Júlia Mendes Pereira
Júlia Mendes Pereira (Lisboa, 8 de maio de 1990) é uma política e ativista trans. Em 2014, tornou-se a primeira mulher trans dirigente de um partido político em Portugal,[1][2] ao ser eleita para a Mesa Nacional do Bloco de Esquerda.[3]
Júlia Mendes Pereira | |
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Dirigente do Bloco de Esquerda | |
Período | 2014 a atualidade |
Dados pessoais | |
Nascimento | 8 de abril de 1990 Lisboa, Portugal |
Ocupação | Política Ativista |
Vida pessoal editar
Júlia Mendes Pereira nasceu em Lisboa, Portugal. Júlia viveu durante a maior parte de sua juventude em Lisboa e Vale do Tejo, incluindo em Sesimbra. Licenciada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é estudante de mestrado na Universidade de Lisboa, na área de Estudos Portugueses e Brasileiros.[4] Em 2011, aos 21 anos, Júlia foi a primeira pessoa trans a conseguir os documentos corrigidos na conservatória do registo civil de Lisboa,[5] através da lei da identidade de género.
Percurso político editar
Júlia Mendes Pereira tornou-se, em 2009, coordenadora do GRIT - Grupo de Reflexão e Intervenção Trans,[6][7] sendo ouvida na Assembleia da República, no âmbito da futura Lei 7/2011, de 15 de março. Em 2011 tornou-se a primeira pessoa trans a integrar uma direção da ILGA Portugal.[8] Em 2014 foi eleita para um primeiro mandato (2014-2016) no comité dirigente da TGEU - Transgender Europe[9] e, no mesmo ano, foi eleita para a Comissão Coordenadora Distrital de Setúbal do Bloco de Esquerda.[10] Ainda em 2014, integrou a lista de Pedro Filipe Soares, na IX Convenção do Bloco de Esquerda, sendo eleita para a Mesa Nacional do partido,[3] tornando-se a primeira pessoa trans dirigente de um partido político em Portugal,[1][2] sendo reeleita em 2016. Em maio de 2015, enquanto dirigente partidária, interviu e organizou, com o deputado José Soeiro, uma audição parlamentar sobre o reconhecimento e os direitos das pessoas trans e intersexo.[11] Nas Eleições legislativas portuguesas de 2015, candidatou-se à Assembleia da República, pelo Círculo Eleitoral de Setúbal, tornando-se a primeira pessoa trans a disputar este tipo de eleições.[12][13][14][15]
Em 2016, Júlia Mendes Pereira liderou a campanha por uma nova lei de identidade de género, baseada no direito à autodeterminação de género e na despatologização, tendo como mote o décimo aniversário de morte de Gisberta Salce Júnior.[16][17][18] Em janeiro de 2018, Júlia foi ouvida na Subcomissão para a Igualdade e Não-Discriminação,[19][20] sobre a futura Lei 38/2018, de 7 de agosto. Após a aprovação da Lei pelo parlamento, Júlia deu a sua cara para a campanha #DireitoASer, veiculada pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG). Em 2019, retornou à Transgender Europe como membro de uma direção interina.[9]
A 7 de julho de 2021, Júlia concedeu uma entrevista ao programa Dois às 10, da TVI, sobre o seu percurso político.[21] Nesta ocasião, Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, deixou-lhe uma mensagem, afirmando: "A Júlia é uma mulher corajosa [...] e estas mulheres corajosas são fundamentais neste nosso caminho por um país um pouco mais justo, e pela igualdade de todas, todas as mulheres!".[22]
Referências
- ↑ a b «Júlia, a primeira transexual dirigente de um partido português: "O medo de ser assassinada acompanha-me"». Jornal Expresso. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ a b «Júlia é a primeira mulher transgénero dirigente de um partido português». Dois às 10. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ a b bloco.org. «Bloco de Esquerda - Mesa Nacional e Comissão de Direitos eleitas na IX Convenção». www.bloco.org. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ «Oradores Principais». V Congresso Internacional em Estudos Culturais. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ «Júlia Mendes Pereira». CIG. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ «Pessoas trans e intersexo: quem nos silencia?». Esquerda.net. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ «Júlia Mendes Pereira poderá vir a ser a primeira deputada transexual eleita em Portugal». dezanove.pt. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ «Paulo Côrte-Real reeleito Presidente da ILGA Portugal». dezanove.pt. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ a b «Previous Steering Committees». TGEU (em inglês). Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ «Bloco Esquerda – Eleita nova coordenadora distrital em Setúbal». Distrito Online. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ «Pessoas trans e intersexo foram ao Parlamento explicar por que é preciso mudar a lei portuguesa». dezanove.pt. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ «Bloco aposta em transexual para deputada». www.jn.pt. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ «Portugal pode tornar-se um dos primeiros países da Europa a ter uma deputada transexual». www.dn.pt. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ «Visão | Júlia Pereira, a transsexual candidata a deputada: 'É preciso batalhar pela nossa identidade'». Visão. 29 de julho de 2015. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ «A 'trans' que quer ser deputada». www.cmjornal.pt. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ 10 anos depois ergue-se no Porto um memorial pela Gisberta, consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ Rodrigues, Catarina Marques. «Gisberta, 10 anos depois: a diva transexual que acabou no fundo do poço». Observador. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ «A brasileira que virou símbolo LGBT e cujo assassinato levou a novas leis em Portugal». BBC News Brasil. 23 de fevereiro de 2016. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ AR TV. «Audição conjunta de diversas entidades sobre identidade e autodeterminação de género»
- ↑ «Activistas comentam no Parlamento propostas de "autodeterminação de género"». persona grata //. 9 de janeiro de 2018. Consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ Júlia Pereira é uma voz ativa contra a transfobia, consultado em 22 de julho de 2021
- ↑ Catarina Martins surpreende Júlia: «É uma mulher muito corajosa», consultado em 22 de julho de 2021