandou a operação foi condenado a dez anos de prisão.

Após ter cumprido apenas três anos de prisão, foi solto e serviu nas tropas de ocupação do Exército Imperial na Manchúria.

Referências

Bibliografia editar

  • Hane, Mikiso. (1982) Peasants, Rebels,Women and Outcasts - Rowman &Littlefield Inc.