Júlio de Castilho

jornalista, poeta, escritor e político português
 Nota: Se procura o advogado, jornalista e político brasileiro, veja Júlio Prates de Castilhos.

Júlio de Castilho (Lisboa, 30 de Abril de 1840 — Lisboa, 8 de Fevereiro de 1919), segundo visconde de Castilho, foi um jornalista, poeta, escritor e político português, filho do escritor António Feliciano de Castilho. Distinguiu-se como olisipógrafo, publicando diversas obras sobre a cidade de Lisboa e juntando uma importante colecção pessoal de documentos sobre o tema, hoje depositada na Biblioteca Nacional de Lisboa.

Júlio de Castilho
Júlio de Castilho
Nascimento 30 de abril de 1840
Lisboa
Morte 8 de fevereiro de 1919 (78 anos)
Lisboa
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Progenitores
Alma mater
Ocupação jornalista, poeta, escritor, político
Título Visconde de Castilho
Júlio de Castilho na sua juventude.

Biografia editar

Filho do escritor António Feliciano de Castilho e de sua segunda mulher D. Ana Carlota Xavier Vidal de Castilho e irmão do militar e político Augusto de Castilho, concluiu na Universidade de Coimbra o Curso Superior de Letras, enveredando cedo pela vida literária e pelo jornalismo, publicando poesia e diversas obras de carácter histórico e bio-bibliográfico.

Foi primeiro-oficial da Biblioteca Nacional de Lisboa, desenvolvendo aí diversos trabalhos de investigação na área da bibliografia e da biografia.

Foi correspondente literário em Lisboa do Diário Oficial do Rio de Janeiro. As suas cartas saíam nos números dos domingos, tornando-se notáveis pela variedade e escolha dos assuntos científicos e literários, e pela elegância e elevação do estilo. Ainda na area do jornalismo, colaborou em diversas publicações periódicas, nomeadamente no Arquivo Pitoresco[1] (1857-1868), na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil[2] (1859-1865), Gazeta Literária do Porto[3] (1868), O Occidente[4] (1878-1915), Lisboa creche: jornal miniatura[5] (1884), Lusitânia[6] (1914) e A semana de Lisboa[7] (1893-1895).

As suas actividades como jornalista levaram-no a fazer uma passagem pela política, sendo nomeado governador civil da Horta em Outubro de 1877. Exerceu estas funções até Fevereiro de 1878, sendo exonerado devido à mudança de partido do Governo em Lisboa. No ano seguinte (1878) foi nomeado para o mesmo cargo, mas no distrito de Ponta Delgada, mas não chegou a tomar posse do lugar.

O título de visconde de Castilho foi-lhe concedido em verificação de vida no de seu pai, por decreto de 1 de Abril de 1873.

 
Busto de Júlio de Castilho, em Lisboa.

No ano de 1906 foi-lhe atribuída a tarefa de professor de História e de Literatura Portuguesa do Infante D. Luís. Foi também cônsul de Portugal em Zanzibar em Zanzibar.

Foi sócio efectivo da Associação dos Arquitectos e Arqueólogos Portugueses e sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, do Instituto de Coimbra, do Gabinete Português de Leitura de Pernambuco, do Instituto Vasco da Gama de Nova Goa e da Associação Literária Internacional de Paris.

Durante a sua passagem pelo Governo Civil da Horta foi feito sócio honorário do Grémio Literário Faialense e do Grémio Literário Artista da Horta.

Em 1920 a Empresa Diário de Noticias publicou a obra In memoriam: Júlio de Castilho[8] reunindo escritos de alguns dos seus amigos e admiradores.

Obras publicadas editar

Júlio de Castilho é autor de um vasto conjunto de obras, além de centenas de artigos dispersos pela imprensa da época. Eis alguns dos títulos mais representativos:

  • Estudo genealógico, biographico e litterario da familia Castilho, publicado no tomo III, da 2.ª edição das obras completas de seu pai.
  • Estudos sobre Camões, em 1863;
  • O senhor António Feliciano de Castilho e o senhor Anthero do Quental, Lisboa, 1865, 2.ª edição, 1866 (a propósito da questão do Bom senso e bom gosto);
  • Memórias dos vinte anos, fragmento, Lisboa, 1866 (a obra mereceu crítica favorável de Júlio César Machado e Jacinto Augusto de Freitas Oliveira, na Revolução de Setembro, de Novembro de 1867, e de Pinheiro Chagas, no Annuario do Archivo Pittoresco, do mesmo mês e ano);
  • Primeiros versos, Paris, 1867;
  • Antonio Ferreira, poeta quinhentista, estudos biographico litterarios, seguidos de excerptos do mesmo autor, Lisboa, 1875, 3 volumes;
  • D. Ignez de Castro, drama em 5 actos e em verso, Lisboa, 1875; seguido de notas históricas e de uma monografia acerca de Inês de Castro;
  • O ermiterio, collecção de versos, Lisboa, 1876;
  • Requerimento a sua magestade el-rei pedindo a abolição das touradas em Portugal, Lisboa, 1876 (apresentado em nome da Sociedade Protectora dos Animais);
  • Relatorio apresentado à Junta Geral do districto administrativo de Horta, pelo governador civil, visconde de Castilho, publicado em 1877;
  • Lisboa antiga (O Bairro Alto), Lisboa, 1879 (reeditado em 1903);
  • Lisboa antiga (Bairros orientaes), tomo I e II na Imprensa da Universidade de Coimbra, em 1884; tomos III e IV em 1885; tomo V, 1887; tomo VI, 1889; tomo VII, 1890;
  • Memorias de Castilho, tomo I (de 1800 a 1822); tomo II (de 1822 a 1831); 1881 (depois continuada no jornal O Instituto de Coimbra);
  • Os ultimos trinta annos, por César de Cantu, tradução, Lisboa, 1880;
  • Jesu Christo, por Luiz Veuillot, tradução, Paris, 1881;
  • O archipelago dos Açôres, Lisboa, 1886;
  • Ilhas Occidentaes do Archipelago Açoriano, Lisboa, 1886;
  • Manuelinas (cancioneiro), Lisboa, 1889;
  • Apontamentos para o elogio historico do Ill.mo e Ex.mo Sr. Iqnacio de Vilhena Barbosa, lidos na sessão solemne da Real Associação dos Architectos e Archeologos portuguezes em 10 de maio de 1891, Lisboa, 1891;
  • A ribeira de Lisboa, descrição histórica da margem do Tejo desde a Madre de Deus até Santos-o-Velho, Lisboa, 1893;
  • D. António da Costa, quadro biographico litterario, Lisboa, 1895;
  • O christianismo e o operariado, conferência na Associação Protectora dos Operários em 27 de Abril de 1897, Lisboa, 1897;
  • Elogio historico do arquitecto Joaquim Possidonio Narciso da Silva, proferido em sessão solemne da Real Associação dos Architectos e Archeologos portuguezes em 28 de Março de 1897, Lisboa, 1897;
  • A mocidade de Gil Vicente, o poeta, quadros da vida portugueza nos séculos XV e XVI, Lisboa, 1897;
  • Amores de Vieira Lusitano, Lisboa, 1901;
  • Os dois Plinios (Estudos da vida romana), Lisboa, 1906.

Ver também editar

Referências

Ligações externas editar