Jaime Tiago dos Santos (Lisboa, 1 de julho de 1909Lisboa 4 de julho de 1982), conhecido por Jaime Santos, foi um instrumentista e compositor português.[1]

Jaime Santos
Nascimento 1 de julho de 1909
Lisboa
Morte 4 de julho de 1982 (73 anos)
Cidadania Portugal
Ocupação cantor
Instrumento voz

Biografia editar

Jaime Santos nasceu, a 1 de Julho de 1909, na freguesia de Santa Engrácia, Alfama, Lisboa. Filho de gente humilde, a sua família revelara já algumas vocações musicais, entre elas a do avô materno, Manuel dos Santos (Manuel Jardineiro), que tocava guitarra e cantava o Fado.[1]

Aprendiz de marceneiro aos 12 anos de idade, já dava os primeiros passos na viola, bandolim e violino, em festas populares e sociedades recreativas. Dedicou-se mais à viola, acompanhando, entre outros, os guitarristas José Marques (Piscalareta), Fernando de Freitas, Gonçalves Dias e Bento Camacho. Iniciou a aprendizagem da guitarra portuguesa em segredo, tendo como referência entre outros, o grande guitarrista Armandinho, por quem tinha uma enorme admiração, e com o qual manteve uma saudável amizade.

É através de Georgino de Sousa, violista de Armandinho, que se inicia no fado em 1937 ou 1938, no Salão Artístico de Fados, no Parque Mayer integrando-o no seu conjunto de guitarras e violas. É Sousa que convence Santos a trocar a viola pela guitarra. Actua no Café dos Anjos, na Flor de São Paulo, no Café Luso (onde se estreia acompanhado pelo violista Miguel Ramos, e a substituir Casimiro Ramos em 1939/40), no Coliseu dos Recreios e no Teatro Maria Vitória, onde participa na peça O Rei dos Fadistas.[2]

No Retiro da Severa, actuou alternadamente com a famosa parelha Armandinho e Santos Moreira, estabelecendo-se então uma saudável rivalidade entre os dois guitarristas: o veterano Mestre e o jovem virtuoso. No entanto, isso não afectou a sua amizade com Armandinho, muito pelo contrário, chegando este ao ponto de considerar Jaime Santos como uma das maiores revelações da guitarra.

Em 1944, foi convidado a fazer parte do Conjunto Português de Guitarras, de Martinho da Assunção, de que também faziam parte António Couto (guitarra), Alberto Correia (baixo) e o próprio Martinho da Assunção (viola). Mais tarde, António Couto foi substituído por Francisco Carvalhinho, entrando também Fernando Potier (piano).

No início da carreira internacional de Amália Rodrigues (por volta de 1945), foi ele que a acompanhou em espectáculos por Portugal inteiro, Estados Unidos da América, México, e outros mais, até ao ano de 1955, tendo participado com ela, no filme "Fado, História de uma Cantadeira" (1947), de Perdigão Queiroga e na produção francesa,"Les Amants du Tage" (1955), de Henri Verneuil. Além disso, protagonizou ainda com Amália uma curta metragem de Augusto Fraga, que tomou como base para esse trabalho o famoso quadro do pintor José Malhoa dedicado ao Fado - naquele que pode ser considerado, em linguagem contemporânea, como o primeiro vídeoclip da história do Fado.

Jaime Santos foi um inspirado compositor de melodias de Fado e de guitarra, tendo trabalhado em conjunto com grandes nomes da poesia popular, tais como João Linhares Barbosa, Francisco Radamanto, Frederico de Brito e muitos outros. Alguns desses fados tornaram-se verdadeiros clássicos, interpretados por algumas das maiores vozes fadistas: Carlos Ramos, Fernanda Maria, Manuel de Almeida, Lucília do Carmo, Estela Alves, Fernanda Peres, Carlos do Carmo e a já citada Amália, entre muitas outras.

Deixa uma profícua discografia de instrumentais, quer em 78 rpm (com Alfredo Mendes), quer em LP (com José Maria Nóbrega, Francisco Perez, Joel Pina e Martinho da Assunção).

Foi o principal guitarrista de algumas das melhores casas de fado lisboetas: "A Toca" (de Carlos Ramos), " O Faia" (de Lucília do Carmo), "Lisboa à Noite" (de Fernanda Maria), "Adega Machado" (de Armando Machado), "A Tipóia" (de Adelina Ramos), "Adega Mesquita", "Luso", e tantas outras.

Alguns monstros sagrados da música internacional admiraram a sua arte como, por exemplo, o cubano Xavier Cugat, que o convidou para fazer parte da sua orquestra, e o lendário Louis Armstrong.

Atribui-se-lhe a invenção das "unhas postiças" para tocar guitarra, como alternativa às unhas naturais, por questões de resistência e sonoridade, tornando-se numa ferramenta indispensável a todos os guitarristas, até aos dias de hoje.[3]

A partir de 1963 começou a construir e a tocar os seus próprios instrumentos.

Jaime Santos faleceu a 4 de Julho de 1982 em Lisboa.[1]

Reconhecimento editar

A 29 de Maio de 1992, foi-lhe atribuída postumamente a Medalha de Mérito Cultural, pela Secretaria de Estado da Cultura. Na mesma ocasião também seria galardoado Joel Pina.[4][5]

Em 2008 o seu nome foi atribuído a uma rua em Lisboa.

Referências

  1. a b c «Personalidades: Jaime Santos». Lisboa: Museu do Fado. 28 de abril de 2008. Consultado em 22 de março de 2016 
  2. Tuna, Cátia Sofia Ferreira (4 de março de 2020). ««Não sei se canto se rezo»: ambivalências culturais e religiosas do fado (1926-1945)». Consultado em 2 de novembro de 2023 
  3. Cristo, Nuno. «The Portuguese Guitar: History and Transformation of an Instrument Associated with Fado». Consultado em 2 de novembro de 2023 
  4. «(Sem Diploma)». Diário da República 2.ª Série, N.º [140]. 20 de junho de 1992. p. 5605. Consultado em 22 de março de 2016 
  5. «Medalhas de Mérito Cultural» (PDF). Ministério da Cultura. Outubro de 2008. Consultado em 6 de julho de 2010. Arquivado do original (PDF) em 3 de agosto de 2010 

Ligações externas editar

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